Guerra

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Tinha sumido, me camuflado do mundo, me camuflado do Fred. Isso me deixava mal. Mas, mal ainda quando via a Gaby saindo com o Fred. Segundo ela, ele precisava se distrair. Acordei cedo, tomei um banho demorado, troquei de roupa e desci pra tomar café. Só meus pais estavam na mesa, segundo eles a Gaby não tinha acordado. Ainda bem. Hoje tinha que ir atrás de uma faculdade que me agradasse, tinha que começar cedo. Depois que tomei o café peguei a bolsa e a chave do carro e sai. Estava distraída procurando meu celular na bolsa, quando escuto alguém ligando o alarme do carro. Olhei assustada e vi o Fred parado próximo ao seu carro, me olhando. Ele estava com uma mochila nas costas e alguns livros nas mãos. Tentei voltar, era tarde demais, se eu corresse agora seria óbvio que eu estava evitando ele. Então, só o que me restou era falar com ele. Na verdade tudo que eu queria naquele momento era ouvir sua voz..

- Oi Fred..


- Oi Nina. - Ele disse meio seco, mas com aquele sorriso de lado que eu tanto amo.


- Tudo bem com você?


- Tudo ótimo e com você?


- Seguindo como posso... Bom, vejo que está saindo, não vou te atrapalhar. Até depois.. - Ele sorriu e saiu. Não suportei ver ele saindo, a maneira que ele me tratou acabou comigo. Não pensei em mais nada.


- Fred. - Disse alto o fazendo parar e virar.


- Oi?


- Podemos conversar?


- Lógico. - Ele voltou e me olhou sério.


- O que quer?


- Bom, desculpa se sumi. Sei que deve estar chateado.


- Espera não precisa completar. - Ele disse me interrompendo. Seu tom de voz era calmo isso me deixo mais assustada.


- Já escultei isso várias vezes e acho que já decorei então não precisa gastar seu tempo falando tudo novamente.




- Está com raiva?


- Estou, dessa vez sim, estou.


- Desculpa, aconteceu algumas...


- Aconteceu que você caiu na conversinha clichê do seu namorado, isso que aconteceu.


- O que?


- É eu sei o que aconteceu. Só me surpreendo que tenha aceitado, essa conversa de "Você tem que escolher, eu ou ele?" Isso é antigo, é a técnica mais ridícula para prender alguém.


- Gaby te falou, né?


- Isso não vem ao caso.


- Claro que vem, ela quer acabar com a nossa amizade, você não vê isso? - Disse alto, com um tom de desespero.


- Que amizade? - Ele dizia calmo. - Nunca fomos amigos, na verdade sempre tentamos mas nunca deu certo por que você cai na conversar do Alex. Nina tudo cansa, se coloca no meu lugar, você teria paciência? Você esperaria? - Ele estava certo, eu estava errada.


- Não. - Disse baixo.


- Então, se você não teria paciência por que eu teria?


- Fred..


- Não Nina, não fala nada. Tenho muita coisa pra fazer e não posso conversar muito. Vou indo. Se cuida. - Ele sorriu calmo e se afastou. Fiquei ali, paralisada, não acreditando no que eu fiz. No meio do caminho ele parou e me olhou.


- Se quer saber fiquei preocupado. Fiquei preocupado com o seu sumiço, fiquei preocupado até saber o motivo do seu sumiço. Nina, eu sempre vou estar aqui, sempre vou ser o cara da casa ao lado. Vou está aqui para o que você precisar por que você é muito importante pra mim, só não tenho certeza do que eu sou pra você. Só me procura quando você vai aprender a ter opinião própria. Até lá eu viajei. - Ele sorriu e saiu em direção a sua casa. Fiquei ali olhando para a sua porta, não tinha condições de sair para lugar nenhum, estava com raiva de mim mesma, raiva por ter sido tão idiota. Voltei para casa e fui direto pro meu quarto.

Não conseguia dormir. Fiquei pensando em tudo que havia acontecido. Então lembrei das coisas que a minha irmã havia feito. Levantei depressa limpei às lágrimas que insistiam em cair, e fui em direção ao seu quarto. Bati na porta mas ela não atendeu. Então, percebi que a mesma estava aberta. Entrei depressa assustando-a.

- Opa garota, cadê sua educação? Bata antes de entrar.

- Cala a boca!

- Calma ai! O que foi?

- Você, você fez tudo isso... - Dizia nervosa embolando tudo.

- Eu fiz tudo o que?

- Você fez a cabeça do Fred. Você fez ele me odiar.

- Hum... Vejo que conversaram.

- Você sempre gostou de me humilhar, né? Nunca quis me ver feliz.

- Tá falando do que garota?

- Você fez ele se afastar. Você fez ele me odiar. Você fez tudo isso.

- Okay, okay... Já que você diz, sim foi eu. E deu certo né?

- Eu te odeio, sempre te odiei..

- Você nem imagina o quanto isso me atinge. - Ela disse irônica.

- Você conseguiu. Você venceu.

- Sempre soube disso.

- Não vai ser tão fácil assim.

- Como assim?

- Você pode ter vencido a primeira parte. Mas, podemos muito bem começar do zero. E a segunda parte quem leva sou eu.

- Maninha, não sonhe tanto. Você que causou tudo isso, eu apenas dei um empurrãozinho. Você que aceitou a proposta do seu namorado. Se você amasse tanto o Fred como diz, não teria aceitado, você simplesmente aceitou. Agora quem levou o prêmio máximo foi eu.

- Então ele é um prêmio para você?

- Não posso negar que ele é gostoso demais, e que me mataria para ter uma noite com ele. - Ela disse rindo. - No começo achei meio impossível por que você tava no meu caminho, mais agora o jogo mudou de rota. Agora posso ter minha chance. Olhe para você nina.

Fiquei um pouco confusa com estas últimas palavras.

- Seu namorado é um puto e você prefere ele ao Fred – Eu não sabia o que responder.

- Aproveita enquanto você tem. Por que eu o amo, eu o amo de verdade, dez do primeiro dia que eu o vi. No final, sua mentira, seu fingimento vai voltar contra você.

- Menos maninha. Não cante vitória antes do tempo. Agora pode se retirar? - Não disse nada apenas sai do quarto. Corri em direção ao meu quarto e me tranquei. Chorei de raiva, chorei de culpa. Estou tão cansada de chorar. Agora chega. Se é guerra que ela quer, guerra que ela terá.

O garoto da casa ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora