Capítulo 6 - O Combate

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Antes mesmo que o Anjo do Dia concluísse sua frase, o Anjo da Noite arremeteu-se para cima dele em um voo ligeiro, lhe desferindo o primeiro golpe, do qual o Anjo do Dia se defendeu com a sua espada. O Anjo da Noite sequer esperou uma ofensiva, tamanha sua ira, aplicando seguidos golpes com a Cruentum nas asas e na cabeça do seu oponente. As faíscas que luziam do choque entre as espadas eram semelhantes a raios em noite de tempestade, e soavam como trovões.

O Anjo da Noite recuou, abriu as asas em direção ao Anjo do Dia, e lhe lançou pequenas flechas, rapidamente cortadas no ar pela espada inimiga.

— Obrigado por me lembrar do lugar de onde eu nunca deveria ter sido destituído. Minha espada terá o enorme prazer de atravessar seu corpo. Arrancarei cada palavra que proferiu contra mim de dentro do seu coração. — Disse o Anjo da Noite apontando sua espada em direção ao Anjo do Dia.

O Anjo do Dia olhou à sua volta e observou que, se continuassem a lutar acima das casas da favela, uma tragédia sem precedentes poderia acontecer. O Anjo da Noite estava descontrolado como nunca antes, e lembrá-lo que fora deposto de Anjo da Guarda do Todo Poderoso para um mero Anjo de Guarda de seres humanos, era muito humilhante para ele. Enquanto o Anjo da Noite se preparava para mais uma saraivada de ataques, o Anjo do Dia resolveu voar para longe dali.

— Está fugindo, seu covarde? Encare-me, não fuja como os outros! — O Anjo da Noite soltou uma gargalhada sombria ao ver seu oponente dando as costas ao combate e seguindo para a Baia de Guanabara.

O Anjo do Dia fechou as asas e mergulhou em um voo, para pegar mais velocidade, sobrevoando a Ponte Rio Niterói. Em alguns relances, olhava para trás para verificar se o Anjo da Noite o seguia. De repente, o Anjo do Dia sofreu um forte impacto em suas costas, que o lançou violentamente contra o asfalto da BR101, rachando a pista com o choque. Sua espada fora jogada longe, uma de suas asas ficou gravemente ferida e seu rosto, completamente dilacerado, começou a sangrar. O Anjo do Dia passou a mão na testa não acreditando que estava vendo seu próprio sangue, algo que nunca havia ocorrido até aquele instante. Tentou altear, mas, já não adiantava, o Anjo da Noite pousava a alguns metros, e mais do que depressa, alcançou sua espada.

— Doeu, seu covarde? — Perguntou caminhando furiosamente em direção ao indefeso Anjo do Dia. — Essa aqui agora é minha, o que mais tens a perder? — Provocou tomando em suas mãos a espada que não era sua. — Com qual delas prefere morrer, meu EX-AMIGO? — Ameaçou apontando as duas espadas em sua direção. — Com a sua, lhe arrancarei a cabeça; com a minha, o seu coração.

Na tentativa de se proteger, o Anjo do Dia estendeu as mãos para os céus, enquanto via o Anjo da Noite erguer voo para aplicar o último golpe, mas era tarde demais...

Nocte Angelus - Acertos de ContasOnde histórias criam vida. Descubra agora