Capítulo 01 - Querido Diário

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15 de Fevereiro de 2016.

"Querido Diário,

Meu nome é Luna. Tenho 16 anos e sou ruiva, mas não natural, tinjo o cabelo. Na verdade, ele já foi de várias cores: vermelho, roxo, laranja... Meus olhos são castanhos e um pouco maiores que o normal, mas tão pouco que quase nem se percebe. Tenho dois irmãos, uma mais velha e um mais novo: Mia e Hiago. Mia tem 18 anos e está em seu primeiro ano de faculdade (psicologia), e Hiago tem 14 anos e está em seu primeiro ano do Ensino Médio. Meus pais são Lucas e Helena Price. Meu pai é um engenheiro da computação e trabalha na "IBM", tem 35 anos e é uma pessoa alegre, porém muito emotivo (sério, ele chora por coisas bobas demais). Minha mãe é carinhosa, mas muito firme e pouco sensível. Ela é aquele tipo de super heroína obcecada pelo trabalho e ao mesmo tempo uma perfeita dona de casa com mãos de fada no quesito culinária. Advogada, 35 anos e de estatura baixa, minha mãe é inteiramente responsável pelos meus olhos castanhos. Meus irmãos são muito parecidos com os meus pais, uma mistura dos dois, porém os dois têm os olhos azuis do meu pai. Eu, diferente, tenho a aparência idêntica ao meu pai, desde os lábios cheios e vermelhos demais até o cabelo ondulado, nariz pequeno e sobrancelhas finas. Mas meus olhos, não. Meus olhos são grandes e castanhos, cópias perfeitas dos de minha mãe. Estou no segundo ano do ensino médio, meu segundo ano nessa escola e minha segunda semana de aula do ano letivo. Nossa professora nos passou um trabalho para daqui dois dias, tínhamos que escrever uma redação sobre nossa família como se estivéssemos escrevendo em um diário, e foi isso o que eu fiz. Espero que seja o suficiente, porque sou péssima em escrever e acho esse trabalho mais infantil do que os meus trabalhos do quinto ano."

Risquei essa última parte e fechei o meu caderno. Fiquei um tempo sentada em minha cama observando o meu quarto, grande demais pra mim. Uma das paredes era vermelho vivo; as outras, branco gelo. Havia um guarda-roupas de três portas de correr, branco. Na do meio, tinha um espelho; nas outras duas, notas musicais pretas e uma guitarra que eu e minha mãe tínhamos colado ano retrasado. Na parede vermelha, estavam pendurados dois quadros: um de Londres, outro de Paris. Nas prateleiras brancas dessa mesma parede, havia os meus livros e meus enfeites, como a mini Torre Eiffel, um mini táxi amarelo americano e uma mini cabine telefônica de Londres, que na verdade era um porta-jóias. Tinha também uma escrivaninha com meu computador, uma cadeira cor de rosa e um tapete preto de pelúcia no chão. No criado-mudo ao lado da minha cama tinha meu abajur, um despertador, um "R2-D2" de pelúcia e um porta-retrato com as letras LOVE, e em cada letra havia um espaço para uma foto, porém as quatro letras estavam vazias. Eu sentia que ali teriam que ficar fotos dos melhores dias da minha vida, com as pessoas mais importantes da minha vida, fotos que ainda não foram tiradas. Sorri, me perguntando se algum dia eu teria fotos merecedoras daquele porta-retrato e, naquele momento, ouvi a voz de minha mãe anunciando o jantar no andar de baixo, o barulho dos meus irmãos descendo as escadas correndo. Saí do meu quarto, tranquila.

Eu nem imaginava o que estaria por vir.

Doce (não tão doce assim) AdolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora