Você é tão mutável, dono de uma metamorfose constante. Você é tão livre, tão único, tão rápido, tão grande, tão forte.
Quando você pediu para eu escolher qual o fenômeno da natureza melhor te define, eu escolhi o vento. E escolho novamente mil vezes se for preciso. Vento, na verdade, deveria ser seu primeiro nome.
Mexe com tudo a sua volta, arrasa, refresca sem se importar. Bagunça tudo de um jeito brando, move as folhas das copas das árvores, a poça de água no chão, adoça os dias de calor, corta nos dias de frio.
Tem o poder de arrastar tudo de mim, todas as impurezas que eu carrego do dia e oferecer toda a devassidão da carne de um jeito só seu.
Quando você venta, domina-me toda, bagunça minha roupa e transforma meus cabelos em chicotes, marcando-me a cada repente.
Tem seus dias de brisa suave, arrepia-me os poros, cada um deles, e, da mesma forma como chegou, retira-se sem adeus.
Quando se faz furacão me destroça e me espalha por quilômetros, depois venta fraco juntando meus pedaços repartidos.
Por responsabilidade, quando te escreveram, deveriam ter colocado, em letras garrafais no seu manual de instruções, em tom de advertência, logo na primeira página:
Cuidado ao manusear: CAUSA DESDE BRISAS LEVES ATÉ FURACÕES.
E talvez, se eu tivesse te ensaiado antes do grande espetáculo, teria trazido um casaco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fragmental
PoetrySe as palavras são o ar e a caneta a respiração, então sou o pulmão. Desde pequenos contos até poesias, deixo aqui minha singela visão do que é o mundo e o amor. Espero que apreciem a leitura e sintam, assim como eu, a força que as palavras têm. To...