Vila dos Mortos

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Que vilão eu me construo,
Se saúde não possuo?
Meu valão mancha a rua
Com sangue frio o bandido suja a [sua.
Aqui não vejo emoção,
O vivo é morto e sem ação.

Essa vila é morta como a noite
E no Morro do Moreno
Não há vida no sereno.
Eu tento achar alguém,
Mas os bares fecham cedo.
Minha novela é sem ninguém,
Pois "seu Jorge" me dá medo...

O sol nasce às cinco
E me deito já cansado.
Só melhora após isso,
Ao som do povo apressado.
Já não posso mais sair,
Pois a luz vai me trair...
Se eu ataco pela fresta,
O ladrão já fez a festa.

Alguém sabe o que dá pavor?
Se é de mim ou do matador?
Poucos turistas vêm pra cá
Neste lugar só tem "Ó negativo"...
O Titanic está em qual sentido?
Morador não sabe o que eu digo!

Eu já penso em me mudar.
Em outra vila tem pracinha,
Muita gente pra sugar.
Lá de noite tem feirinha.
Muito povo pra assustar;
Ainda caio na dancinha
Até quando eu aguentar
E vou dormir de manhãzinha...

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Nota:
poema escrito em 2013 e publicado no sarau de poesias do curso Técnico em Hospedagem no CEET Vasco Coutinho, Vila Velha - ES.

Vocabulário:
Morro do Moreno - ponto turístico de Vila Velha/ES

Seu Jorge - referência à novela "Salve Jorge" exibida na época. A frase se refere à ausência de pessoas nas ruas porque todo mundo está preso em casa assistindo novela. Na visão de um vampiro, mais do que ter medo de uma espada de São Jorge é não ter ninguém nas ruas para se alimentar. 

Titanic - nome da biblioteca pública localizada na praça central de Vila Velha - ES.

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