Balada

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Estava combinado minha saída com o novo casal. Havíamos combinado que iriamos sair juntos. Estava tentando ser o mais amigável possível. Queria fingir ser uma pessoa que eu não sou. Quem sabe assim sofreria menos. Combinamos que hoje iriamos para uma nova balada no centro de Atlanta. Minha irmã tinha ficado um pouco assustada com a minha proposta, mas logo aceitou. Fred como sempre ficava calado, apenas observando. Odiava isso, se ele antes já era misterioso agora estava ainda mais. Deixando-o mais bonito e gostoso do que o normal. Daria tudo só para saber o que ele estava pensando, o que ele estava achando de tudo isso. Mas, tudo que eu queria era ignorá-lo, da maneira que ele merece. Estava me olhando no espelho, me analisando. Não sei por que agora me sentia linda, determinada, poderosa. Sorri ao ver minha imagem no espelho. Dei uma arrumada na roupa e no cabelo, desci. Assim que cheguei na sala encontrei minha mãe sentada no sofá olhando fixo para aquele programa idiota de culinária.

- Estão, se divertindo? - Disse irônica ao ver a cara de tédio do meu pai.

- Lógico. - Minha mãe disse desligada.

- Bom, cadê a Gaby?

- Amor acho que ela ainda está lá em cima.

- Okay, vou lá! - Sorri e subi indo em direção ao seu quarto. Bati na porta e escuto mandar entrar. Abri devagar e entrei. Assim que ela me viu, ela se assustou, mas logo respirou aliviada em saber que era eu. Sorri e sentei na sua cama olhando-a se maquiar. Ela estava linda, com o seu famoso vestido preto. Lembro-me bem que esse vestido me deu algumas tristezas. Sempre que saiamos juntas ela colocava alguma roupa preta e todos os homens a idolatravam. Sempre quis receber a mesma atenção que ela recebia mais eu simplesmente era ignorada. E ela sempre tirou proveito disso. A vejo virar e passar suas mãos devagar sobre o seu vestido preto colado.

- Como estou?

- Linda. - Disse sorridente. Mais um dom que eu adquiri: A ironia. Sabia bem como enganá-la, e durante um tempo tive um maravilhoso professor. O Fred.

- Que bom que gostou..

- Você sempre soube se vestir muito bem, impossível não gostar. - Sorri tímida olhando-a.

- Estou gostando dessa nova Nina, é sempre bom deixar o passado no passado.

- Com certeza! - Sorri irônica. - Vou te esperar lá em baixo.

- Tudo bem. - Levantei e desci.

Não demorou muito para que a Gaby descesse completamente produzida. Fomos todos em um carro só, Fred disse que não iria beber, então decidimos deixar ele responsável pela nossa idá e volta. Não demorou muito para chegarmos ao destino. Assim que descemos Gaby agarrou o braço do Fred puxando-o para dentro da festa.

Não tive pressa alguma, apenas segui calmamente até a entrada. Gaby sempre teve um fraco para festas. Ela sempre gostou dessas coisas, sempre se sentiu bem no meio de uma multidão. Tinha certeza que ela largaria Fred e sairia para o meio da pista.

Meus planos para hoje eram simples, apenas queria beber, beber como nunca havia bebido antes. Sabia bem que iria presenciar o Fred e a Gaby se agarrando o que me restou foi beber. Então, foi exatamente o que fiz, bebi muito, dava paradas para analisar as coisa. Não via a Gaby nem o Fred então estranhei, mas não queria correr atrás de nenhum dos dois continuei bebendo.

Não demorou muito até que estava um pouco tonta, entrei no banheiro. Estava desesperada, sentia que tudo ia voltar. A luz estava fraca e não havia ninguém no banheiro. Não em primeiro momento pelo menos, entrei em um box e desci rápido. Agarrei a privada. Vomitei. Passei algum tempo idolatrando aquele vaso, apenas o vaso e eu. Ele parecia mais agradável que meu namorado. Não me lembro quanto tempo passei ali.

Alguém entrou no banheiro, ouvi o barulho da porta e logo um box foi aberto. Ouvi um barulho de zíper. Olhei para o lado, eram um casal. Droga, não podia acreditar que eles iriam fazer o que eu estava pensando. Apenas pensei em alguém: Fred. Minha irmã e o Fred estavam sendo felizes, tomei a decisão errada. Admito que errei.

Não demorou muito e ouvi um barulho característico, estavam transando. O barulho de couro batendo era confundido com alguns gemidos, eu definitivamente queria estar morta. Não era tão fácil de ouvir com o som que vinha do salão da balada. Me levantei e apenas queria ir embora. Passei pelo box, estava confusa, ouvi a voz do Fred. Será que eles estavam transando no banheiro? Da minha irmã eu não duvido nada, mas o Fred... Não acredito que ele faria isso.

Fiquei triste com a ideia, coisa da minha cabeça. Voltei para o salão. Voltei a sentir o gosto de drink na minha boca, o gosto do fracasso. Não sabia quantos copos havia comprado, não sabia o tanto que havia bebido. Só sabia que agora estava mais animada do que nunca. Tudo é tão mais fácil quando se está completamente fora de si. Foi aí que agarrei meu copo e sai para o meio da festa. Já estava descalça, não me equilibrava no enorme salto que havia colocado. Dancei por um bom tempo e sempre percebia algum homem se aproximando, estava tão mal que nem ligava, apenas dançava e não olhava para nenhum deles. Foi ai que senti uma mão gelada me puxar. Minha vista estava meia embaçada, porém pude ver quem era.

- Você tá louca garota?

- Vai pro seu namorado Gaby, me deixa. - Pensei em um momento no banheiro.

- Não... Vamos embora agora.

- NÃO, SAI DAQUI SUA VACA! - Dizia rindo de sua cara de brava.

- Cala a boca, vamos! - Ela me puxava à força para fora da casa de show. Eu não queria ir, impedia o máximo que podia a nossa saída. Quando senti uma mão forte me agarrar me levando até o carro.

- Chega por hoje. - Disse o Fred sério. Sorri e segui. Mesmo que quisesse sair correndo e voltar para a festa não dava, o Fred era muito forte e me venceria fácil. Seguimos para casa, eu acabei dormindo e nem vi quando chegamos. Só acordei quando senti minhas costas descansarem no meu colchão macio. Abri os olhos lentamente e vi Fred saindo do meu quarto.

- Ei moço volte aqui.. - Disse baixo, ele me olhou por um instante fechou a porta e voltou.

- O que foi?

- Não vai...

- Você precisa dormir...

- Eu preciso de você aqui.

- Nina...

- Não fala nada, por favor. Fica aqui comigo, eu não te peço mais nada só quero que fique aqui comigo.. - Ele respirou fundo e sentou ao meu lado me olhando. Depositei minha cabeça em seu colo e senti acariciar meus cabelos. - Por que as coisas tem que ser tão complicadas?

- Por que se for fáceis demais não tem graça. - Ele disse irônico. Sorri, estava sentindo falta disso, estava sentindo falta de nós.

- Se fosse fácil ainda estaríamos assim, amigos, juntos.

- Isso serviu de aprendizado, serviu para aprender a dar valor ao que tínhamos. Também serviu para aprendermos a seguir em frente não importa com quem estamos, apenas seguir em frente. Que no final tudo se resolve, com o seu determinado tempo, se resolve.

- Vai demorar muito pra resolver? - Disse manhosa.

- Não tenho ideia.

- Isso é ruim.. - Disse com voz de choro.

- Shhii, esquece isso ta? Eu estou aqui com você.. Não vou sair daqui. - Sorri e abracei ele. Ficamos ali deitados e agarrados. Ficava tranquila quando sentia que ele ainda estava ali me fazendo carinho e esperando que eu dormisse. Fechei os olhos e pedi que aquilo nunca acabasse, que eu pudesse sentir aquela sessação inúmeras vezes. Mais nem tudo é como queremos e desejamos. Seus carinhos me deixavam tão tranquila e aliviada que acabei pegando no sono.


O garoto da casa ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora