Problem.

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/Problema/

◤Questão social que traz transtornos e que exige grande esforço e determinação para ser solucionado.◥


    Analisei a papelada em minha mão e suspirei frustrado. Estava há horas examinando toda a papelada com os nomes das centenas de livros que eu ainda teria que analisar. Mas não era isso que me incomodava. Há cinco meses enviei meu currículo para trabalhar aqui. A livraria Hatchards era uma livraria de sucesso, com várias lojas distribuídas pelo mundo. Aqui em Londres também havia uma, a maior de todas elas, já que aqui era onde se localizava a empresa do dono da marca de livros.

Enviei meu currículo após descobrir que Aurora era uma grande fã de alguns escritores dessa marca, vendo aqui uma oportunidade para me aproximar mais dela. Infelizmente, acabei me perdendo nos meus devaneios, na esperança de ser contratado como um simples atendente ou alguém para cuidar dos livros, acabei-me esquecendo de que havia feito um curso superior de astronomia.

Após entrarem em contato comigo para conversarmos sobre qual seria meu papel na empresa, ignorei e aceitei de primeiro o trabalho que me proporão. Novamente me enganei e imaginei que iria trabalhar como um dos funcionários da biblioteca principal da loja, cuidando da área de astronomia, porém fui contratado para ficar na área de revisão da loja. Me deixaram responsável por analisar e examinar todos os livros de astronomia. Como eu fiz um curso superior sobre, eu teria mais conhecimento para analisar os livros que estavam sendo indicados para a biblioteca principal.

Não vou mentir, o salário é ótimo, tenho férias todo os mês e sempre estou sendo elogiado pelo gerente sobre meu ótimo desempenho no meu trabalho. Minha ideia no inicio era apenas ver Aurora mais vezes, já que ela vinha aqui toda semana, porém fico sentado em uma poltrona desconfortável em um escritório nos fundos, durante infelizes quatro horas.Pensei em me demitir, mas acabei deixando isso de lado e continuei trabalhando aqui.

Bebi mais um pequeno golé do meu café e terminei de transcrever a papelada para o computador, salvando o arquivo com os nomes dos mais de trezentos livros, os quais eu os li, e os enviando para o email de Philip, o gerente da loja. Suspirei aliviado e me encostei na poltrona, relaxando e depositando todo meu cansaço sobre ela.

A noite, assim que saísse daqui seria a mesma coisa. Mais papeis para rever, mais algumas canecas de café e escutar mais algumas vezes os sons das músicas melancólicas e lentas da minha vizinha. Já era uma senhora de idade, aposentada que era extremamente ignorante. Fedia a cigarros e a hospital, vestia-se com roupas longas e largas, passava o dia inteiro ouvindo músicas velhas e sem graça.

Senti meu celular vibrar sob a mesa a minha frente e bufei. Me inclinei e vi o nome de Matthew na tela.

—Sim? — Falei assim que atendi o celular.

—Harold, é o Matthew. Tenho algumas boas noticias para você. — Matthew falou com sua voz grossa. Ele era a única pessoa mais ranzinza e mal humorada que eu, o que acabou nos aproximando.

Há um tempo atrás fiz vários favores a Matthew, sendo um deles o tirar da cadeia e lhe ajudar a arrumar um emprego. Matthew me devia muito, e tinha plena consciência disso.

—Fale. — Respondi impaciênte, enquanto batucava meus dedos sobre a mesa.

—Lembra-se dos passes vips que me pediu para a feira de livros? — Sua voz saía num tom orgulhoso, conhecendo Matthew como eu conhecia seu ego estava nas alturas. — Bem, eu consegui. Vou te enviar eles hoje, devem chegar pela noite.

—O que?! — Exclamei, me levantando da poltrona. — Está falando sério?

—Claro que estou, Harold. Você me pediu os passes vips e eu consegui. — O tom de ofendido de Matthew não se passava despercebido, provavelmente ela estava novamente batendo seu pé contra o chão, o seu tipico tique nervoso. — Estava imaginando que eu não iria conseguir, não é?

Só talvezOnde histórias criam vida. Descubra agora