Five

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Capítulo revisado por Luísa

Byron Bay (Austrália) – 23 de Dezembro de 2016

Finalmente em casa, depois de passar três dias voando mais de avião do que andando no chão, eu não aguentava mais ver aquele transporte nem no céu.

Tirando essa parte, estava feliz por estar em casa. Já fazia mais de dois meses que eu não ia visitar a minha família e estava morrendo de saudades. Mas estava com um pouco de medo da reação dos meus pais quando soubessem do meu "namoro". Não seria nada boa, com certeza.

– Bom dia, flor do dia! O cardápio para o almoço de hoje é: arroz, macarrão, salada verde, frango com o molho especial da mamãe e suco de abacaxi. O que a senhorita prefere? – abri os olhos bem devagar e encarei a figura minúscula do meu irmão. Aquilo era uma piada humana.

– Olá, fiel súdito – limpei a garganta enquanto coçava os olhos. – Eu desejo um pouco de salada com um pedaço de frango, um copo de suco e... não temos sobremesa?

– Falha minha, rainha. Temos torta de morango.

– Quero um copo de suco e um pouco de torta – respondi e voltei a fechar os olhos.

– Você acha mesmo que eu vou trazer seu almoço? – ele gargalhou e eu o fuzilei com os olhos, mas o que eu queria mesmo era fuzilá-lo, literalmente. – Vamos, Beth, mamãe está nos chamando.

– Você é, oficialmente, o pior súdito do universo.

– E você é uma chata – mostrou sua língua e saiu correndo para o andar de baixo.

– Venha aqui, seu pestinha. Eu vou morder você – eu mal terminei a ameaça e ele já corria para longe de mim e perto da mamãe.

E essa era eu quando estava com o meu irmão mais novo. O meu lado criança falava mais alto do que todos os outros e isso era bom. Nada melhor que se divertir com a sua família.

– Bom dia, pessoas – acenei para os meus pais e me sentei na única cadeira que sobrava.

– Bom dia, Beth! – papai abaixou um pouco do jornal para me lançar um sorriso largo. Mamãe apenas sorriu de boca fechada, estava comendo.

Comemos enquanto mamãe e papai contavam todos os acontecimentos do mês que passou. Noah sempre atrapalhava e começava a contar a mesma história, porque, segundo ele, os mais velhos estavam contando da forma errada.

– Preciso falar com vocês – limpei os cantos da boca com um guardanapo.

– Pode falar – Noah repetiu meu ato e me encarou, até parecia um menino de quinze anos.

– Não com você, seu pestinha – revirei os olhos.

– Mas eu também quero saber – e começou a birra.

– Noah, se esqueceu de que hoje você vai passar o dia na casa do Tom? – mamãe perguntou e, na mesma hora, o bico se desfez. – Vá tomar banho que eu vou lhe deixar lá – o mais novo saiu correndo e derrubando tudo que estava na sua frente. Eu sempre achei que aquela criança tinha algum problema nas pernas, pois ele estava sempre correndo, mesmo quando não havia necessidade alguma.

– Não sei muito bem como começar a contar isso, mas... – comecei assim que ouvi a porta do banheiro bater.

– Você está grávida?!

– Vai se casar?!

Olhei para os dois de olhos arregalados e neguei com a cabeça várias vezes.

– Não, não – papai soltou um suspiro aliviado ao saber que não seria avô tão cedo. – Eu estou namorando.

– Isso é bom, filha. Muito bom – a mais velha batia palminhas, toda animada. – Quem é ele? Ou é ela? É por isso que você está com tanto medo, porque é uma garota? Não tem problema algum...

Uma Vida de MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora