23.

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2 de agosto

Athena

Abro lentamente os olhos com a pouca claridade que entra por entre as cortinas e observo rapidamente a cama ao lado. Vazia.

Harry ontem ficou realmente chateado e apenas me disse que estava cansado por isso iria dormir. A nossa maratona de Breaking Bad foi cancelada por culpa da minha curiosidade.

Ajeito-me na cama e verifico o telemóvel. 2 chamadas não atendidas da minha mãe e 1 mensagem do meu irmão.

Rapidamente clico no número da minha mãe e espero que ela atenda.

"Mãe, olá passou-se algo?" - pergunto apressadamente.

"Não, não! Apenas fiquei preocupada porque ontem nos avisaste que ias ligar antes de ires dormir e nada." - oh, com esta confusão toda esqueci-me.

"Desculpe mãe! A minha amiga ficou bastante triste com o fim do relacionamento e eu acabei por me esquecer de lhe ligar."

"Tudo bem querida. Apenas fiquei preocupada, não o faças novamente."

"Sim não se preocupe. Agora preciso de desligar sim? Cuide-se, beijinhos." - apreço-me a desligar quando Harry sai da casa de banho.

"Hey." - murmuro e Harry olha-me.

"Olá." - diz e volta o seu olhar para as roupas.

"Desculpa. Não tinha nada que mexer nas tuas coisas." - profiro e levanto-me caminhando até ele.

"Ainda bem que o sabes." - diz e veste uma camisola branca.

"Harry por favor! Eu estou a pedir-te desculpas, eu sei que não foi correto mexer nas tuas coisas mas eu achei que não houvesse problema, como tu me tinhas dito o código do teu telemóvel-"

"Athena não é o problema de confiar ou não! Eu confio em ti porra, óbvio que confio, apenas fiquei magoado por ter de voltar a mexer numa ferida do passado e de tu teres mexido nas minhas coisas sem autorização."

"Tens razão mas desculpa Harry! Eu estou tão arrependida."

"Tudo bem." - Harry encolhe os ombros mas sei que ainda está magoado comigo, por impulso aproximo-me rapidamente do seu corpo e abraço-o contra o meu.

"Por favor perdoa-me. Eu não quero que fique este clima estranho entre nós, tu tens toda a razão mas não devias guardar tudo para ti, isto está a fazer-te mal, devias deixar as pessoas aproximarem-se de ti." - profiro todas as palavras junto ao seu peito coberto por uma fina camisola.

"Eu deixei-te aproximar." - o rapaz de cabelo encaracolado fala num sussurro.

"Não o suficiente, não me contaste o teu segredo. Também não estou a pedir que o contes é uma decisão tua, tu resolves, mas talvez se conseguisses falar sobre esse assunto, conseguisses sentir-te um pouco mais livre, mais livre para te divertires, para amares."

"Tu não entendes, tudo o que aconteceu foi culpa minha mas principalmente do homem que eu considerava pai! Isto dói tanto eu sinto-me fraco quando fala deste assunto e eu não preciso de ser um falhado para os outros."

"Não digas isso." - digo calmamente.

Este rapaz esconde um interior tão bonito. Este rapaz que sorri, que adora fotografar, que adora os amigos, que adora desenhar, que adorava viver, está partido e eu sinto uma força maior a ajudar este rapaz quebrado a levantar-se das cinzas, tal como um fênix e renascer perante todos aqueles que o magoaram.

Athena | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora