3. Doce Loucura

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POV HARLEEN

Ele me assustava.

Essa calma...

Essa frieza...

Ele matou alguém ontem!

Talvez ele estivesse arrependido e quisesse realmente se tratar.

Ele ainda me encarava.

Começo meu trabalho.

- Você matou um interno ontem, Coringa. Por que fez isso?

Ele parece entediado com a pergunta.

- Ele era um cara legal... - o  rosto dele gira pela sala inteira até parar em mim novamente. - mas ele gostava... de me... encher!

- Te ... encher?

- Exatamente. Ah, de alguma forma, ele descobriu o meu antigo nome de merda e ficou usando ele pra se referir a mim.

- Então...

- Então... eu mandei ele trepar com Satã no inferno! - a voz sinistra dele era desprovida de qualquer dor ou arrependimento.

- Por que não gosta que te chamem pelo seu nome antigo , Coringa?

- Porque é um nome nojento que o meu pai escolheu. E sempre que eu ouço esse nome, eu tenho vontade de vomitar até morrer. E, além disso, me faz lembrar a minha mãe.

Mãe.

Um bom ponto para tratarmos.

Sua infância.

- Sua mãe...

- Ela era uma prostituta nojenta que trepava com todos do circo. O público, os palhaços, até a porra dos animais. - Nossa.

- E onde ela está?

- Ela morreu. Eu a matei.

Meu Deus, isso vai ser muito mais difícil do que eu pensava.

Pego 3 imagens aleatórias. Mostro a primeira a ele.

- O que essa imagem faz você lembrar?

Ele demora pra responder.

- O gato que eu tinha aos 6 anos...

- Bom. E essa? - Eu mostro outra.

- Uma mancha de sangue em um muro... - Continuo...

- E essa? - Ele demora e depois olha pra mim.

- Seus seios pulando pra fora dessa blusa.

Deus.

Ele começa a rir, mas o guarda bate com o cacetete na cara dele.

- Não. Não precisa disso. - falo.

Ele cospe sangue na camisa de força.

- Ah, que pena... - ele olha pra mim de novo. - Vai manchar... Isso não sai com facilidade. - ele ri de novo, os dentes sujos de sangue.

Engulo em seco.

- Coringa, por que está aqui? - Ele olha pra mim, triste. E eu sinto pena dele...

- Eu não sei...

- Você não sabe? - Eu não devia me envolver, mas era impossível. Parecia que ele tinha um imã que me atraía.

- Não... - ele começa a chorar, silenciosamente. - Doutora, me tira daqui, por favor. Eu quero sair daqui...

- Eu...

- Por favor, eu não aguento mais esse lugar. Me tira daqui.

- Eu vou.

O acesso de choro dele cessa na hora. Ele prestava total atenção em mim.

- Eu vou te tirar daqui, Coringa. Eu prometo.

Ele me olha, com atenção.

- Mas você tem que querer ser tratado. Se você quiser o tratamento, você vai melhorar, eu juro. E aí, você vai sair daqui, curado, e livre.

Silêncio.

- Doutora... Vai me tirar daqui?

- Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance pra você melhorar, Coringa. Eu prometo.

Seus olhos indecifráveis continuam em mim. Seu rosto deixa de ser triste, e volta a ficar vazio.

- Eu não vou matar você.

Congelo.

Isso era bom, não era?

Um progresso.

- O tempo acabou ! - o guarda levanta o Coringa e o arrasta pra fora da sala.

Fico lá, sozinha.

Pensando.

O que o Coringa tinha?

Transtorno de Personalidade Múltipla.

Depressão.

Tendências suicidas.

Ele era um completo psicopata.

Ele matou pessoas.

Era um assassino.

Então, por que eu estava tão interessada nele?


(Gostando da fic?)

O Meu Coringa!Onde histórias criam vida. Descubra agora