Keep Calm.

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/Mantenha a calma (E siga em frente)/

◤Expressão criada na segunda guera mundial. Foi decidido imprimir pôsteres para acalmar a população aflita e aterrorizada, porém o terceiro pôster, onde a frase Keep Calm and Carry On se encontrava, só foi encontrando 61 anos depois. Para o cineasta Temujin Doran, diretor do curta que narra a história do pôster, as palavras são a chave para o sucesso: "trata-se de uma voz histórica, que oferece uma mensagem simples e sincera para inspirar a população a superar tempos difíceis. É um conselho que nunca envelhece: mantenha-se calmo e siga em frente".◥

Assim que Aurora e eu entramos em meu apartamento, me certifiquei de que as janelas estavam todas trancadas e liguei o aquecedor. Ainda nevava lá fora, e o frio estava cada vez pior. Tivemos que deixar o carro estacionado a dois quarteirões do meu prédio e caminhar o pouco caminho até meu apartamento. Poucas pessoas ainda se arriscavam a continuar dirigindo nas ruas, já que a maioria dos carros atolavam por conta da neve.

—Pode se sentar e deixar suas coisas em cima da mesa. — Falei a Aurora, ao vê-la em pé ao lado da porta, olhando o local com uma expressão assustada — Não precisa ficar assim, Aurora. Não vou te morder. E garanto que os móveis também não.

Sorri e ela retribuiu o sorriso acenando com a cabeça, retirando o casaco e sentando-se em uma das minhas poltronas.

Retirei meu casaco e o coloquei na borda do sofá. Fui até a cozinha e retirei duas taças de vidro do armário e o vinho branco da geladeira. Com as taças e o vinho nas mãos, voltei a sala e me sentei no sofá ao lado da poltrona onde Aurora estava.
Entreguei uma das taças a Aurora e a mesma me olhou confusa, estendendo a taça novamente para mim.

—Desculpe, eu não bebo. — Aurora falou.
—Não se preocupe, é apenas para você relaxar. — Assegurei enquanto colocava um pouco de vinho em sua taça.

Aurora em um gesto clichê, aproximou a taça de seu nariz e o cheirou, fazendo uma estranha expressão. Seus olhos observavam atentamente o vinho de cor dourdo-âmbar, como se fosse uma criança descobrindo as coisas novas do mundo.

—Tem certeza que não é muito forte? — Perguntou ainda incerta.

—Só o suficiente para fazer você se acalmar. — A tranquilizei enquanto colocava vinho em minha taça, colocando em seguida a garrafa na mesa e me sentando no sofá.

Levei minha taça até os lábios e bebi todo o conteúdo de uma vez, sentindo o fraco ardor em minha garganta. Toda semana comprava uma garrafa de vinho, já estava acostumado com seu gosto e o ardor.

Assim que a taça saiu do meu campo de vista, olhei para Aurora que apenas havia bebericado o vinho. 

—Vamos lá, Aurora. — Incentivei, entortando os lábios. Levantei-me do sofá e me agachei em sua frente colocando ambas as mãos em cada lado do seu rosto. — Você precisa relaxar um pouco. Hoje foi um dia difícil, não foi?

Aurora balançou a cabeça afirmando, soltando um grande suspiro frustrado.

—Você está cansada, não está? — Aurora novamente afirmou, e eu sorri ao notar que estava conseguindo convencer-lá. — Você também merece um descanso, não merece?

Ela levantou sua cabeça e me olhou nos olhos, franzindo as sobrancelhas como se só agora conseguisse perceber a sua situação.

—Um descanso? — Murmurou baixo.

—Sim, Aurora, um descanso. 

—Sim, eu... Eu mereço um descanso. — Respondeu agora em um tom mais alto, destemida.

Só talvezOnde histórias criam vida. Descubra agora