Capítulo XII

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No sábado chego bem cedo à casa de Vale para acompanha-la como combinado, ela já estava pronta a minha espera. Então logo saímos para ir primeiramente ao banco, pois como é sábado ele fecha mais cedo do que na semana. Durante o percurso faço poucas perguntas a ela e então percebo que está diferente, sua expressão está mais abatida se comparada a ultima vez em que nos vimos, o que me deixa bastante preocupado já que o que se espera é que haja avanços a cada dia que passa. Penso em perguntar se aconteceu algo, mas desisto.

Ao chegarmos retiramos a senha de ordem no primeiro compartimento do banco e em seguida entramos para a sala de espera e atendimento que fica logo depois da primeira parte sendo separada por uma espécie de divisória como uma parede de vidro, tive que tirar meu relógio, celular e a chave do carro e colocar em um recipiente que fica anexado a divisória para poder passar na porta giratória que tem detector de metais, Vale faz o mesmo, mas a porta trava ao tentar passar, então se dá conta de que a fivela do seu cinto possui um detalhe de metal, ela se vê obrigada a tirá-lo para poder passar, claro que o cinto é apenas um detalhe de charme, percebo que a movimentação já estava grande naquele horário, sendo assim tivemos que esperar um pouco para que ela fosse atendida, então nos sentamos na terceira fileira de cadeiras que fica na sala de atendimento a espera. Depois de alguns minutos esperando, finalmente ela me dirigia à palavra por iniciativa própria.

-Será que vai demorar muito?

-Depende, tem nove pessoas a nossa frente, mas creio que não demore muito.

-Assim espero. – diz ela ao pegar seu celular e começar a usa-lo como se estivesse mandando mensagens para alguém.

-Vamos passar mais aonde depois de sairmos daqui? – pergunto para tentar puxar conversa com ela novamente.

-Vai pra algum lugar? Tem algum compromisso? – pergunta ela sem me encarar.

-Não, quer dizer, mais ou menos. Mas não é nada serio.

-Então por que a pergunta? – retruca ela ainda sem olhar para mim.

-Não, por nada. Só pra saber mesmo. – respondo calmamente.

-Não precisa ficar aqui se quiser. Se tiver algum compromisso pode ir. – diz ela com o rosto ainda voltado para o celular.

-Não estou aqui forçado, estou por que quero.

-Então por que perguntou a respeito disso?

-Eu só queria saber mesmo, nada de mais. Não se preocupe.

-Quem te disse que estou preocupada? – diz ela agora finalmente olhando pra mim. Vejo que a expressão em seu rosto é de alguém que não está brincando.

-O que? – tento falar outra coisa, mas agora fico sem palavras.

-Você não é obrigado a nada. Não preciso de sua caridade Alex, não preciso se estiver se incomodando pode ir embora que consigo me virar aqui muito bem sozinha, sei como chegar em casa. – diz ela com um tom de voz tão alterado que todos ao redor percebem e viram seus olhos para nós, mas Vale não se importa.

-Por que você esta falando assim comigo Vale? O que aconteceu pra você ficar desse jeito? – digo com o tom de voz ainda baixo.

-Eu falo como eu quiser. – diz ela ao alterar ainda mais o tom de voz, tanto que uma senhora que estava sentado ao ado dela até se espanta.

-As pessoas estão olhando Vale. – digo tentando acalma-la, mas é em vão.

Que se danem. E quer saber se quiser você pode ir embora, ouviu, você pode ir embora. – fala ela e volta seu rosto para seu celular novamente.

Apenas Um AbraçoOnde histórias criam vida. Descubra agora