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Ah, mas que inferno. Como havia acabado a noite ali? Sarah sentia a música vibrar em seus ossos, quase fazendo-a querer dançar. Mas aquela não era uma noite de diversão.
Atenta a tudo e todos à sua volta, Sarah se misturava as sombras. A cada batida, a cada drop, a menina se virava freneticamente, procurando.
"Relaxe um pouco, *rebenok", ouviu a voz de Kira em algum lugar de sua mente.
Era fácil para Kira falar. Não era ela quem estava ali, no meio da multidão, sufocada por corpos dançantes. Não. Kira só se fazia presente quando estritamente necessário. Então é claro que, para ela, todas as reclamações de Sarah pareciam exageradamente dramáticas.
"Sarah, relaxe. Não vai querer começar um banho de sangue aqui". Por que Kira nunca podia estar errada? Respirou fundo. Se continuasse assim, era improvável que sequer conseguisse cumprir com sua tarefa, mas mesmo assim sentia seu interior se comprimir em ansiedade e expectativa.
Ela só precisava relaxar, certo? Isso não deveria ser tão difícil. Bastava que fechasse seus olhos e deixasse a música fluir pelo seu corpo. E foi exatamente o que fez.
You don't own me
Você não me possui
Don't try to change me in any way
Não tente me mudar de maneira nenhuma
You don't own me
Você não me possui
Don't tie me down cause I'd never stay
Não tente me amarrar pois eu nunca ficaria
Inspirou fundo e sentiu o coração desacelerar ao balançar o corpo no ritmo da eletrônica. O mundo estava lentamente se fechando até que finalmente sobrou apenas ela e o ritmo. Ali, Sarah se sentia uma marionete cujo titereiro era a própria batida e era a própria música que a escravizava.
Assim, aos poucos, Sarah foi ficando mais calma e relaxada, mas estava tão à deriva que esqueceu de manter-se escondida aos olhos comuns. Na verdade, estava tão à deriva que quase pôde se esquecer dele. Quase. Mas ainda assim, a garota sentia os olhos dele sobre si. Aquele cretino maldito! Se não tivesse a atraído para aquela boate, já teriam acabado com esse joguinho horas antes.
You don't own me
Você não me possui
I'm not just one of your many toys
Eu não sou um dos seus muitos brinquedos
You don't own me
Você não me possui
Don't say I can't go with other boys
Não diga que eu não posso sai com outros caras
Mas não era apenas ele que a observava. Naquele ponto, Sarah já se tornara o o centro das atenções. As mão, a barriga, as pernas... Todo o seu corpo se movia em perfeita sincronia, seduzindo quem quer que a olhasse. Homens a devoravam com os olhos enquanto mulheres invejavam seu corpo.
Só que, querendo ou não, aquele showzinho era para ele. Ele a olhava de longe, saboreando o espetáculo, saboreando com o olhar cada centímetro dela. E aquilo a mortificava por dentro.
I don't tell you what to say
Não me diga o que dizer
I don't tell you what to do
Não me diga o que fazer
So just let me be myself
Apenas deixe que eu seja eu mesma
That's all I ask of you
Isso é tudo que eu lhe peço
I'm young and I love to be young
Eu sou jovem e eu amo ser jovem!
I'm free and I love to be free
Eu sou livre e eu amo ser livre
To live my life the way I want
Para viver minha vida do jeito que eu quiser
To say and do whatever I please
Para dizer ou fazer o que eu quiser
Era esse o pensamento que a dominava quando Sarah sentiu braços fortes e masculinos a envolverem ao mesmo tempo que um corpo grande colava às suas costas, conduzindo seus quadris. Sentiu, então, aquele hálito quente tocar seu pescoço.
- Você ainda vai me enlouquecer - disse o outro.
Sarah quase engasgou com a surpresa. O que ele estava fazendo ali?
Rapidamente se recompondo, a menina virou-se e abraçou o pescoço do homem, ciente de que ele estava assistindo a todos os seus atos. Ela se aproximou do seu rosto e quando sua voz saiu foi como um carinho suave:
- Essa sempre foi a intenção, Victor...
Sarah riu da expressão incrédula do namorado. Afinal, seu professor ainda não estava acostumado com esse lado sedutor dela, esse que só se revelava quando ficavam sozinhos.
Ah, esses joguinhos de sedução...
Sarah não acreditava que poderia ser coincidência encontrar o namorado ali, mas não importava. Ela usaria isso a seu favor. Se ele queria brincar, então ela não mediria esforços.
Alheio aos pensamentos de Sarah, Victor a abraçou mais forte, se aproximando o máximo possível. Sequer pensava no estranho fato de encontrar a garota sozinha no meio da pista de dança, pois nada mais era importante quando a tinha em seus braços. É verdade que nunca pensou que acabaria se relacionando com uma de suas alunas, mas lá estava ele: completamente apaixonado. Não achava que tinha mais volta, e talvez realmente não tivesse. Naquele momento, ele se sentia totalmente dela.
Ele assistiu o casal de longe. Mas que inferno, o tiro havia saído pela culatra! Em vez de afetar Sarah com a presença daquele estúpido, ele apenas conseguiu irritar a si mesmo.
Sabia que Sarah estava fazendo a cena com a intenção de que assistisse, mas isso não deixou de fazer com que se enfurecesse. Seu sangue fervia. Seu espírito gritava por violência. Queria quebrar o pescoço daquele molequezinho que achava que podia tocar em Sarah. Sua Sarah.
You don't own me...
Você não me possui...
- You Don't Own Me by Grace ft. G-Eazy
(Candyland Remix)
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* Rebenok significa "criança" em russo
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Reaper Serenade
VampirClaro que se apaixonaria, como não? Ele a completava. Antes, tudo era mais simples. Antes, não conhecia as trevas da própria alma. Mas então ele veio. E ela se apaixonou. Ela entregou-lhe sua inocência. Antes, amar era o suficiente. E então acontece...