O fim.

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" Murilo Leite,

um irmão para a vida inteira.

1989 - 2011"

Júlia leu a lápide com calmaria. Nem parecia que tinha passado o dia inteiro no tribunal tentando a todo custo convencer os jurados e o juiz do perigo que Pedrão da Vila Velha apresentava a sociedade. Nem parecia que estava de frente para a lápide do cara que a fez conhecer Rafael. Queria poder culpar Murilo por tudo o que passou, mas não o fez.

Seus joelhos fraquejaram e a meia-calça branca sujou-se de lama assim como sua saia negra, mas a promotora não se importou. As imagens da primeira vez que soube de Rafael surgiam como um lampejo forte, um lampejo forte de mais para ela não se lembrar...

- O meu irmão, amiga, o meu irmão... - Sabrina dizia, as palavras se perdendo em meio ao choro. 

- O que houve, Sabrina? O que aconteceu com seu irmão? - Júlia perguntou chocalhando a outra. Essa só chorou ainda mais. 

Júlia largou a garota e olhou para o mural de fotos do quarto de Sabrina. Os olhos vermelhos de uma das fotos de Murilo com Sabrina a chamou atenção, principalmente as pupilas dilatadas. Júlia girou o corpo de volta para Sabrina e ali entendeu. 

Drogas. Murilo tinha se metido com drogas.

- Sabrina, seu irmão está metido com drogas, não está? - Júlia perguntou para confirmar.

O choro de Sabrina foi a resposta. 

- Se você continuar chorando, eu não vou te ajudar. Então fala!

A amiga fungou e assentiu, procurando ar. Procurando palavras.

- O meu irmão está devendo uma grana para um traficante da faculdade, e... é muito, Júlia. Eu não tenho. Já tentei pegar um empréstimo, mas que banco empresta dinheiro para uma estudante falida? 

- Qual o nome desse traficante? 

- Rafael, Rafael Monteiro.

- Quanto seu irmão deve? 

- 10 mil.

- O que acontece com seu irmão caso não pague?

- Ele morre, Júlia.

Sabrina daí então só chorou, mas Júlia não. Júlia saiu daquele apartamento as pressas. Júlia saiu decidida a encontrar com Rafael Monteiro. Júlia o encontrou. 

- Ei, seu idiota, quem você pensa que é para ameaçar a vida dos outros? - Júlia gritou.

Sentia o olhar de todos sobre si, mas não se importou quando marchou para perto de Rafael e apontou o indicador em riste.

- Você está falando comigo, gatinha? 

- Claro, existe outro idiota por aqui? 

Ele riu e balançou a cabeça negativamente. 

Essa garota é louca. Foi seu pensamento. Louca e linda.