E tudo volta ao mesmo, aos tempos insuportáveis onde tudo que ouvimos é a palavra Emily. "A Emily viajou o mundo", "A Emily pregava uma partida a um estranho todos os dias", honestamente não entendo que encanto gira em torno da querida "Tia Emily" ou como a minha mãe gosta de lhe chamar, para mim será a querida "Estorvo Emily", e como se não fosse suficiente ter de fingir que consigo conciliar com ela terei de dividir o meu espaço, o único espaço intocável nesta casa, com ela.
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04:50, estou sentada com os pés apoiados na janela que dá ligação para a entrada do meu quarto, relaxada a ouvir a minha música que me eleva ao nirvana com a leveza do vento a integrar-se em mim, 04:50, a hora ideal para fazer o que desejar pela calada da noite, onde sou só eu e a escuridão. Por este momento já devem ter notado que nada do que faço se enquadra ao meu ceio familiar, mas o que vocês sabem sobre o assunto? Exato então deixem-me explicar.
Evan, o prodígio, o filho perfeito, o raio de sol de toda a família o meu único apoio é verdade, e talvez o segundo com mais segredos nesta casa, negros como a noite, mas que não podem ser já revelados.
Mãe, a querida Alison, amiga de todo o mundo, ahh, se vocês soubessem.
Pai, Elijah Ives, que a única coisa que me deu foi o seu cabelo negro para combinar com o que me rodeia, mas acreditem, não é metade culpa dele do que se passa por aqui.
E por fim eu como não podia faltar, Katherina Ives, a miúda que não fala com ninguém, que vos entende os segredos e medos só de olhar com intensidade. Afinal porque têm medo de uma miúda como eu? Por ter tentado cometer suicido, ou por ter estado entre a vida e a morte? Talvez para outro dia a "Estorvo Emily" acabou de acordar e esta a fitar-me como só eu sei fazer por isso, acabo o meu charro, fecho a janela, e deito-me tudo isto a fita-la de igual modo. Tenho a sensação que aquele olhar perdurou até o amanhecer.
