Capítulo 1

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Suada. É como me encontro agora. Gotas de suor escorrem pelo meu couro cabeludo, rosto e entre meus seios. T continua sua série de golpes, tão rápido que quase não posso me defender. Continuo com as mãos em frente ao rosto enquanto ele desfere socos em minhas luvas de Boxe. Sinto-me elétrica, é como se a adrenalina corresse por todo meu corpo. A sensação é ótima, cada célula dentro de mim parece estar acordada.

Ele tenta um chute, mas consigo me abaixar aproveitando o movimento para derrubá-lo com uma rasteira. Suas costas batem no chão com força.

- Ei! Isso não foi nada gentil - ele fala me encarando, e vejo o tom de desafio em sua voz.

- Eu nunca disse que seria gentil - sorrio e arqueio a sobrancelha direita, provocando enquanto ando ao seu redor. - Ou vai me dizer que esperava que eu pegasse leve com você.

Gina, que antes permanecia sentada no grande sofá do outro lado da academia com seu notebook, solta um riso baixo sem tirar os olhos da tela e continua escrevendo. Ela está adorando a situação. Todos os homens permanecem calados, esperando o desfecho da luta.

Olho para ele e vejo que seu orgulho foi ferido. Ele está com raiva, vai tentar me nocautear a qualquer custo e eu espero ansiosamente por isso. Vibro por dentro. Ele se prepara para o ataque e borboletas reviram meu estômago, como se eu estivesse em uma montanha russa, parada no topo, prestes a descer a qualquer momento.

- Dê tudo de si - digo.

E, então, ele vem. Tenta socar meu rosto mas eu capturo o golpe com as duas mão. Ele aproveita o movimento para acertar meu estômago com a mão livre. Uma. Duas. Três vezes. Estou sem ar. Inclino-me para frente com as mãos nos joelhos, esperando minha respiração voltar. Sinto algo quente escorrer pelo meu nariz.

Me levanto e o limpo com o braço, de forma grosseira, em seguida, olho para T que está rindo de mim. 

- Pronta para desistir, princesa?  

O sangue sobre para minha cabeça. Não falo nada, apenas corro em direção a ele, com o diabo nos olhos. Ele estava distraído, aproveito-me disso para acertar em cheio sua costela. Escuto seu gemido de dor, mas não paro. Sigo meus golpes sem me importar. 

Ele reage, virando-me de costas e prendendo meu pescoço no braço. Está me sufocando. Novamente, minha respiração se vai. Sinto que estou ficando vermelha. Instintivamente, piso em seu pé e, com toda força que eu tenho e dou uma cotovelada em sua costela, na parte que já estava machucada por meu golpes anteriores. Ele arfa e me solta imediatamente.

- Puta que pariu, Eva! 

Viro-me rapidamente e, como meu grand finale, seguro sua cabeça com as duas mão e trago-a de encontro a meu joelho. 

Solto-o e ouço o som abafado de seu corpo batendo no chão. Meus homens, que durante a luta permaneciam calados como crianças que assistem a seu desenho favorito, agora aplaudem.

Vou até T que ainda está no chão gemendo, agacho-me elegantemente e falo alto o suficiente para que apenas ele escute.

- A próxima vez que ousar questionar minha autoridade ou minhas habilidades de luta não será tão agradável como hoje. Está avisado. - dou dois tapinhas em seu rosto, levanto-me e saio, deixando que meus homens ajudem-no a se recompor.

T é meu chefe de segurança, cuida da segurança da casa, dos hotéis e dos galpões, além de ser um dos poucos amigos que tenho. E nas horas vagas é meu parceiro de luta. Não há ninguém mais confiável que Tom, nem mais convencido. Hoje, mais cedo, o encontrei batendo papo com três dos meus homens, se gabando do quão bom ele é.

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