Casa

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Dê play na música acima e boa leitura  😊

Helena

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— Helena! Mas que diabos é isso? No que estava pensando garota?! Você vai se ver comigo mocinha — disse meu pai furiosamente. Dava pra ver suas veias saltando na testa. 

E foi assim que meu dia começou. Meu pai estava uma fera por eu ter pinxado a casa. Foi meu último ato impulsivo aqui. Vou deixar tudo para trás, minha casa, minhas lembraças, Ben.

Fui aceita em uma universidade de Artes em uma cidade que fica do outro lado do estado, iria morar com meus tios. Parece uma boa oportunidade, eu deveria estar mais animada, mas parece que estou fugindo.

É uma longa viagem de carro

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É uma longa viagem de carro. Coloco meus fones e me perco em devaneios. Recordei-me de quando tudo aquilo começou. Eu fui tola, me apaixonei pela pessoa errada, por alguém que não existia, não mais. Eu me apaixonei pelo que criei dele, ou é mais prático dizer que me apaixonei pelo antigo Ben, e sustentei isso mesmo depois de ele ter mudado. Era errado, sim, e eu tentei reverter isso de todas as formas, mas se tornou uma tarefa impossível. Não era mais o mesmo, andava sempre distante, estava sempre "ocupado", fazendo algo importante. Às vezes eu me pegava falando sozinha, exigindo sua atenção, eu estava ali o tempo todo, só ele não foi capaz de perceber, tanto que meu último namoro acabou por sua causa, eu estava defendendo ele, que idiota eu sou. Afinal me tornei muito boa pra ferrar as coisas para mim.

Ele já não é o Ben que conheci à cinco anos atrás, me dizendo que o que estava fazendo era errado, sendo careta e agindo como um irmão mais velho, sorrindo. Se tornou dificil lhe arrancar um sorriso sincero. Suas palavras se tornaram vazias, mas nem assim fui capaz de abandoná-lo. Eu o amava, eu o odiava. Eu tentava esquecê-lo, mas isso só mais me machucava. Poucas vezes pude vê o garotinho que conheci, e isso me dava falsas esperanças. Como fui tola...

Compreendi que seria mais fácil afastar-me dele do que ele de mim, foi preciso magoá-lo. Não, não foi nenhum tipo de vingança, eu também saí ferida disso. Eu me afastei, o ignorei, e agora estou fugindo dele. Mas isso vai ser bom pra mim, um novo começo, uma mudança, um hora isso vai passar.

Fico me perguntando se não fui infantil, ou se estava exagerando com tudo aquilo. Mas não importa mais, já é tarde.

🌁

Dormi a maior parte da viagem. Chovia muito, ouvi sirenes e vi luzes de viaturas, enquanto chegávamos na cidade. Um acidente, ouvi meus pais murmurarem. Era tarde então me recostei no banco traseiro e voltei a dormir. Não demorou a chegarmos, meus pais passaram a manhã comigo e então se despediram, vou sentir falta deles.

Choveu durantes toda aquela semana, fiquei enfurnada em casa arrumando minhas coisas no novo quarto, tinha até trazido uma foto nossa sem perceber, minha e de Ben, aquilo me deu uma pontada de saudade. Não. Você está aqui para esquecer e superar, pensei comigo mesma. E joguei a foto de volta na caixa de mudanças. Encarava agora meu reflexo no espelho.

— Deixei tudo para trás e ainda restou você — murmurei pegando em meus cabelos.

Fui então junto à minha escrivaninha, pintar para espairecer as idéias. Era um dia frio e agradável, mas a tempestade estava inquieta.

No dia seguinte a chuva deu uma trégua, e eu saí para conhecer um pouco a cidade. Ouvi dizer que havia um parque com bordos ali perto, é outono, devia estar deslumbrante. Mas é então que me deparo com um garoto em um banco sozinho no parque, era final da tarde, esperava ver mais pessoas. Ele notou minha aproximação, e fixou seus olhos em mim. Estavam vermelhos de tanto chorar.

Me aproximei...

Cores Vazias - Empty Colors Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora