1 - Passado

2.6K 143 115
                                    

Bom, nada na vida é duradouro. Pena que eu tive que descobrir isso da pior maneira possível, eu era jovem e me joguei de cabeça numa piscina com o fundo cheio de espinhos, eu já devia saber que um relacionamento relâmpago como aquele com um jogador de futebol não levaria a nada. E errei duas vezes, duas malditas vezes, o pior de tudo isso é que eu ainda amo Gerard Piqué e não sei como vou viver mais uma vez sem ele.

Uma boa estória não se deve começar assim, vamos do começo. Especificamente na semana em que conheci Gerard, eu era novo - bem novo, dez anos atrás para ser sincero...

Se não me engano foi em Janeiro de dois mil e quatro, dentro do campo do clube Manchester United, o último clube antes dele voltar e se fixar no Barcelona na Espanha, eu era goleiro na época e sonhava em seguir carreira também - e como todo jovem que almeja isso eu ia à luta todos os dias, a diferença é que eu seguia de carro com o meu pai que na época era o treinador do sub-dezenove para mais um dia de treino:

- Você precisa melhorar as suas defesas que vêm do fundo da grande área ou vão te cortar, tem mais dois rapazes querendo entrar... -  meu pai me assutava enquanto entrava no estacionamento do clube.

- Eu vou melhorar, sempre melhoro. - me defendi. Mau sabia eu que estava quase no meu limite, alisei a minha coxa esquerda.

- Está sentindo de novo? - perguntou meu pai notando o meu nervoso.

- Não, eu estou bem. - tirei a mão de cima de uma das minhas lesões e peguei a minha mala com a roupa de treino, toalha, chuteira, garrafa d'água e outra roupa para usar depois da ducha enquanto ele estacionava na vaga.

- Hoje aquele novo zagueiro vai ter o primeiro treino. - disse meu pai batendo a porta do carro e balançando a chave enquanto caminhava ao meu lado.

- Será que esse é bom? - caçoei, era difícil o Manchester ficar com um zagueiro por mais de duas semanas desde que o último teve que abandonar a carreira para ajudar a cuidar do pai que sofria de um câncer terminal e somente ele estava disposto a ficar com seu pai até ele morrer. A questão é que zagueiro nenhum entrou no nosso ritmo de jogo e acredito que esse novo vai ter o mesmo resultado que os outros.

- Esperamos que sim, - ele riu - vou por ele em poucos jogos e por enquanto um dos reservas ganhará a vaga titular.

- Espera aí - abri a porta da diretoria para ele e depois passei fechando-a. - Ele chegou para ter a titular?

O titular que falamos é quando o atleta é um dos jogadores principais que entram dentro de quadra para representar a escola.

- Por enquanto sim, veremos daqui a pouco se sim agora vá se trocar e me espere lá no campo. Vou pegar as anotações do último jogo contra o Manchester City.

- Tudo bem. - segui para o corredor a direita e passando por outra porta que dava direto para a área dos jogadores, mais a frente o vestiário.

Bom, o vestiário...  O local da minha tortura. Ninguém sabe sobre minha verdadeira opção sexual - e nem poderia saber pois desde essa época o mundo futebolista era e é regido por homens machistas e preconceituosos o que ocasionava medo entre todos os atletas homosexuais no mundo. Para ser simples na explicação o esquema era assim: se você for jogador de futebol e for homossexual não chega em times pequenos e muito menos em times grandes pois "suja" a reputação do clube, a dos colegas de trabalho, perde bilheteria e entre outros fatores... Logo você é cortado, o que resta para esses atletas é viver dentro do armário e sobreviver como podem. No escuro.

Ao abrir a porta do vestiário eu ouço o barulho das duchas e sinto uma ereção formar entre as minhas pernas, tenho uma tara imensurável pelo e por qualquer outro vestiário que entro, tento esconder colocando de lado o meu pênis dentro da cueca deixando apenas um leve relevo por cima da minha calça. Antes eu ficava muito nervoso com essas ereções involuntárias ao ouvir o barulho das duchas e ver aqueles corpos malhados e molhados andando de um lado para o outro sem a toalha, mas eu acabei aprendendo com o tempo a disfarçar ela e interagir com os meus colegas de trabalho, até porque eu não era o único a ter essa ereções dentro e fora do vestiário.

Apaixonado pelo Craque (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora