Capítulo 5

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- Sua reserva, por favor.  - O homem pergunta, todo sorridente, com um Ipad em mãos.

- Em nome de Pietro DeLuca. - repondo, simplesmente.

Ele dá uma rápida conferida em seu aparelho.

- Oh, sim. Ele já a aguarda. Por favor, siga-me.

Sigo o maitre por entre as mesas. O restaurante é elegante, com uma bela arquitetura que lembra o interior de um teatro, em tons pastéis e alguns detalhes em dourado - que ouso dizer que é ouro de verdade - como nas Igrejas barrocas. Uma leve e sedutora melodia de violoncelo preenche o ambiente.

Logo o avisto, em seu terno bem cortado que acentua cada músculo do enorme tronco, com uma taça de vinho na mão e aquela expressão quente de sempre. Permito-me apreciar sua elegância enquanto ando em sua direção. Sua postura é claramente confiante, de um homem perigoso e eu sou uma maldita pervertida por isso me excitar tanto. 

Então ele me vê, oferece um brinde de longe e leva sua taça à boca. Assim que chego à mesa, exatamente abaixo de um enorme lustre de cristal, DeLuca se levanta e vem até mim. O maitre faz menção de tirar meu casaco, mas DeLuca o impede. Ele se posiciona atrás de mim e, suavemente, retira meu casaco,  fazendo questão de tocar seus dedos pelos meus braços no percurso. Minha pele arrepia ao comando de seu toque.

- Está com frio? Eu posso colocar o casaco novamente, se quiser.

Ele fala em meu ouvido, ainda atrás de mim. Viro o rosto e vejo a provocação em seus olhos. Ele sabe as sensações que me causa. 

O maitre limpa a garganta, chamando nossa atenção.

- O garçom logo virá servi-los. - E sai, um pouco encabulado.

DeLuca puxa a cadeira para eu sentar e depois senta em sua própria. Ele passa a encarar-me, sem dizer uma palavra sequer, com aquele olhar tão... profundo. Ele me avalia toda, meus olhos, desce por minha boca rubra que neste momento está esmagada entre os dentes, e continua até o meu decote, enfeitado por um colar simples que desce por entre meus seios.

- Gosta do que vê, DeLuca? - levanto uma sobrancelha e sorrio.

- Está ainda mais bela do que da primeira vez. - diz e se ajeita mais descontraído em sua cadeira - Por isso, está perdoada pelo atraso.

Leva novamente sua taça à boca, nunca deixando seu olhar se afastar do meu.

- Entendo. Estava contando os minutos para me ver. - provoco.

O garçom chega e enche minha taça de vinho, com toda aquela pompa desnecessária.

- Seus pedidos estão quase prontos - diz e sai tão rápido quanto apareceu.

Olho para DeLuca interrogativamente. Eu não pedi nada. 

- Fiz o pedido, se não se importa. - ele diz, nem um pouco culpado.

Levo minha taça à boca e vejo, com divertimento, seus olhos seguirem o trajeto de meus lábios. Hum, é delicioso. Ótima safra. E, porque fez uma escolha tão boa de vinho, resolvo dar-lhe um voto de confiança com o jantar.

- Então, Eva, conte-me sobre você. - ele pede, nunca deixando aquela posição de predador.

- O que quer saber? - pergunto, curiosa.

- Sua idade. 

Rio de sua resposta. É inusitada e deselegante.

- Deveria saber que , após os vinte anos, uma mulher não revela mais sua idade. É muito indelicado de sua parte - fingo uma careta e ele sorri.

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