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Athena

11 de Julho de 2016

O barulho do meu velho telemóvel ecoa na divisão da minha pequena casa e apresso-me a atender ao ver o nome mãe no pequeno ecrã.

"Olá mãe!" - Profiro calmamente enquanto me sento no sofá velho.

"Olá querida!" - A voz da minha mãe pronuncia-se.

A minha mãe é uma mulher tão trabalhadora faz de tudo para me ajudar a mim e ao meu irmão, Allan. Apesar de termos uma casa bastante pequena as dívidas parecem não parar de chegar e a mulher da minha vida tenta arranjar a todo o custo mais e mais trabalhos. Desde o falecimento do meu pai as dívidas só parecem aumentar. Eu adoraria conseguir ajudá-la mas com a minha tenra idade, 17 anos, ninguém me dá uma oportunidade com a desculpa de ser demasiado nova.

"Passa-se algo mãe? Você não costuma ligar quando está no trabalho!" - Interrompo a minha linha de pensamento e questiono-a preocupada.

"Eu estou bem Athena! Apenas precisava que tu viesses aqui em casa do meu patrão trazer-me a camisa que está ao lado do ferro de passar. Poderias fazer isso querida? As minhas pernas já não são o que eram e se fosse novamente a casa nem amanhã cá estaria!"

"Não se preocupe mãe! Eu levo-lhe a camisa. Posso saber porque não a pode levar amanhã e sim hoje?"

"Oh... É fácil o menino vai hoje a uma festa e quer a camisa passada." - Bufo frustradamente, eu nunca conheci esse tal menino mas ele irrita-me de uma maneira que ninguém consegue imaginar.

"Tudo bem mãe! Eu vou aí levá-la! Até já!"

"Até já querida!" - A minha mãe despede-se e dou por encerrada a ligação.

As minhas pernas caminham até junto da tábua de engomar e rapidamente dobro a camisa do riquinho e coloco-a dentro de um saco.

"Allan!" - Grito o seu nome e alguns instantes depois aparece na porta da sala.

"Diz!"

"Eu vou levar isto à mãe ficas sozinho ou vens comigo?"

"Eu fico!" - Allan encolhe os ombros desinteressado com o assunto. Porque todos os adolescentes preferem ficar em casa ao invés de saírem? Porque não poderiam ser como os adolescentes dos filmes, extrovertidos?

"Tudo bem, mas porta-te bem! Não faças asneiras ouviste?"

"Sim, eu apenas vou assaltar um banco, partir uma janela e acabar a noite na esquadra da polícia! Nada demais! Vai descansada!" - Allan ri e eu estreito os olhos.

"Adeus!" - Despeço-me e bato a porta de casa trancando-a logo de seguida.

Tenho cerca de 20 minutos de caminho pela frente. Se fosse um adolescente dito normal estaria a escutar música enquanto cantarolava baixo mas digamos que o lado esquerdo dos meus articulares queimou.

Penso por largos minutos sobre a possibilidade de ir à pastelaria comprar uma fatia de bolo para levar à minha mãe e depois de contar algumas moedas que se encontravam no bolso das calças, suspiro aliviada ao perceber que tenho dinheiro suficiente para o pagar. Corro apressadamente até a pastelaria da senhora Marie e de imediato saúdo-a quando a vejo do lado de dentro do balcão.

Athena | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora