Um Novo Recomeço

O Filme

“ Você pode se enganar com as pessoas, afinal, são apenas rótulos, todo mundo tem o seu”.
   

        Sentado, ao meu lado, com um grande saco de pipoca e um refrigerante de laranja, olhando o mais dramático filme. Augusto Larousse. Pensando assim parece até que eu me importo. Será que eu me importo? Não, ele é apenas mais um riquinho metido e popular.
      O filme estava prestes a começar, não falávamos uma palavra, todos, até Augusto estava sem saber o que falar. Ele ate tentou, mas não deu muito certo:
-Ah, Bonnie? Foi você que recebeu o prêmio de “Aluno nota 100” no ultimo ano, não foi?- Bonnie apenas fez um “sim” com a cabeça e logo colocou varias pipocas na boca. Então ele tentou novamente:
- Matt, você tirou sua carteira de motorista a pouco tempo não foi? Parabéns! – disse Augusto com entusiasmo.
-Foi, obrigada. – foi só o que Matt falou.
Augusto virou pra mim e sussurrou bem perto do meu pescoço, provocando em mim um grande arrepio:
- Seus amigos não são muito de falar, não é mesmo? – Não consegui olhar em seus olhos, na verdade não consegui nem mesmo virar para ele, fiquei com os olhos focados na tela preta do cinema e falei:
- É nosso jeito, você se acostuma. – Acostuma? Meu Deus, eu falei isso mesmo? Por que ele iria se acostumar? Era apenas um filme, ele não viraria nosso amigo. Faria mal a sua popularidade.
       Por sorte o filme começou, Augusto não teve tempo de falar se quer uma palavra sobre meu comentário.
      O filme se passava em Nova York, onde um menino de treze anos amava golfe, seu sonho era um dia se tornar um jogador profissional. Ele participava de vários torneios, seu time era muito bom, mas teve algumas derrotas, mas que time não tem? Com o passar dos anos seu sonho foi ficando maior e mais focado, ele treinava todos os dias sempre muito dedicado. Certo dia quando estava voltando da escola foi atropelado, foi tudo um acidente, uma fatalidade, mas o deixou em uma cadeira de rodas. Seu sonho ficou longe do seu alcance, mas ele não desistiu, com o tempo voltou a jogar e nunca mais parou, sua cadeira era diferente, feita para que ele pudesse se locomover rapidamente. O final foi muito lindo e emocionante, mas acho que ninguém chorou.
      As luzes do cinema estavam sendo religadas, todos estavam saindo, me levantei para fazer o mesmo, mas alguém puxou delicadamente meu braço, era Augusto.
-Queria te contar que esse ano vou estudar na mesma escola que você, acho que seria legal nós nos falarmos e tudo. –fiquei com vergonha de pedir o motivo dessa mudança,então com uma cara surpresa falei:
-Ah, claro, seria bem legal. –Augusto foi embora depois de minha resposta, parecia até que ele queria de verdade se aproximar de nós.