Dê play na música acima e boa leitura 😊
Andrew
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— O-Olá, está tudo bem? O que houve? — Perguntou a garota, nunca a tinha visto antes, e seria impossível não notá-la com aqueles grandes e expessos cabelos azuis. Apressadamente comecei a limpar as lágrimas de meu rosto.
— Nada que precise se preocupar, — respondi bruscamente — você não é daqui é?
— Não, me mudei há poucos dias, ouvi sobre esse parque então saí para refrescar a cabeça e pegar um ar — diz ela já se sentando no banco, com os olhos fixos em mim, está preocupada.
— Ahh...
— Olha, tem certeza de que não há nada? — emenda ela, tentando aparentar calma — Sei que você não me conhece, mas...
— Eu matei meu namorado! — digo repentina e bruscamente. Ela arregala os olhos e agora aparenta confusão. Legal Andrew seu primeiro contato social em dias e você estraga tudo, penso.
— Ooooo....kay, acho que isso está fora de minhas habilidades básicas de psicóloga emocional - diz ela com desdém.
— Ohh... Deus, não, não. Não foi isso que eu quis dizer...
— Ah que alívio, quase entrei em pânico — diz ela soltando ao pouco o ar. Não pude evitar em rir.
— Desculpe é complicado, sempre é. — ela começa a se aproximar novamente à medida que falo — Aconteceu um acidente há poucos dias, e... Ele morreu por minha causa — digo pesadamente, a culpa estava a me esmagar.
— E-Eu não imaginava, lamento — ela diz desviando o olhar. — Mas, por que você acha isso?
— Nós discutimos, horas antes. Ele falava ao telefone comigo enquanto dirigia. E eu, eu falei coisas horríveis para ele — comecei a fraquejar, mas segurei o choro — eu parti seu coração, e causei tudo isso. Depois de tudo. Depois de eu revelar todos os sentimentos que havia escondido. Depois de saber que também os escondia e sentia o mesmo, confiara em mim para conhecer essa parte dele. Isso vem martelando em minha cabeça, a culpa... Essa dor pesa tanto — sem me dar conta, as lágrimas caem, levo as mãos ao rosto e às seco. — Desculpe, eu não deveria estar te contando isso...
Ela estava mais calma do que imginei, que ficaria, nem se importou com o fato de eu ser gay. Ela ainda com o olhar baixo encarava os sapatos. Então deu um longo suspiro como se para recuperar suas forças.
— Eu compreendo — disse enfim. — Mesmo. Passei pelo equivalente, não tão drasticamente, mas sei pelo que está passando — Ela levantou os olhos e encara à mim. — Eu me apaixonei uma vez, mas escondi tudo o que sentia, por medo de não ser recíproco, ou temendo que ele não fosse pessoa certa para mim. Esse amor foi minha ruína. Eu também disse coisas de que não me orgulho para ele, e então eu fuji. Deixei tudo que me depressiava para trás, menos isso — disse ela agarrando os cabelos —, a cor idealizada da minha tristeza.
Senti a mais sincera canção ressoar dela, ela era amarelo e azul, e sua música era triste e solitária.
— Então, depois de deixar todas as suas dores, por que ainda carrega uma delas consigo? — pergunto olhando para seu lindo e longo cabelo azul.
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Cores Vazias - Empty Colors Vol. 3
RomanceDois corações partidos. Um destino incerto. Os caminhos de Andrew e Helena se cruzam, juntos compartilham momentos, riem, choram, e tentam encontrar uma saída, tentam encontrar cores certas para suas vidas.