All ruined

13 0 0
                                    

/(Tudo)Arruinado/

◤Em estado de ruína; destruído, devastado, derrubado.◥

A noite hoje estava fria, talvez fria até demais. Não estamos numa época de frio, mas não era nenhuma novidade a temperatura estar assim. Hoje é quinta-feira, provavelmente faltam apenas um mês para o casamento de Florence. Ainda não tenho nada resolvido, não comprei o presente, não aluguei um terno descente, nem se quer falei antecipadamente com John sobre isso para poder pedir uma folga.

Não quero ir, não gosto de casamentos. Claro, a ideia de casar é começar uma nova vida, agora à dois. Compartilhar sua vida, seus segredos e seus medos com alguém é algo fascinante. Apenas acredito que isso anda sendo muito estragado ultimamente. Sim, é algo importante, mas para quê ter tanta enrolação? Não séria mais fácil apenas perguntar se os dois aceitam e pronto? Ou melhor, não haveria necessidade nem de perguntar, afinal, se eles estão lá é porquê já sabem o que querem, certo?

Céus, eu odeio casamentos.

Com toda a certeza imagino que meu pai estará lá, e esse é o principal motivo pelo qual eu não quero ir. Eu realmente não sei o que fazer, sei que Florence estará me esperando, tanto que anda me ligando quase todo o dia para me lembrar do casamento. Mas, se fosse pelo meu pai, eu não iria. Apenas de imaginar ele, com seu maravilhoso e impecavel terno, com seus dentes maravilhosamente brancos, ao lado de sua maravilhosa esposa e da sua maravilhosa filha, sorrindo enquanto esbanja sua maravilhosa "família", me dá ansêa de vomito. Ainda não sei como ele ainda conseguiu continuar com Agnes, minha madrasta, mas se ele conseguiu manter nossa família durante dezoito anos isso não é algo que me surpreenda.

Talvez minha mãe também vá. Isso é algo que me deixa em dúvida, afinal eu quero ou não ir? Tenho medo de ver a minha mãe e vê-la mais uma vez se recusando a se quer olhar para mim, como quando eu tinha quinze anos. Também tenho medo de ir e ter que vê-la se desculpando, tentando conversar comigo ou algo parecido. Não sei se quero ou não que ela fale comigo, ela é minha mãe, acima de tudo, mas a magoa que guardo dela é enorme. Apenas eu sei quantas as vezes que eu quis abraça-la, quantas vezes eu precisei de apoio e não tive ninguém. Apenas eu sei o que passei com o Desmond e a sua mulherzinha perfeita.

Suspirei, fechando o resto dos botões da minha camisa. Faltava quinze minutos para as sete, daqui a pouco iria buscar Aurora. Depois de muito pensar, finalmente cheguei a conclusão de que eu estou sendo inseguro demais. Nós nos beijamos no hotel, certo? Além do mais, passamos vários momentos juntos durante a viagem. Por mais que eu ainda não saiba se ela está me dando sinal verde ou não, eu decidi que realmente irei tentar avançar um pouco mais. Sim, sei que tem a chance de eu fazer besteira e estragar tudo, mas, céus, é tão difícil me controlar quanto estou perto dela. É difícil não sentir ciúmes quando vejo alguém olhando-a. Ela não é nada minha, qual garantia que eu tenho de que posso ficar tranquilo?

Peguei meu celular e minha carteira e os coloquei dentro do bolso da minha calça. Matthew havia me ligado avisando que já estava indo para o pub, Louis me disse que iria chegar um pouco depois de mim, e eu havia ligado há pouco tempo para Aurora, avisando que logo estaria indo busca-la.

Como sua casa não era tão perto da minha eu tinha que ir um pouco mais cedo. Vesti meu casaco e sai de casa, trancando a porta. Desci pelas escadas até o terreo e fui até o estacionamento buscar meu carro. Com ele já na estrada, tive a sorte de dirigir pelo trânsito tranquilo. Matthew e eu aproveitavamos para sair em um dia da semana pois nos sábados e domingos o trânsito ficava um completo caos. Várias pessoas cansadas que procuravam urgentemente por bares ou lugares que pudessem os deixar relaxar.

Só talvezOnde histórias criam vida. Descubra agora