Capítulo 4

65 9 8
                                    

Entro em meu escritório falando com Gina ao telefone.

- Quero também todas as despesas e recibos dos últimos 30 dias. Preciso terminar o balanço deste mês. - tento me lembrar de algo mais. - Acho que isso é tudo. Se precisar, eu ligo.

Encontro T sentado em umas das cadeiras, com os pés em cima da minha mesa, comendo amendoins. Fuzilo-o com o olhar e sento em minha poltrona, ciente do protesto de meus músculos por conta da malhação que acabei de fazer.

- Sim, Senhora. - Gina responde em seu habitual tom sério e profissional.

Desligo o telefone e volto minha atenção para T que continua a jogar os amendoins para o alto e pegar com a boca.

- Tem um segundo para tirar os pés imundos de cima da minha mesa, ou eu mesma farei questão de cortá-los e dar de comer aos cães. - falo aborrecida.

Ele retira os pés e se ajeita na cadeira.

- Calma, chefinha. Eu heim, quanta agressividade. Isso aí é falta de sexo, viu? - joga mais um amendoim na boca - falando nisso, tenho notícias do bonitão.

- É o que espero. Já tem quase uma semana desde que mandei você segui-lo. - falo enquanto abro meu notebook para ver meus e-mails.

Quase uma semana e nenhuma notícia dele. Nenhum telefonema, nada. Aquele filho de uma chocadeira me deixou sozinha, excitada e frustrada no quarto.

Minha intenção era fode-lo, loucamente, como ele nunca havia sido, de forma que ele viesse atrás de mim em busca de mais. Mas ele simplesmente foi embora, levando meu plano por água abaixo.

- Hoje, à meia noite, ele vai receber um carregamento de armas no píer 47. - tiro minha atenção do computador e olho para ele - É coisa grande, uns 5 milhões de euros, mais ou menos.

Entendo onde ele quer chegar. É uma importante transação que envolve milhões, DeLuca vai querer estar presente para conferir tudo.

- Virá em seu Iate, " Signora Della Notte", e haverão dois caminhões esperando para transportarem a mercadoria. - continua.

Então DeLuca pretende dar uma festa e não me convida? Que falta de educação! De repente, um plano se forma em minha cabeça.

- T, você é demais. Vou te dar um aumento - elogio, mesmo sabendo que seu ego nunca precisou de um. - Como conseguiu tantos detalhes?

- Minha gata, você sabe com quem tá falando? - levanta e dá uma volta, malandramente. - Meu negócio não é bagunça.

Em sua exibição, ele, sem querer, derruba uma pequena e cara escultura abstrata da minha mesa. Ela cai e quebra em mil pedacinhos por todo o carpete.As expressões em seu rosto são hilárias. Rio quando ele se senta novamente, inconsolado.

- E lá se foi seu aumento. - digo, falsamente irritada.

Consulto o relógio, já passa de duas da tarde e ainda tenho alguns assuntos para resolver.

- Encontre-me 22:30 no píer, traga 10 dos seus melhores homens e deixe o resto comigo. - digo, o dispensando.

Olho para ele, que continua comendo seus amendoins cabisbaixo. Seu semblante é cômico. Limpo a garganta tentando chamar sua atenção.

- A porta é por ali - indico com a mão.

Ele levanta e segue em direção à porta. Acompanho-o, para ter certeza de que ele vai embora. Abro a porta para ele, que se vira de repente.

Lábios De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora