19 de Fevereiro de 2016.
- Não sei como você consegue comer tanto sem engordar, sério. - Disse Anna.
Era uma sexta-feira, 10 horas e 35 minutos e estávamos no intervalo. Anna é minha melhor amiga desde o 6º ano, quando ela ainda era uma menina saudável. Nós fomos unidas por um trabalho no primeiro dia de aula, era em dupla e nós éramos as únicas alunas novas da nossa antiga escola no 6º ano, e assim que descobrimos que tínhamos praticamente tudo em comum, desde os pratos favoritos até o gosto musical e preferências por roupas confortáveis e baratas ao invés de chiques e caras, viramos melhores amigas. Dormíamos sempre uma na casa da outra, viajávamos juntas e compartilhávamos todos os nossos segredos... Os professores chamavam a gente de "dupla dinâmica" e ao invés de criarmos apelidos uma para a outra, nos referíamos apenas pelas iniciais dos nossos nomes. A Anna sempre foi a alma do lugar onde estávamos, sempre fazia todo mundo rir, não suportava ver ninguém triste, sempre teve as melhores notas e não tinha inimigos. Nunca tive inveja, sempre admirei muito e sentia orgulho de ser a melhor amiga dela. No 7º ano, mais ou menos quando as meninas deixam de ser "chatas" para os meninos e os meninos deixam de ser "nojentos" para as meninas, eu e Anna, que é morena, corpulenta e dos olhos castanhos, chamávamos a atenção de muitos meninos, não que ligássemos. Um dia, eu e a Anna fomos chamadas para um teste de modelo de passarela. Só havia uma vaga para 10 meninas, e fiquei muito feliz quando a minha melhor amiga venceu. Ela ficou extremamente alegre, de um jeito que nunca tinha ficado antes, e eu achei que aquilo faria bem a ela... Eu estava enganada. No 9º ano, último ano na escola onde havíamos nos conhecido, pois lá só tinha o fundamental, Anna foi parar no hospital com uma anemia profunda. Foi preciso isso para perceber que minha melhor amiga sofria de anorexia. Nunca dei atenção quando ela praticamente parou de comer, nem quando ela dizia que estava gorda quando só ficava cada vez mais magra, e só comecei a me preocupar quando pequenos cortes começaram a aparecer na barriga e pulsos dela, mas ela sempre tinha uma desculpa convincente. Depois daquele dia no hospital, Anna começou a tomar remédios e se tratar, até que no 1º ano melhorou 100%, ao ponto de suspender seus remédios e seu tratamento. Me senti muito culpada por não perceber e magoada por ela não me contar tudo o que sentia, então fiz de tudo para ajudá-la e deu certo.
- Eu nem como tanto assim. - Respondi, com a boca cheia.
- Você já está no seu segundo pão-de-queijo, L !
- É pra comemorar o meu lindo 8,5 no trabalho do diário de redação. E você também deveria comer mais.
- Blá, Blá, Blá. - A revirou os olhos - Já escuto isso o suficiente da minha mãe, e além do mais, já comi meu hamburgão ! Vamos ao banheiro?
Terminei minha Coca-Cola e fomos ao banheiro. O sinal tocou anunciando o fim do intervalo. Entre as muitas coisas que tínhamos em comum, odiar matemática com todas as forças era uma delas. Quando o professor entrou, nós nos entreolhamos com uma careta e 5 minutos depois eu vi um bilhetinho com folha de cupcake voar para a minha mesa:
"Sorria, honey L ! Notícias ruins: Aula de matemática, Matt faltou. Notícias boas: Sexta-feira, aula de teatro. ❤"
Matheus era nosso melhor amigo gay desde o ano passado, e nós éramos um trio inseparável e, quando um de nós estava ausente, sempre sentíamos que faltava algo, um espaço a ser preenchido. Sorri para Anna e fingi prestar atenção na aula (Matt era um gênio em matemática) até que o sinal tocou anunciando o fim da escola por aquela semana. Eu e Anna saímos correndo, nos trocamos no banheiro da escola e fomos almoçar no Mc Donald's, como fazíamos todas as sextas, pois saímos da escola 12h30 e o teatro era 13h30. Pegamos o ônibus e chegamos ao teatro 13h32, dois minutos antes do professor começar a aula. Era a primeira aula do ano depois das férias.
- Hoje não teremos aula. Vocês irão nos contar como foram as suas férias e na aula seguinte começaremos a trabalhar um texto roteiro para a nossa primeira peça do ano. Boas-vindas aos novos alunos, faremos uma roda e vocês dirão seus nomes antes de começarmos.
Anna e eu éramos apaixonadas por teatro desde... Bom, desde sempre. Nosso professor se chamava Erick, era divorciado e o melhor professor do mundo. O nome dos três alunos novos eram Guilherme, Cindy e Pedro. Contamos sobre nossas férias, rimos e brincamos até as 15 horas, que era a hora que terminava a aula. Saímos de lá rindo e imitando a voz engraçada do aluno novo, e me senti feliz por ter uma melhor amiga como a Anna.
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Doce (não tão doce assim) Adolescência
RomanceE aí, pessoal ? Meu nome é Gii, e tenho 16 anos. Sou nova nesse negócio de escrever, então espero que tenham paciência kkkk... Por favor, façam comentários, elogios e críticas construtivas, pretendo postar uma vez por semana cada capítulo ! Espero q...