Capítulo 12 - Amiga?

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Ao passar pelos corredores brancos do hospital meu coração apertava cada vez mais. Já faziam algumas semanas que ela estava estranha, mas não sabia exatamente o que estava acontecendo. Sentei na sala de espera, enquanto Alex conversava com o médico. Ele estava muito nervoso e sério, nunca tinha visto ele daquela forma. 

Olhei ao meu redor e não tinha quase ninguém na sala junto comigo, apenas uma senhora sentada fazendo trico. Odeio hospitais, sempre odiei. Lembro apenas algumas cenas de quando era pequena, o temor começou a subir pelas minhas pernas, a cena do meu pai na cama de hospital todo machucado, as condições precárias do hospital onde todos os pacientes ficavam amonturados nos corredores, o desleixo dos médicos com os paciente e principalmente minha mãe aos prantos jogada no chão logo após ter recebido a notícia da morte do meu pai. Os hospitais públicos de São Paulo são uma vergonha, se os médicos tivessem pelo menos a decência de ver a fundo o  caso do meu pai, talvez ele estive com a gente hoje. Comecei a chorar, mas um choro profundo e desesperador. Não suporto a dor que hospitais me causam, eu só vejo sofrimento e angustia. Não quero que nada aconteça com a minha amiga, assim como aconteceu com o meu pai. Senti a mão pesada de Alex em meu ombro. Mas mesmo assim não parei de chorar.

- Ela vai ficar bem Carol. - sussurrou indiferente. Ele estava bravo?

- Eu seii.. mas ela.. eu briguei com ela! - choraminguei baixinho. 

- Não deve ser nada demais! - seus olhos se mantinham nas mãos, ele não me encarava. - Não gosto de hospitais! - sussurrou novamente.

- Somos dois - respondi começando a chorar novamente.

Não demorou muito para o Médico vir conversar com a gente, ele exigiu a presença de um familiar, mas depois de conversarmos e explicarmos a situação ele começou a falar. Gabi estava dormindo, porém foram feitos alguns exames para descobrir mais a fundo o que se trata. Ela não precisou passar a noite no hospital, porém teve que tomar soro por algumas horas.

O trajeto até em casa foi silencioso. Conseguia apenas ouvir o barulho da chuva que batia no carro. Nova York era linda com sol, porém a chuva a deixava mais romântica. Logo já estaríamos no inverno e pela primeira vez veria a neve. Olhei para o banco de trás e Gabi estava dormindo em um sono profundo, porém sua cor rosada já estava em suas bochechas novamente.

- Obrigada Alex - agradeci quase sem fôlego para continuar a frase. Ele apenas balançou a cabeça, algo realmente mexeu com ele naquele hospital. - Está tudo bem? - arrisquei perguntar, mas não obtive sucesso, ele estava perdido em seus pensamentos e não tinha a menor vontade de voltar deles.

Agradeci mais uma vez Alex e fechei a porta do apartamento. Estava exausta e cansada, porém meu coração não queria acalmar. Fiz a primeira coisa que faria se estivesse no Brasil.

- Alô, Carol minha neta! Está tudo bem? - o calor e o carinho que a voz da minha avó trazia era reconfortante. 

- Não vó, estou desmoronando aos poucos.. - expliquei o que aconteceu naquela noite aos prantos, a sensação que o hospital me trouxe e a falta que sentia de casa e do colo dela. 

- Filha escuta! A Gabi vai ficar bem, essa garota e forte que nem um cavalo - brincou minha avó e soltei um leve sorriso - Agora quanto ao seu pai.. Você sabe que ele te ama! Não importa onde esteja ele vai sempre estar ao seu lado. Não deixe esse sentimento de invadir para o resto da vida Carol. 

- Obrigada vó! Não vejo a hora de reencontrar vocês! - falei um pouco mais animada.

- Amiga?- ouvi um grito, sai correndo pelo apartamento com o celular grudado na orelha.

- Vó mais tarde eu te ligo, a Gabi acordou. - desliguei o celular e entrei no quarto de Gabi.

- Gabi? - entrei devagar pela porta e sentei em sua cama- Está melhor sua doida?

- Estou enjoada ainda e um pouco fraca, mas me sinto bem melhor. - respondeu tristonha e com a voz bem fraquinha - O que o médico disse?

- Por enquanto ainda não, ele pediu para voltarmos na terça, pois faltaram alguns exames para fazer. Mas por enquanto não é nada. - deitei do lado dela e comecei a fazer carinho em seu cabelo. - Fiquei com tanto medo Gabi! 

- Eu imagino amiga, ainda mais que você não gosta de hospitais. Mas eu prometo não fazer mais isso! - prometeu gabi dando um sorriso leve. - Te amo amiga!

-Também te amo sua doida! - abracei Gabi e deitamos novamente.

Não demorou muito Gabi caiu no sono novamente e eu voltei para o meu quarto. Sentei na cama com um pacote de bolachas que roubei da cozinha. Que noite! Estava tão animada para sair com o Alex. ALEX!! Corri pelo quarto tentando achar meu celular, joguei tudo para cima e nada do bendito. Cade meu celular? Coloquei a mão no bolso e só ai percebi que ele estava lá. 

Me joguei na cama novamente e comecei a digitar uma mensagem.

Para Alex:

Me desculpa por hoje! Era para ser uma noite romântica e divertida. 

Podemos tentar outro dia?

Beijos

Esperei por algum tempo e NADA! Me joguei no travesseiro e aos poucos dormi.

Destino Nova YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora