Capítulo 26 - e-mail 01

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Ok, esse capítulo e mais alguns estão num formato diferente e deixando bem claro, ambos os endereços de emails são ficcionais!


Mês um

De: lauren.mj@wmail.com

Para: camila.cll.@wmail.com


Assunto: Tudo parece igual.


Querida Camz,

Tudo em Alepo parece do mesmo jeito desde a última vez em que estive por aqui... O sol forte que queima minha pele sobre o uniforme grosso, o vento que arrasta a poeira sobre os meus pés, a cama desconfortável e com um enorme cheiro de mofo no dormitório, a péssima comida servida no refeitório, o barulho dos caças cortando o céu a procura de algum alvo para seus morteiros... até mesmo o ronco da Verônica continua igual (Eu com certeza prefiro os seus tapas antes de dormir aos roncos dela).

Parece... Acho que esse foi melhor termo que eu poderia ter escolhido. Dentre todas as vezes em que estive por aqui, agora, algo está diferente... algumas coisas, na verdade. Assim que cheguei, eu e meus companheiros de batalhão fomos designados para ir ao centro da cidade, em uma missão de reconhecimento territorial. Eu já esperava encontrar alguns prédios destruídos, cartuchos de arma usados e destroços espalhados pelo chão, pessoas nos encarando com olhares temerosos, mas para a minha surpresa e tristeza, tudo por lá havia piorado... Havia muito mais destruição do que você possa imaginar, quase não existem mais prédios em pé, as calçadas estão repletas de entulhos, as pessoas parecem ter desaparecido... É uma cidade aparentemente morta. A única coisa que se pode ouvir são os tanques de guerra passando por cima dos entulhos e tiros aleatórios sendo disparados.

Um dos meus superiores nos explicou que o grupo rebelde, nos últimos dias, conseguiu tomar a maior parte da cidade em seu controle, mas que reforços do nosso lado já estariam sendo enviados para ajudar (Talvez tenha sido por isso que eu tenha sido chamada novamente tão cedo).

Antes que você pergunte, eu ainda não sei por quanto tempo iriei ficar por aqui, do jeito como a situação está, não tenho boas previsões, mas posso afirmar que não iriei ficar mais dois anos afastada (Eu não iria aguentar ficar todo esse tempo longe de você e do Benjamin). Verônica e Troy, aparentemente, também não têm mais o mesmo entusiasmo para ficarem aqui durante um longo período de tempo.

Além da cidade, algo a mais está diferente e esse algo a mais sou eu... Parte de mim está se sentindo acomodada na velha rotina do batalhão e acredite, não é algo que eu não goste... Eu sempre gostei do arriscado, de poder ajudar em algo que a maioria das pessoas não se prontificaria, de me sentir livre para essa adrenalina... É algo que eu preciso, sempre precisei e não seria diferente agora, mas estranhamente, meu olhar sobre mim mesma mudou desde que cheguei. É uma sensação estranha, como se alguma formiguinha estivesse andando pelo meu coração e um desconforto irritante começasse a surgir... Ou talvez eu só esteja desacostumada a toda essa realidade diferente em que vivo por aqui.

Mudando o foco da situação e de lugar, como estão as coisas por aí? Dona Clara já parou de chorar pelos cantos? Meu pai está ficando ainda mais careca? Aposto que sim... Imagino que tudo e todos na PJ's estejam da mesma forma, no meio de todos aqueles doces maravilhosos e conversas animadas... (Ou fofocas animadas).

Agora a parte que mais me interessa, como você e Benjamin estão? Ele tinha uma consulta marcada há alguns dias, se me lembro direito... você conseguiu leva-lo? O que a médica disse? Eu consegui trazer comigo um pequeno caderno e comecei a esboçar algumas ideias para a casa da árvore, que prometi fazer com ele quando voltar... Nós podemos usar aquela árvore no canto do quintal, ela tem uma boa estrutura e irá aguentar o peso, podemos colocar até um balanço... Ou dois, um para a Harper também... Oh, posso fazer um escorregador também, vou anotar essa ideia. Acho que consigo convencer a Vero e o Troy a me ajudarem em troca de alguns doces da PJ's (É a melhor tática, nunca falha).

PJ's Heart - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora