Uma Vida de Mentiras

Twenty one

Capítulo não revisado.

Londres – 04 de fevereiro de 2017

Nervosismo é um sentimento engraçado. Você sente quando espera algo bom, mas também sente na espera de algo ruim. É um sentimento duplo que faz nosso coração bater mais rápido, as mãos suarem e as pernas tremeram.

A lembrança mais velha de um momento em que senti isso foi quando minha família e eu precisamos nos mudar para a casa da minha avó em Suffolk Park, pois não tínhamos como nos sustentar sozinhos, então eu precisei mudar de escola e eu lembro de ficar tão nervosa no primeiro dia de aula que quase passei mal. Deu tudo certo no fim.

Porém, o momento que mais senti nervosismo em toda a minha vida foi na minha primeira viagem para New York, eu queria desistir no meio do caminho, mas minha família precisava de mim e eu não podia desistir daquela forma. A viagem foi longa e, ao longo dela, eu devo ter chorado ao menos umas quatro vezes, meu corpo inteiro suava mesmo ali dentro estando muito frio, meu coração parecia que sairia do peito a qualquer momento e, na minha cabeça, as perguntas não paravam de me cercar: será que o apartamento era exatamente igual ao das fotos? E as minhas colegas de quarto, seriam boas pessoas? E se tudo aquilo fosse uma grande mentira e estivessem me vendendo para um velho cheio de pelos e insaciável? Graças a Deus o avião avisou que iria pousar antes mesmo que eu pudesse me desesperar com o último questionamento. Como da primeira vez, tudo deu certo no fim das contas.

Eu só esperava que daquela vez também desse tudo certo.

– Obrigada pela carona, Mel. Eu não sei o que seria de mim sem você – contornei seu pescoço com meus braços e deixei um beijo em sua bochecha.

– Provavelmente uma garota em um táxi – deu de ombros e eu revirei os olhos. – Você sabe que pode me ligar quando precisar de alguma coisa, qualquer coisa. É para isso que serve as melhores amigas – concordei com a cabeça e ela abriu um sorriso enorme. – Agora vai logo que tem um carro querendo estacionar aqui atrás – apontou pra o retrovisor onde consegui ver o motorista do carro de trás com cara de poucos amigos. – Espero que tenha um bom dia com o seu baby – gritou antes que eu fechasse a porta e eu a encarei.

Melanie ainda não sabia de toda a verdade e ouvi-la dizendo que estava ali para o que eu precisasse enquanto eu escondia certos assuntos dela, fez eu me sentir uma péssima melhor amiga. Porém eu sabia que algum dia eu lhe contaria tudo, mas aquela não era a hora ainda.

Despertei de meus devaneios quando ouvi uma buzina e percebi que era o homem de poucos amigos pedindo para que sairmos de sua vaga. Levantei o polegar para Melanie e ela acenou de volta logo dando partida em direção ao seu destino anterior que fora atrapalhado pela minha ligação. Fiquei olhando enquanto seu carro dobrava a esquina apenas para atrasar minha entrada no prédio em minhas costas, porém meu plano fora atrapalhado.

– O que faz aqui? – ouvi sua voz em minhas costas e virei-me para ter certeza de que era ele. – Digo, aqui fora. Sei que a rua é pública.

– Estava apenas tomando um ar – dei de ombros e finalmente comecei a caminhar em direção a gravadora.

– Bethany, eu só... – ele me segurou pelo pulso fazendo eu me virar instantaneamente e alternar o olhar entre sua mão e seus olhos. – Desculpe – levantou as duas mãos com as palmas voltadas para mim e eu cruzei os braços. – Como eu dizia, eu só quero me desculpar com você por tudo o que eu falei no dia do aniversário do Harry. A música, os comentários... Eu não deveria ter dito nada daquilo. Eu nem te conheço e, mesmo assim, te julguei e isso não foi legal. Então eu peço desculpa e quero perguntar se podemos recomeçar – Niall tinha as mãos nos bolsos da calça jeans clara e encarava mais o chão que os meus olhos. Eu nunca pensei que ele iria se desculpar por seus atos naquela noite, mas achei bem legal e sincero da sua parte.