Aquele primeiro domingo.

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É domingo, um daqueles domingos chatos onde o tempo fica em nublado ou com sol, onde não existe motivos pra acordar cedo, mas acordar tarde também faz ter a sensação de que seu dia foi desperdiçado.

Já assisti a três filmes e das sete vezes que me levantei, as seis foram pra comer alguma coisa.

Perco metade do meu tempo com filmes ruins, chocolate e livros de romance chatos que quase me fazem vomitar. Bem, talvez "o chato" seja eu.

Ah eu sei, essa vida é um verdadeiro saco.

É bem vazio pra dizer a verdade.

Porém não a consigo fazer nada a não ser isso. Ver series e ocupar o vazio com coisas vazias também. Comer meu tempo com coisas ruins. Um tempo que poderia ser bem gasto. So me falta a vontade.

Talvez mais tarde eu saia pra tomar alguma coisa. Uma cerveja em algum boteco de esquina. Ou eu tenha piedade de mim mesma e levante o meu rabo do sofá pra ir no mercadinho a duas esquinas daqui comprar um bom vinho. E um queijo. Mas só de imaginar que terei que descer dois lances de escada me dá ainda mais vontade de ficar deitada. E E é nessa hora que eu lembro de você. A duas semanas você bateria em minha porta. Com um bom queijo e um vinho barato ruim por que você tinha um péssimo gosto pra vinhos, ou pouco dinheiro. de qualquer jeito você nunca confessava nenhum dos dois. Eu te amei por isso também.
Você entraria sem pedir. Passaria pela minha portar como o dono da casa, sentaria no meu sofá e me perguntaria na maior cara de pau se eu ia querer ver o filme que você tinha trago.

- Você trouxe romance de novo?

- Aham, e alguma outra coisa ruim. Qualquer coisa que eu vi na locadora.

Eu iria da sua cara e o filme que a gente nunca ia terminar de ver ficaria rolando no DVD.

Você iria embora na segunda de manhã. Eu te daria o capacete e iria pedir, implorar pra você não correr.
"Você sabe como que é o asfalto daqui"

O beijo que eu te dou de partida e o mesmo que te dou quando você volta duas noite depois na quarta ..

Quase me estapeio. Não posso ficar pensando nessas coisas.
Resolvo por fim, me levantar e ter a dignidade de ir sozinha no mercadinho, abro a última gaveta do meu guarda roupa, aquela aonde você guardava suas coisas, aquelas que eu não consegui jogar fora, pego meu pior moletom no meio da bagunça, ajeito meu cabelo cabelo da melhor forma possível para alguém que estava a ponto de chorar e bato a porta do pequeno apartamento com tanta força que acho que posso quebrar.

Saio fazendo com que os pensamentos que eu tinha sobre você fique em casa.
Porque, por mais que eu queria que você apareça na porta da minha casa com o vinho ruim é um filme péssimo, isso não vai acontecer. Não há a remota possibilidade. E isso me aperta o coração.

Paro em uma loja de departamento e compro o que eu tenho de comprar. Acrescentando os cigarros que eu não consegui parar depois que você se foi.

Resolvo estacionar em algum lugar esquisito e remoto com gente que eu nunca vi na vida para que ninguém precise me ver chorar.

O final do meu domingo tem gosto de vinho, cigarro e queijo. Um gosto amargo de decepção com um pouco de um coração em pedaços no meio.

Aquelas Coisas Depois do TérminoOnde histórias criam vida. Descubra agora