Into You

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Está sendo muito bom ter Jay aqui comigo, mas ainda tem a minha vida, não posso deixar a escola e minha família de lado, pelo menos não agora.

Os dias foram se passando e eu ficava de manhã na escola, já que tive que voltar.

Ivy ficou bem contente com isso, só estranhou o fato d'eu ter cortado o cabelo, mas logo ela aceitou.

Ficava um pouco em casa à tarde, mas lá pelo começo da noite eu fugia pro meu apartamento pra ficar com Jay. A única pessoa que sabia das minhas "fugas" era Joel, inventei uma desculpa que ainda estava me recuperando e precisava ficar sozinha e ele me acobertava, o que era fácil, meus pais não ficam quase em casa e eles sempre prefiriram a Lottie, então eles nem notavam minha ausência.

Era uma manhã de sábado e mais planos, só nessa semana saímos todos os dias, ops noites. Jay me explicava como funcionava Gotham, como eu deveria ser, ou melhor com Becky deveria ser, mas ela ainda estava incompleta, como um filme quando se cortam as partes principais.

"Pequena..?" - ele me tirou dos meus pensamentos.

"Oi, fala."

"Precisamos criar uma história pra Becky, tudo tem que estar perfeito. Qualquer erro e nós podemos ser descobertos."

"Eu sei" - disse virando pra ele, já que estava de frente pro espelho secando meu cabelo - "De volta ao trabalho."

Peguei meu caderno que agora já estava quase todo escrito e começei.

"Pra começar acho bom um nome completo." Falei

"Sim, ainda custo em acreditar como Jason confiou em uma garota que ele só sabia o primeiro nome."

"Foi o meu charme" - brinquei e ele sorriu, o que já virou um hábito quando estamos juntos - "Mas agora foco!!" - enquanto pensava fazia as duas coisas que entregavam meu TDAH, estalava os dedos e mexia a perna direita.

"Já sei, Rebecca Anne Benoist. O que acha?"

Jay que estava focado em meu notebook com adesivos de florzinhas no seu colo voltou a atenção pra mim.

"Ótimo, ninguém com esse sobrenome na cidade, tudo indica que é de fora. Veio de onde?" Ele me questionou rápido

"Nova York, usei o sotaque do meu primo Jesse pra falar com ele, mas pelo jeito dela e meu bronzeado também morou uns tempos em L.A."

"Está ficando boa nisso." Ele me parabenizou

"Valeu. Agora vamos de família. Garotas rebeldes e da noite na maioria das vezes cresceram sozinhas. Então...a mãe morreu quando ainda era muito jovem, e o pai bêbado e drogado foi o motivo dela fugir pra L.A buscar seus sonhos, quando nada deu certo Gotham foi sua escolha final."

Jay agora não tinha mais o foco no notebook agora ele olhava apenas pra mim.

"O que foi?" Perguntei curiosa, seus olhares fixos em mim me deixavam corada.

"Sua capacidade de inventar histórias é rápida mesmo com seu diagnóstico de TDAH, isso é uma vantagem em nosso lado. Gotham me ensinou a sempre ter uma boa história pra contar como prova. E se você não for bom nisso é melhor aprender a correr bem rápido."

Ficamos mais uns minutos criando a história de Becky e isso já estava me entediando.

"Pronto, fase um completa. Becky definitivamente existe. Mandei uma mensagem agora mesmo pra um colega meu da escola que falsifica identidades e ele vai quebrar essa pra mim, disse pra ele que ia fazer uma pegadinha com Joel e ele acreditou."

"Mas e a foto?"

"Disse pra ele fazer só o documento, que hoje eu estava feia pra tirar fotos mas precisava do documento urgente e que depois eu dava um jeito na foto."

"Minha garota!!" - ele piscou pra mim e logo perguntou - "É só eu que estou entediado aqui?"

"Não, que tal saírmos pra comprar algumas coisas? Acho que minhas roupas não servem pra Becky."

"Por mim tudo bem." Ele responde dando de ombros

"Só vou me trocar rapidinho."

"Pra quê? está tão linda assim."

"Sério?"

"Sim" - ele disse com as buchechas coradas.

"Então vamos."

Me levantei da cadeira, guardei meus cadernos, calçei meus sapatos, peguei minha carteira e meu celular e fomos.

Descemos de elevador até a garagem e fui pegar meu carro, tenho apenas a carteira provisória mas acho que serve.

Saímos de Gotham e fomos pra cidade vizinha, Metropolis onde tem o meu segundo shopping favorito. O meu primeiro é o de National City mas não fiz isso, Jay poderia ficar chateado ou triste por voltar pra sua cidade antiga.

Chegamos em menos de uma hora e começamos as compras. Gastei por três pessoas, Lauren, Becky e Jay. Ele era um garoto extremamente legal, e como eu, parecia um pouco mais feliz quando estávamos juntos.

Mas via o jeito que ele me olhava toda vez que eu parava numa vitrine pra olhar um vestido ou sapato.

Ele ainda deve achar que eu sou uma riquinha metida, mas não é isso. A parte do rica talvez, mas olhando pra ele agora me fez ver o que era realmente importante pra mim.

Não era só o que Jay pensava de mim, e sim cumprir nossa missão.

Good Night GothamOnde histórias criam vida. Descubra agora