...Dois anos atrás...
Estava mordendo minha bochecha por dentro, enquanto observava o doutor Hunnes escrever algo na prancheta sobre mim. Internamente torcia para que minhas respostas fossem convincentes o suficiente para que nunca mais tivesse que voltar aqui.
- Então Roberta, como se sente hoje? - o psiquiatra perguntou ao me olhar.
- Me sinto bem - isso não era mentira.
- Tem deixado os pensamentos suicidas? - perguntou olhando com desconfiança.
- Sim! - isso era mentira.
Olhou fundo em meus olhos como se pudesse me ler por dentro. Sempre senti um certo incômodo quando ele fazia isso.
- Não tem pensado mais de jeito nenhum em se matar?
A verdade é que eu ainda pensava nisso todos os dias, mas não com a mesma frequência de antes.
- Não, doutor, não tenho pensado em me matar.
- Não está me dizendo isso apenas para eu suspender as consultas, não é ?
Sim!
- Não! É claro que não. Eu me sinto bem, eu juro!
Falei de maneira firme e ele me encarou inexpressivo, antes de continuar.
- E as vozes? Deixou de ouvir?
À noite quando ia dormir, ainda podia ouvir o choro da minha irmã, ainda podia ouvir o som do meu dedo apertando o gatilho.
- Não ouço mais nada.
Fez-se uma pausa antes dele responder.
- Tudo bem, irei suspender alguns medicamentos e acrescentar outros. Mas você ainda virá aqui ao menos uma vez no mês, estamos entendidos?
- Sim!
Eu quis gritar por entre os corredores do Instituto psiquiátrico, de certa forma me senti livre pela primeira vez.
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03h42
- Quanto tempo mais vai nos prender aqui se não somos culpadas?
Roberta perguntou para o delegado que tinha os olhos fitos nos depoimentos dos outros jovens.
- Quem me garante que não são? - ele retrucou.
- Eu garanto, até porque se fosse matar alguém não deixaria vestígios, muito menos seria pega no local do assassinato. Iria calcular, arquitetar, planejar e não fazer algo de amador assim.
O delegado arregalou um pouco os olhos com a audácia da jovem e depois abriu um sorriso contido.
- Talvez você não tenha matado mesmo, mas seria um ótimo cabeça para o tal crime. Quem sabe não seja você, não é? A idealizadora disso tudo.
- Sinto muito, delegado, se pensa que suas palavras me encurralam de alguma forma. Não é fácil me manipular, então me desculpe desaponta-lo, mas não vou admitir algo que não fiz. Nem eu nem minhas amigas matamos Lana. Por isso, lhe aconselho a guardar essa sua manipulação psicológica fajuta, porque comigo não rola.
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Eu tenho um segredo
Ficção AdolescenteEra pra ser apenas mais uma noite de festa. Ninguém conhecia os desejos de vingança que haviam ali. Um crime. Quatro amigas. Uma culpada. Muitos segredos. Até que ponto vale a pena esconder a verdade? Com quantos segredos se constroem uma amizade? E...