cadê a janela?

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       Fechei a porta do apartamento e me arrastei até o sofá, tirei o tênis encharcado de chuva e olhei o relógio na parede eram nove e quinze da noite. E então me entreguei as lágrimas que segurei o dia todo.
      Meu dia tinha começado muito bem, não tive sonhos eróticos com o Sebastian, e o sol estava lindo, um dia claro, eu estava me sentindo muito bem, havia me arrumado  para o trabalho com um vestido amarelo clarinho com decote em v discreto e meu par de botas de salto caramelo, soltei meus cachos que estavam dando na cintura, pensei em marcar um salão e tirar umas pontinhas duplas.
      Sai de casa cedo, arrumei tudo no escritório para mais um dia de trabalho e então o telefone tocou, era do setor de RH da empresa.
       Desci os dois andares e entrei na recepção do setor. A sala estava cheia, e uma moça saiu chorando da sala da Elizabeth, responsável pelo setor.
     Ela me convidou a entrar e já foi soltando a bomba, que meu chefe tinha viajado as pressas para Alemanha no sábado a noite, pois a esposa teve um início de infarto. Ela explicou que ele não voltaria mais, e que por isso estava me demitido.
         Me entregou um cheque com o valor do mês e os papéis da rescisão, explicando que eu já tinha tirado minhas férias então aquele era o valor que eu teria que receber.
    Ainda me pediu para desocupar minha mesa até às dez da manhã, a nova secretária do novo presidente já tinha chegado e estava me aguardando para saber onde ficava tudo.
      Quando sai do prédio com a minha pequena caixa de coisas descobri que Nova York estava no dilúvio. O tempo tinha mudado e uma chuva intensa caia sobre mim . Tentei abri o pequeno guarda chuva e percebi que duas pernas estavam quebradas.
     Fui me molhando da empresa até em casa com aqueles saltos absurdos.
      Quando cheguei em casa não conseguia acreditar que tinha perdido o emprego. Tirei as botas e fui para o banheiro antes de tirar a roupa o telefone tocou.
     Era minha mãe. Não queria falar com ela, não tinha coragem de contar que tinha perdido o emprego. Mas o telefone não parou de tocar e achei melhor atender.
- oi mãe!
-Valery por favor vem pra cá. Tô no hospital com seu pai.
- Como assim mãe? Fala devagar mãe.
-Valery seu pai sofreu um acidente, ele está desacordado, o braço dele....Ai meu Deus!
     Minha mãe não conseguia falar direito só chorava, pedi a ela o nome do hospital. Enquanto minha mãe falava, corri até o quarto e calcei um tênis não trocando a roupa, peguei um casaco comprido que cobria o vestido manchado de chuva, e sai correndo do apartamento.
      Aquela hora  da manhã não conseguia nenhum táxi . Então corri até o metrô.
   Dentro do metrô procurei no celular a maneira mais rápida de chegar lá. Desci seis estações depois,  andei mais quinze minutos e vi a fachada do hospital, era um hospital particular.
   Liguei para minha mãe e ela veio até a portaria. Ela chorava muito,então disse que era melhor o médico explicar o estava acontecendo.
  Fiz meu cadastro na portaria e segui minha mãe até a sala que meu pai estava sendo atendido.
   Meu pai estava sedado devido a dor intensa, segundo o médico ele tinha que fazer uma cirurgia nas próximas horas para não ficar com sequelas irreversíveis no braço esquerdo.
    Meu pai estava recebendo os novos cavalos que tinha comprado, quando um deles tentou fugir,  meu pai não conseguiu soltar a mão do cabresto do animal e este saiu em disparada quase decepando o braço do meu pai. Que foi salvo graças ao novo administrador que teve a idéia de cortar a corda com um facão que estava próximo a cerca do curral.
  - Mas então doutor porque ainda não fizeram a cirurgia?
- Bem, para se realizar a cirurgia tem que ser feito um depósito inicial para às despesas do hospital . Além do valor da cirurgia tem também o valor com a internação do paciente.
  - Tudo bem,  qual é o valor de tudo?
   - Bem,  somando o valor da cirurgia e fazendo uma estimativa de que tudo corra bem seu pai deverá ficar internado até a sexta feira.
   -Doutor quanto é?
  - Algo em torno de vinte e oito mil dólares.
  Levei um susto tão grande. O médico percebeu meu espanto e disse.
   -Calma,  esse valor vocês podem pagar com cheques, mas tem que ser feito um depósito inicial de quinze mil.
- Qual o prazo que temos para conseguir esse dinheiro?
- Olha eu estarei aqui até às quatro da tarde . Agora são uma e quinze . Vou deixar vocês a sós.
    O médico disse e saiu do quarto, me aproximei do meu pai. Ele dormia profundamente.
   - Valery o que vamos fazer?
Minha mãe estava desolada, parecendo que o chão tinha saído dos seus pés.  
  - Mãe vocês tem esse dinheiro?
Perguntei mesmo já imaginando a resposta.
  -Não. Seu pai investiu tudo na compra dos cavalos e o pouco de dinheiro que temos é para pagar os funcionários.
  - O Marcus poderia emprestar o valor inicial. Vou ligar pra ele.
- Não adianta Val, ele investiu tudo no bufê. Meu Deus o que vamos fazer?
- Calma mãe eu vou dar um jeito.
- Talvez você consiga um empréstimo querida.
- Sim mãe, eu vou tentar.
    Me dirigi a porta, então minha mãe segurou em meu braço.
- Filha quando Deus fecha uma porta ele sempre abre uma janela. Pense com calma vamos achar a solução.
    Meu telefone tocou e eu saí do quarto, o que eu ia fazer?
  - Alô?
  - Valery?  É o Sebastian . Preciso falar com você. Podemos nos encontrar?
  - Quem?
  - Sebastian Smith.
  - O que você quer? Não melhor, nem fala, eu estou com um problema sério para resolver e não tenho nada pra falar com você.
   Ele tentou falar mais alguma coisa mas desliguei o celular na cara dele. Como ele tinha conseguido meu número?
     O celular voltou a tocar e vi que era ele de novo. Desliguei mais uma vez sem atender e fiz a ligação que poderia resolver a situação.
  - Ceci! Preciso da sua ajuda.
- Oi amiga! Adivinha onde eu tô?
-Ceci, perdi o emprego e meu pai precisa fazer uma cirurgia agora. Você tem vinte e oito mil dólares?        Falei assim de uma vez eu estava quase chegando ao desespero.
  - Nossa Val! Vinte e oito mil?  Calma, onde você tá?
- Tô no hospital particular, aquele perto do shopping. Você pode me emprestar o dinheiro?
- Val eu não tenho esse valor todo, mas vou ligar pro meu pai. Eu te retorno aí.
   A espera foi um suplício. Dez minutos depois ela me ligou dizendo que o pai estava em Chicago e ele não estava atendendo o celular. Mas que tinha um pessoa que podia me ajudar. Então me pediu para ir na porta do hospital a pessoa ia me preocupar.
  Eu estava tão atordoada, com fome, cansada que nem lembrei de perguntar quem eu devia esperar.
  Foi quando eu vi o carro do Sebastian parar na minha frente.
 

Namorada De Mentira(Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora