Travel.

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/Viagem/

◤O ato de partir de um lugar para outro, relativamente distante, e o resultado desse ato.◥

Minhas pernas estavam um pouco tremidas, meus dedos batucavam em consequência de um enorme nervosismo. Sentia vontade de me bater por estar parecendo um adolescente estúpido.
Milhares de formas de pedir para ela me acompanhar na feira de livros passavam em minha cabeça. Teria apenas uma chance, e por mais que eu soubesse que ela gostaria de certeza ir a esse evento, talvez minha companhia não fosse uma das melhores.

O tempo estava se esgotando, o carro estava se aproximando da sua casa. Os ingressos estavam no meu bolso, o evento seria daqui à dois dias e eu ainda não havia a convidado. Talvez ela também recusasse pelo que viria junto do evento. Teríamos que ir até Olympia, onde ficaríamos em um hotel durante os três dias do evento. Talvez seus pais não deixassem, talvez algo a impedisse de ir, talvez ela não quisesse passar três dias colada à mim ou talvez ela apenas achasse que fosse algo muito repentino de se pedir.

Olhei de relance para Aurora e por um minuto consegui manter-me tranquilo. Ela parecia calma, sua cabeça estava apoiada sobre seu braço na janela enquanto ela observava cada casa pela qual passávamos. Lembrei-me então que eu não havia visto os pontos positivos nisso tudo. Talvez ela aceitasse, talvez ela me achasse uma boa companhia, talvez ela gostasse de passar um tempo fora de casa e até talvez seus pais deixassem ela ir comigo. Só talvez.

O carro então aproximou-se de sua casa e então soltei um suspiro trêmulo. Parei o carro e me encostei no banco, passando minhas mãos sobre minhas pernas. Olhei para Aurora que vestia seu casaco e colocava sua pequena bolsa em seu ombro. Ela então olhou-me hesitante, afastando alguns pequenos fios de seu rosto, enquanto tentava dizer algo.

—Eu sinto muito por ontem a noite... — Sussurrou, enquanto brincava com seus dedos. — Eu não devia ter bebido tanto.

—Não imaginei que fosse ficar tão alterada com vinho. — Falei sorrindo levemente, tentando amenizar a situação.

—Eu sinto muito.. — Murmurou novamente, de cabeça baixa.
—Hey, não se preocupe com isso. — Respondi sorrindo enquanto colocava minha mão sobre suas costas, acariciando levemente o local. — Foi algo bom. Você pôde relaxar pelo menos por um tempo, não foi?

Surpresa, Aurora sorriu e acenou. Vê-la assim era tão bom, sem sombra de duvidas melhor do que vê-la triste e cabisbaixa como estava ontem.

—Quer que eu lhe acompanhe? — Perguntei assim que ela já havia saído do carro. A confusão no seu rosto foi clara, então continuei. — Para conversar com seus pais sobre ontem. Sabe, talvez eles não reajam bem em saber que você passou a noite na casa de um homem...

Aurora então acenou mas logo em seguida deu um passo para trás e balançou a cabeça negativamente diversas vezes. Parecia preocupada, parecia um tanto que assustada. Sempre que eu tocava no assunto de seus pais ela agia assim, como se estivesse escondendo algo. Seus pais talvez fossem muito protetores, eu até entendia isso. Bem, talvez não já que não se preocuparam em ligar para saber onde ela estava ontem a noite.

—Não, não será preciso. Eu apenas irei explicar direito e eles irão entender, tenho certeza. — Respondeu rápido, enquanto dava passos para trás até sua casa.
—Tem certeza? — Perguntei incerto. Aurora acenou positivamente e então virou-se e caminhou até sua casa, onde antes de entrar acenou e sorriu levemente.

Encostei minha cabeça no apoiador do banco do motorista mas em algo rápido abri a porta do carro e sai. Havia me lembrado que não tinha entregado a Aurora os convites, tinha esquecido e deixado a chance passar. Não poderia deixar isso acontecer, estava muito em cima da hora, não haveria outra oportunidade.

Só talvezOnde histórias criam vida. Descubra agora