2. A Janela

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Canadá, Vancouver, 11 de Janeiro.

Depois da escala em Toronto finalmente chegamos em Vancouver, era uma bela cidade como o cara de preto havia dito para mim. Pegamos um taxi assim que chegamos e fomos para a nossa nova casa, por falar em casa, ela era linda, sua frente era pintado com tons de branco e dourado, assim como por dentro da casa, era lindo, tinha um jardim imenso, era como nos filmes...

Assim que entramos na casa ela já estava com móveis pois meu pai já tinha organizado tudo antes da gente se mudar. Meu quarto ficava no segundo andar no fim no corredor, ele era lindo e espaçoso e ainda tinha um banheiro só para mim. Talvez essa mudança nem tenha sido tão ruim assim.

-Ei, pirralha.- meu irmão falou entrando no meu quarto.
-Quê ?.- disse virando para trás e vendo ele com os braços cruzados encostado na parede.
-Acho que vou da uma voltinha pelo shopping, que vim comigo ?
-Tá, eu só vou tomar um banho.- disse meio surpresa.
-Ta bom, vê se não se atrasa, vamos sair daqui as 17:30.- ele piscou para mim e logo saiu do meu quarto fechando a porta.

17:30 ? Olhei as horas no meu celular e eram exatamente 17:00. Por alguns instantes eu tinha esquecido do fuso horário. No Brasil era umas 14h, mas aqui já era 17h.

Eu tinha meia hora para me arrumar, então abri minha mala e tirei as coisas que eu iria usar para sair.

Minutos Depois

Eu estava olhando no imenso espelho do meu quarto, eu estava usando uma calça preta, blusa branca, um casaco preto com capuz e meu all star preto. Resumindo, eu praticamente estava vestida toda de preto. Soltei meu cabelo partindo ele de lado, peguei meu celular e meu fone de desci as escadas.

Nathaniell já estava me esperando do lado de fora. Assim que eu cheguei a gente foi andando pela cidade até chegarmos no shopping.

-Espero que aqui tenha bastante Garotas bonitas.- ele olhou para mim e fez uma cara de malícia.
-Credo Nathaniell, você só pensa em garota.- revirei os olhos e ele gargalhou me abraçando.
-Tenha um pouco de senso de humor pirralha.- ele disse esfregando sua mão do meu cabelo e sorrindo.

Naquele momento eu sorri também ao ver que pelo menos ele não tinha mudado. Coloquei o capuz e a gente seguiu andando até a praça de alimentação.

-Iai ? Vai querer o de sempre ?.- ele olhou para mim e eu apenas assenti que sim com a cabeça.- Certo, pegue um lugar para sentarmos.

Olhei em volta e ali não estava totalmente cheio, mas o que eu percebi era que tinha bastante adolescente.
Vi então uma mesa vazia e decidi me sentar por ali mesmo e esperar o Nathaniell chegar com os sorvetes.

Eu podia ver adolescentes se beijando por todo lado, parece que aquilo era tipo um hotel em forma de Shopping. Eu via crianças brincando, pais correndo atrás de seus filhos, uma bagunça, aquilo me fez sorrir.

Lembrei de quando eu saia com o pessoal para me divertir e ficar um pouco longe de casa, aquilo não era diferente, mas agora eu estava em um lugar totalmente diferente, minha vida iria mudar ali mesmo, eu iria mudar, iria ser uma nova pessoa, eu sentia.
Pensamentos me fizeram lembrar do garoto do avião sorrindo para mim, aquilo me fez arrepiar. Quem era aquele cara? Ele era estranho, mas por que eu to pensando nele ?

-Oi linda, esta sozinha ?.- um garoto se aproximou de mim e se sentou do meu lado. Seus cabelos eram castanhos claros, seus olhos eram em um tom de mel.

Olhei para ele por baixo do capuz e ele me olhou de baixo a cima, logo atrás dele tinham mais 3 garotos e todos eles estavam me comendo com os olhos, se assim posso dizer.

-Não se aproxime.- eu disse me distanciando um pouco dele.
-Mas porque ? Vai dizer que não gosta que eu faça isso ?.-ele sorriu colocando sua mão em minha perna.

Eu estava em pânico e assustada, mas claro, não iria demonstrar. Olhei para os lados tentando achar alguém a quem pudesse recorrer mas nem o meu irmão eu estava vendo.

Peguei a mão dele que estava na minha perna e fiz força para tentar torcer a sua mão. O mesmo sentiu dor e gemeu assim que eu torci a sua mão.

-Cretina !.- ele disse pegando a sua mão e olhando para ver se tinha algo mais grave.

-Não se aproxime.- eu repeti isso e me levantei da mesa indo em direção ao banheiro.

Depois que sumi da vista deles eu corri o mais rápido possível até me bater com o Nathaniell.

-Eiii, pra onde vai com tanta pressa ?.- ele segurou firme o sorvete que já estava caindo de suas mãos.
-Vamos sair daqui agora!.- eu disse puxando ele pelo braço.

Ele não questionou nenhuma das minhas atitudes, apenas concordou e fomos para casa o mais rápido possível. No caminho eu expliquei o ocorrido para ele. Claro, ele ficou com raiva, mas naquele momento ele não podia fazer mais nada, apenas sair dali mesmo. Olhei em suas mãos e ele já tinha comido os 2 sorvetes que havia comprado.

Caminhamos de volta para casa já que não era nem muito longe e nem estava muito escuro. Eu estava ainda em choque, aquilo nunca tinha acontecido comigo antes, não sei nem como eu tive forças para torcer a mão daquele garoto. Até parecia um pouco durona, mas por dentro, só faltei morrer de medo, mas passou.

Chegamos em casa e eu fui direto para o meu quarto. Minha mãe iria me matricular no colégio no dia seguinte o que significava que eu teria que ir para escola no começo do mês que vem. Eu não queria ter que conhecer gente nova, falar com gente nova, ter matérias novas, professores novos...eu não queria ir para a escola.
Nathaniell já era maior de idade, ele tinha 20 anos e já estava na faculdade, ele ta fazendo arquitetura, ele era bem inteligente e nunca nem tinha ido para nenhuma recuperação de quais quer matéria, porém ele tinha o jeito peculiar dele de se divertir.

Meu quarto tinha uma janela que dava para a parte de trás da casa, era escuro por lá sem nenhum tipo de iluminação, dava medo, mas era relaxante, olhei por algum tempo aquela parte, ela era coberta de arvores e colinas, era até bonito, a noite podia ser vista a lua como única iluminação daquele local. Me debrucei sobre a janela e fiquei olhando a lua e as colinas, mas algo me chamou atenção, havia uma luz vermelha entre as arvores.

Eu me levantei e peguei uma lanterna que estava sobre a escrivaninha e mirei no local em que eu teria visto a tal luz vermelha.

Naquele momento o meu susto foi tão grande que deixei a minha lanterna cair do lado de fora da janela, Era um Rosto ! um Rosto ! eram Olhos !

Fechei a janela rapidamente e me afastei da mesma, aquilo era assustador, meus olhos estava cheios de lágrimas e um pavor tomou conta do meu corpo.

Pulei na minha cama e me enrolei até a cabeça com o lençol, eu estava muito assustada, aqueles olhos me observava o tempo todo que eu estava na janela, meu corpo tremia, quem poderia ser ?

The Sun and The MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora