Capítulo 5 - Velhos Amigos

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— Quanto tempo, Nocte Angelus! Da última vez que nos vimos, você conduzia uma mulher ao suicídio, e agora está aqui, aguçando o desejo de vingança desses pobres humanos. — Disse a figura de um segundo Anjo que descia dos céus.

— Angelus Diem... Tirou-me o gostinho na ocasião... A que devo a honra de ser interrompido novamente? Não seria o Anjo do Dia, meu amigo de longas datas, aquele que a essência é o Amor, me atrapalhando pela segunda vez em tão pouco tempo... Seria Vossa Realeza o Anjo de Guarda desse "pobre Menor"?

O clima de medo e terror intensificou-se ainda mais. Os soldados começaram a se afastar, aos poucos saindo um a um. A mãe permaneceu ajoelhada ao lado do filho baleado, com o Anjo do Dia consolando-a. Em outro canto, André parecia não acreditar no que via e ouvia. Nocte Angelus tinha tanta cólera em seu olhar que suas asas pingavam sangue. Angelus Diem ergueu-se como que se preparasse para um combate, e enquanto se elevava, pediu para que a mãe retirasse seu filho daquele poste e o conduzisse para o hospital mais próximo.

— Continuas o mesmo sarcástico de sempre... —- Proferiu Angelus Diem ao ouvir a criatura perversa desdenhar de sua presença. — André, retire-se! Sua pistola nada poderá fazer diante do que está prestes a acontecer. Saia logo, ou não poderei fazer nada para livrar sua vida das mãos de Nocte Angelus. — E continuou. — Hoje o Tribunal do Desenrolo será entre Anjos. — Disse apunhando sua espada.

Ao ouvir tal ordem, André viu o Anjo do Dia alçar os céus e correu, tropeçando pelo caminho até um dos becos mais próximos, temendo o pior ao esconder-se. O Anjo da Noite, de cabeça baixa, acompanhava apenas com o olhar tudo aquilo. Caminhou até a ponta do penhasco e contemplou algumas ossadas espelhadas ao longo do barranco.

— Sabes muito bem que não sou Anjo de Guarda de seres humanos. Estou aqui apenas cumprindo uma ordem, a de levá-lo até Raguel, aquele que vigia o comportamento dos Anjos, nosso General.

— Angelus Diem, meu velho amigo... Ainda não tive a oportunidade de lhe contar como cheguei até aqui, como consegui que minhas asas, que eram brancas como as suas, hoje gotejam sangue a cada momento em que aumentam o ódio e a ira dentro de mim. Mas este é um momento oportuno. Conforme fui vencendo... vencendo não, matando... cada Anjo, Arcanjo, homens guerreiros e qualquer criatura que se colocava em meu caminho, fui tomando o que mais tinham de valor para a minha coleção. Aos poucos, fui aprimorando minhas habilidades e aperfeiçoando meus poderes de persuasão com esses "pobres humanos", e, consequentemente, aumentando o meu respeito perante os "Anjinhos de Guarda". — Contou o Anjo da Noite, se aproximando do Anjo do Dia lentamente e lhe mostrando alguns objetos que apareciam como mágica. — Lembra-se dessa caneta dourada? Foi usada pela humana para escrever sua carta de despedida, mas você atrapalhou tudo. E olhe esse capacete... O arranquei da cabeça de um soldado na Primeira Guerra Mundial. Essa couraça dourada - um pouco arranhada, eu sei -, conquistei depois de um longo combate com um Anjo metido a forte. E esse escudo, esperei um Arcanjo deixá-lo cair no chão após eu ter fincado a minha lança em seu peito. Mas, hoje usarei algo especial para matá-lo. — O Anjo da Noite levou uma das mãos às costas e, vagarosamente, começou a puxar uma enorme espada, semelhante a uma pedra de rubi. — Conheça a minha espada: Cruentum Gladius! — E exibiu a linda e maléfica espada para o Anjo do Dia. — Com ela matei centenas de milhares de homens, Anjos e todo tipo de criatura que possa imaginar, mas nunca um Príncipe da Guarda Real, ela nunca sentiu o gosto do Sangue Real.

— Já terminou, Nocte Angelus? — O Anjo do Dia sabia ser tão sarcástico quanto ele. — Em primeiro lugar, eu não sou seu amigo. — Disse ainda pairando no ar. — Não estou aqui para um duelo, sabes muito bem qual é a minha missão. Em segundo lugar, é esplêndida a quantidade de objetos que conseguiu furtar durante todos esses anos. Para um Anjo que fez parte da Guarda Real, você se tornou um ladrão e tanto...

Nocte Angelus - Acertos de ContasOnde histórias criam vida. Descubra agora