Wrong |Hiatus|

Capítulo 9

  A vida adora me pregar peças.

  Eu não queria vir para Londres, mas acabei concordando para deixar Holly feliz. Eu não queria conhecer, falar, nem sequer respirar o mesmo ar que os integrantes dessa bandinha. E já que tive que me submeter à tudo isso por minha amiga.

  Mas, sabe o que é mais irônico?
  Eu estava decidida à trata-los mal pra caramba, e agora me pego ofendida pela indiferença de um deles.

  Dono de uma beleza inexplicável? Porra, eu não devo estar normal.

  Acelero o passo e acabo chegando na sala antes de todos eles. Mas me arrependo assim que vejo o que seria a tal surpresa.

  A sala central está infestada de câmeras, equipamentos de luz e essa caralhada toda que usam para as gravações de um programa de TV.

- Meninas, esta é Judy Finnigan. - Paul diz apontando para a senhora ao seu lado, Holly a cumprimenta com um aperto de mão e eu apenas aceno com a cabeça. - Ela é uma das apresentadoras do talk show Loose Women, vocês devem conhecer. Judy vai fazer uma entrevista com vocês.

Ouço o guinchar de Holly ao meu lado, sinal de que está animada.

- Correção: Ela vai fazer uma entrevista com a Holly. Porque eu estou fora. - digo me jogando no sofá.

- Fala sério Annie, por favor. - a loirinha tenta me convencer, em vão pois não vou ceder. Meu limite de boas ações e condutas corretas por ela já se esgotaram.

- Annie, posso saber porquê você não quer dar a entrevista? - Paul questiona.

  Olho para ele e suspiro profundamente. Estou certa de que todos aqui têm problemas auditivos, ou então são mais retardados do que eu pensava, ao ponto de não entenderem algo tão simples.

- Quantas vezes vou ter que explicar para que vocês entendam? Eu não vou ficar na frente da porra de uma câmera fingindo ser uma fã maluca que está adorando estar aqui.

A tal Judy me olha assustada e só então percebo que estava gritando.

- Calma Annie, se você não quiser gravar ninguém vai te obrigar.

- Mas isso é óbvio. - digo e caminho em direção ao quarto em que estou hospedada, pois também não sou obrigada a assistir essa merda.

  Já deito na cama agarrando meus fones e os conectando ao iPod. Às vezes, sinto vontade de abafar o mundo ao meu redor, e a música serve bem para isso. É a única que me acalma de verdade e me faz refletir sobre muitas coisas.

  Algumas músicas entre vários pensamentos depois, sinto meus olhos pesando. Dormir deve ser a coisa que mais gosto de fazer, por isso não é tão difícil me entregar ao sono iniciando assim um longa tarde debaixo das cobertas.

***

- Qual é o seu maior sonho? - ele pergunta do nada. Penso por alguns minutos, buscando bem lá no fundo do meu consciente, mas não consigo me lembrar de nada que eu queira muito realizar.

- Ah, sei lá... Acho que eu não tenho nenhum.