7. separadamente.

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POV: Camila

Cheguei em casa com o coração saturado de batidas. Dessa vez meu órgão vital batia errado e não era por uma boa causa. Estacionei o veículo de qualquer jeito e entrei com violência em casa, não sabia como disfarçar toda minha infelicidade.

Mamãe, papai e Sofia estavam na sala assistindo alguma coisa na televisão. Só consegui perceber pelo canto dos olhos quando mamãe fez menção de se levantar, vindo em minha direção mas papai a segurou pelo ombro. Subi as escadas com violência, sentindo o sangue pulsar em minhas têmporas e quando finalmente cheguei ao quarto, bati a porta mesmo sabendo que aquilo não era correto.

Me joguei na cama e a raiva tremenda não me deixava mais chorar. Eu havia passado um ano, 365 dias inteiros pedindo à Deus que ela acordasse. Pacientemente ao lado dela em uma droga de hospital, havia esperado por ela, me aproximado com calma e dado à ela todo o tempo do mundo. E pra que? Pra que ela simplesmente escolhesse outra pessoa. Escolhesse alguém que não esteve ao lado dela nos momentos que ela mais precisou, alguém que sequer a conhecia como eu a conheço.

Encarei o teto acima de mim, respirando fundo e pesadamente várias vezes. Meu celular vibrava como louco no bolso de trás mas eu sabia que não estava em condições de atender ninguém.

Três batidas leves na porta fizeram com que eu me sentasse imediatamente e em seguida a cabeça do meu pai apareceu na pequena abertura.

- Filha? Posso entrar? - mesmo querendo ficar sozinha achei que seria extremamente rude negar e, afinal de contas, nada disso era culpa de alguém além de mim mesma.

Assenti com a cabeça e ele trouxe o corpo pesadamente até minha cama, como se soubesse toda a dor pela qual eu estava passando.

- Clara ligou pra sua mãe alguns minutos depois que você saiu de lá e contou sobre Lauren e a nova garota, disse à sua mãe que você saiu de lá feito doida e estava com medo de algo te acontecer. - ri de uma forma debochada que ele pareceu ignorar e como se pudesse ler meus pensamentos, continuou - Nós como pais não temos o menor controle do que nossos filhos fazem. Tenho certeza que Clara não compactuou com nada disso, filha.

Balancei a cabeça, sentindo meu coração deixar a raiva ir embora e começar a ser tomado por toda tristeza e melancolia que podia existir.

- Sei que não quer conversar agora e nós te respeitaremos e daremos o tempo que precisar. Quando estiver pronta, venha até nós e faremos de tudo pra colar seus pedaços.

Senti naquele momento que não podia segurar mais nada dentro do peito. E quando ele se sentou ao meu lado, passei as mãos rapidamente por seu pescoço, ele me envolveu num abraço terno e deixou que eu molhasse sua camiseta preferida até sentir que não tinha forças pra mais nada.

Papai me ajeitou na cama e com um beijo na testa se despediu. Meu corpo doía como a eu tivesse levado uma surra e eu só tive forças pra puxar o cobertor até a cabeça, cobrindo-a por inteiro.

***

Na manhã seguinte Sofia levou meu café na cama e conversou comigo vários minutos sobre um passeio que faria com a escola em alguns dias. Precisei de muita força pra manter o sorriso no rosto até a pequena se cansar e sair, levando consigo a bandeja.

Meu telefone vibrou sob o criado mudo, chequei o visor.

DJ: Você está viva?

Não parece, mas sim.

DJ: Fiquei louca de preocupação com a sua saída dramática. Lauren levou mais de duas horas pra parar de te ligar.

Hum.

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