1- Duras algemas

817 59 26
                                    

Os corpos cobertos apenas por biquínis de cada uma das quatro amigas, colidiram com força contra a lateral da viatura de polícia. A noite estava estrelada, a lua iluminando a rua vazia quase por volta das duas da manhã, os astros celestes estavam mais brilhantes como se quisessem também contemplar a cena. Parecia o cenário ideal para a festa que alguns jovens protagonizavam há minutos atrás, mas na verdade, para alguém naquela festa, essa noite pareceu o ideal perfeito para um crime, um assassinato. Dentre os principais suspeitos estavam Mel, Roberta, Vanessa e Bella, as inseparáveis melhores amigas. Logo, duras algemas se fecharam envolta dos pulsos das jovens garotas.

- Essa porra tá doendo, seu merda!

Roberta gritou alto com o policial que prendera seus punhos, o policial baixinho com ar de arrogante apenas pressionou o corpo da garota ainda mais contra o carro, a machucando levemente. Se aproximou de seu ouvido permitindo que a garota sentisse o volume da arma em sua cintura, então sussurrou entredentes:

- Cuidado com o palavreado, mocinha - advertiu antes de soltar o corpo da jovem.

A morena de olhos verdes o olhou com fúria, achava um abuso os policiais agirem com tal força e desrespeito com elas, e não se importava em ter que xingar nenhum deles, afinal, Roberta sempre fora a mais revoltada das amigas.

- Eu não fiz nada! - Mel gritou em um choro agonizante - Chamem o meu pai, quero meus pais aqui, eu não fiz nada.

Melanie, ou melhor, Mel como gostava de ser chamada, dava um verdadeiro espetáculo diante da equipe policial parada frente à casa que havia sido feita de palco dos horrores aquela noite. As lágrimas banhavam o rosto delicado da pequena garota de longos cabelos castanhos, seu desespero era quase palpável, a jovem doce e meiga jamais poderia imaginar que as coisas dariam tão errado naquela festa.

- Você tem o direito de ficar calada, qualquer coisa que disser pode e será usado contra você.

Uma oficial feminina repetiu as palavras de forma mecanizada para a doce menina enquanto abria a porta de trás da viatura para enfiar a pequena dentro.

- Eu só quero meus pais!

- PUTA MERDA, MEL! - Bella berrou para a amiga - fica calada, esse seu choro tá me perturbando!

A garota mimada falou antes de ser empurrada dentro também de outra viatura. Bella sentou no banco de couro frio do carro, uma onda de arrepios percorreu seu corpo, talvez por está desnuda em plena madrugada ou simplesmente devido a terrível situação em que estava com as amigas. Balançou a cabeça violentamente de um lado para o outro como se quisesse apagar da memória as cenas daquela noite. Seu choro estava preso na garganta e só desejava chegar logo na delegacia para que seu pai a tirasse dessa, ela era a garotinha perfeita de seus pais ou pelo menos aparentava ser na frente deles, de forma alguma deixaria que a morte de Lana Park manchasse sua vida para sempre.

- Me diz que isso é só efeito das drogas e que eu não tô aqui, isso só é um puta sonho, me diz!

Vanessa falou logo que foi jogada no mesmo carro da amiga, sua mente dava giros e mais giros, tinha abusado demais das bebidas e das drogas durante a festa, mas aos poucos ia recobrando a sobriedade e quanto menos bêbada estava, mais assustada ficava devido às circunstâncias em que se encontrava.
Bella virou o rosto direção à amiga, mesmo em tal situação não deixou de notar o quanto a garota com bronzeado praiano (devido às horas gastas dando aulas de surf), olhos escuros e californianas no cabelo, era linda. Vanessa tinha um jeito liberto que Bella admirava, gostaria também de ter a ousadia da surfista e a simpatia que ela transmitia, era contagiante a forma leve em que ela levava a vida.

- Só se tivermos fumado a mesma maconha - a menina loirinha de piercing no nariz disse forçando um sorriso.

Assim, cada vez mais a realidade parecia bater na porta de Vanessa, a morena suspirou e encostou a cabeça no banco do motorista que ainda se encontrava vazio.

Eu tenho um segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora