O Castelo - VIII

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Loris nunca vira algo mais bonito do que o castelo de Porto Real, era gigantesco, com suas paredes de marmores a construção chamava muita atenção.

Por dentro as paredes também eram de marmore, o seu chão era de pedra perfeitamente batida, nos corredores nobres conversavam diante das janelas em forma de losangulo, criadas corriam de um lado para o outro, haviam centenas de quartos no castelo, um mais belo que o outro. Em cada corredor existia uma escadaria que levava a quartos e salas diferentes, Loris mal teve tempo de apreciar toda a beleza do castelo, o trabalho a chamava.

- Loris, venha comigo. Você irá servir vinho a rainha e suas damas de companhia. - Becca andava a passos largos, gesticulando para que Loris a seguisse.

Elas passaram por diferentes corredores até chegarem ao seu destino.

- Não diga nada, a Rainha tem uma má reputação pelo seu humor. - Avisou uma criada que caminhava junto a elas.

As três pararam sua caminhada diante de uma porta de madeira, a criada entregou a bandeja pra feiticeira e deu-lhe boa sorte.

A porta se abriu e Loris entrou timidamente com a bandeja, as mulheres que se encontravam lá pareceram não notar a presença de Lori. Todas ergueram suas taças para que Lori servisse o vinho.

As damas estavam sentadas em uma pequena mesa de madeira, a rainha Elizabeth estava de pé olhando atraves da janela.

- ...Eu me casaria com o papa, ele é um dos homens mais influentes de Meletron. - disse uma dama.

Elas usavam vestidos perfeitos de seda, a rainha usava um vestido muito semelhante do que usara no desfile, contudo, a cor era diferente, era de um azul claro com pequenas pedras de diamante presas ao tecido. O decote ainda chamava muita atenção.

- O papa não pode casar sua idiota, ele tem um juramento de castidade, ou sei lá o que. - Justificou uma dama de sobrancelhas avantajadas.

- Se eu fosse virar papa eu teria uma otima despedida de solteira, dormiria com diversos homens. - Disse uma jovem que parecia demasiadamente com a rainha. - Até o rei Viktor estaria sujeito á minha cama.

Loris ficou pasma com a coragem daquela garota, falar aquilo na frente da esposa do rei era completamente loucura.

- Clarissa, irmãzinha, todos nós sabemos que você quer dormir com o meu marido. - diz a rainha entediada. - Ele é todo seu.

As damas gargalharam docemente.

Loris sempre pensou que as nobres eram educadas e que não podiam ter esse tipo de conversa, ao que parecia estava errada.

A feiticeira fingia que limpava um pequeno armário para ouvir a conversa.

Clarissa deu um gole em seu vinho e disse:

- Eu sei! porque você está afim do....

- Calada! - gritaram as damas em conjunto. em seguida elas se viraram furiosas para Loris.

- Você já nos serviu, então porque continua aqui? - indagou a dama de sobrancelhas grossas.

- Você gosta de ouvir conversas? - gargalhou a rainha antes de dar um grande gole em seu vinho. - Mandarei cortar suas orelhas e darei para os cães no jantar!

- Acalme-se Beth, ela deve ser uma das novas criadas de Floren. - Disse Clarissa pacificando.

- Sim, eu sou. - Justificou-se Loris com a voz trêmula.

- Floren, a cidade das camponesas burras. - A dama de antes gargalhou solitaria.

Elizabeth queimou os olhos em sua dama de companhia.

A dama baixou a cabeça para seu calice de vinho e deu um pequeno gole tristonha.

- Os olhos delas são lindos, você poderia os arrancar também, Elizabeth. - A ideia da sobrancelhuda parecia ter sido admirada pela rainha que sorriu batendo palminhas.

- Se ela continuar como uma estatua nesta sala, eu o farei. - diz Elizabeth entredente.

- Me desculpe! - Loris correu para fora da sala e fechou a porta atrás de si. Do lado de fora, Ela pôde ouvir a gargalhada aguda das damas.

Ao se encontrar com Becca contou tudo que aconteceu, ela compreendeu e disse que a Rainha em breve iria se esquecer do que aconteceu.

- Tenho mais um serviço pra você.

*

Lori teria que servir uns nobres ao lado de fora do castelo. Já sabia como funciova, servir o vinho, e se retirar de fininho. Parecia facil.

- O vinho chegou, amigos. - Avisou um nobre que já parecia embreagado. Os homens ergueram suas taças para que Loris despejasse o vinho nelas, ela rapidamente o fez com eficacia.

Os homens estavam sentados sobre algumas cadeiras espalhadas pelo jardim, eles mostravam suas espadas uns aos outros e contavam suas historias de batalhas.

Lori já estava por sair de fininho daquele lugar quando uma mão a segurou com força.

- Lembra-se de mim? - Falou um homem no ouvido de Loris, ela se arrepiou de medo, não precisou se virar para saber quem era. Era o homem de armadura dourada. - Já está pronta para me contar como controlou aquele Selgen?

- Eu não sei do que você está falando! - Lori se virou e encarou o homem com fervorosidade.

- Tem certeza? Posso contar ao rei agora o que aconteceu, os guardas irão te revistar e tenho certeza que encontrarão,algo. - Ele olhou fixamente nos olhos de Loris. - Seus olhos são lindos, você sabia?

Lori ignorou o comentario e seguiu com sua desculpa:

- Olha, eu não sei como aquele selvagem não me matou, mas dou graças a deus por estar viva. Por favor, esqueça o que viu...

O homem ficou pensativo.

- Talvez tenha um jeito de me fazer esquecer - ele olhou maliciosamente para Lori. - Uma noite comigo. Pago quanto for. Você é muito bonita pra ser uma criada.

- Vai pro inferno! - A feiticeira acertou uma cuspida bem na cara do homem.

Sem espressão alguma, Ele limpou a saliva com a gola de seu traje.

De repente, o homen começa a fazer uma forte pressão sobre o braço de Loris, ele aperta com toda força, Lori gemeu de dor em suplica.

Aquele homem era demasiadamente forte, se Loris continuasse mais tempo presa a ele, o nobre poderia quebrar seu braço.

- Alguem me ajude! - gritou entre a dor. - Aaai!

Os nobres que estavam perto saíram sisudos do local ignorando o pedido de Loris.

- Me solte, seu canalha! - gritou agora mais alto ainda.

Um feixe de memoria enche a mente da jovem, o feitiço que ela havia lido no diario da vovó, tinha que funcionar!

- Dilusion! - Falou o feitiço dolorida

A dor era insuportavel, parecia que não ia acabar nunca.

Algumas gramas no chão esticaram-se prendendo o homem entre suas vinhas. Ele se sustou e soltou rapidamente o braço de Loris. A grama apertava o homem com o dobro de força que ele tinha usado nela.

A feiticeira olhou friamente para o homem á sua frente.

- Queime no inferno!

E saiu com pressa daquele lugar, com seu braço latejando de dor, ela deixou o castelo e correu em despero para sua casa na Periferia.

Ao que parecia aquele homem era importante na côrte, iriam investigar á morte dele. Lori não aguentaria mais um dia naquela cidade, iria voltar para Floren onde era sua casa. Aquele lugar era para loucos. O rei já não podia protege-la. Ele mal sabia de sua existencia.

A Rainha Feiticeira [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora