Término - 02/09/2016

7 0 0
                                    

Minha mão estava ardendo e meus olhos se fecharam por alguns segundos para poder espantar a dor. Olhei de relance e vi meus dedos vermelhos e tremendo, mas não era pela dor e sim pelo nervosismo. Nunca cheguei a esse ponto, nunca fui agressiva, mas nunca é uma palavra forte demais. Ele me olhou com os olhos arregalados, mas eu sabia que não havia surpresa nenhuma.

- Eu sabia que isso ia acontecer. – ele disse com a voz risonha.

Minha cara ficou sem expressão. Acho que eu estava pálida, por que ele tirou o sorriso da cara e me encarou. Eu virei a cabeça o impedindo de me encarar, não podia ver as lágrimas se amontoando dentro dos meus olhos verdes que já não tinham brilho.

- Vai embora seu cretino! – disse gritando e apontando para a porta do apartamento da Nat. Eu me assustei com o tom da minha voz que transbordava todos meus sentimentos como se fosse uma descarga no meu coração, de tantas merdas que estavam lá. Dos momentos que eu pensei que fossem mágicos e todos eu estava com ele.

- Preciso do seu perdão. – agora ele não estava mais rindo, procurava alguma expressão no meu rosto. Uma lágrima escorreu no canto do meu olho, logo passei o dedo impedindo dela cair. Ele percebeu a tremedeira das minhas mãos e logo pegou uma mão e a beijou. Senti os lábios dele quentes em contato com a minha pele e outra lágrima caiu, mas dessa vez não a sequei.

- Tanta gente me falando que isso ia acontecer. Que um dia você não ia aguentar a minha espera. Eu devia ter acreditado neles. – disse pegando meu celular e indo na Agenda.

Procurou um único nome.

- É a Paloma. Sim, ele está aqui. – dei meu celular para ele.

Silenciosamente uma lágrima caiu de seu rosto e senti seu desespero na boca do estômago. Ele leu o nome escrito e colocou na orelha o celular.

Ele esperou, esperou e sem dizer nenhuma palavra me entregou o celular.

- Ela disse que eu não precisava continuar uma relação falsa com você. E que eu podia tentar uma verdadeira com ela. – sua voz falhou.

- Segue o conselho dela. Agora vaza daqui. – sem olhar para ele abri a porta e encarei meus pés. Caminhou lentamente e me deu um beijo na testa.

- Está muito cedo para desistir. – disse encarando meu anel na mão direita.

Retirei o anel rapidamente e joguei bem forte no chão, fazendo o quicar e cair bem longe.

- Isso é um adeus, Jason. – derramei mais lágrimas.

- Não fala isso meu bem. – disse sussurrando, e nessa hora desabei. Cai de joelho no chão colocando as mãos no meu rosto quente pelas lágrimas. Senti um braço em volta do meu corpo pequeno. Sua cabeça se recostou no meu ombro e sua boca repousou no meu pescoço. Um gemido cresceu na minha garganta e Jason percebeu, pois senti o sorriso bobo na minha pele. Isso deu esperança para ele, mas era um gemido de dor. Uma dor interna.

- Jason. – uma voz feminina o chamou. Nossos olhares voaram para minha melhor amiga de braços cruzados a alguns metros de nós. – Paloma está cansada, precisa descansar.

Ele me olhou e é claro que viu minhas profundas olheiras causadas pelas 10 horas de viagem.

- Ela está certa. Adeus. – se levantou e sem me encarar saiu da casa fechando a porta.

Nat me viu observando qualquer movimento suspeito da porta, e quando nossos olhares se encontraram ela correu para me abraçar. Sentou-se no chão e me puxou para si. Sem dizer nada, passamos longos minutos assim esperando meu coração dar sinal de vida. Ouvi uma batida fraca e meu cérebro voltou ativo. Por um momento me desliguei do mundo, literalmente.

- Toma um banho e coloca uma das minhas roupas confortáveis e vêm para sala. Vou preparar o brigadeiro. – se levantou e me estendeu a mão. Aceitei e dei um sorriso fraco.

- Eu não sei como agradecer.

- Eu sei. Não perde tempo sofrendo por um cara que não te merece. Curte seus 22 aninhos em paz. Promete tentar?

- Prometo.

Diário CrônicoOnde histórias criam vida. Descubra agora