Prólogo

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Nova Inglaterra, ano 1000

          O barulho que vinha das ruas era ensurdecedor, pessoas gritavam sem parar e corriam para todos os lados. Olhei pela brecha da porta e notei que algumas casas estavam em chamas. Eles tinham voltado e estavam destruindo toda a aldeia, logo não restaria mais nada e todos estariam mortos. Os homens-lobos nos atormentavam desde que a primeira casa foi erguida nessa pequena aldeia. Olhei para mamãe assustado, ela corria de um lado para o outro pegando tudo oque precisávamos para fugir para o mais longe possível. Fugir para as colinas talvez fosse a melhor ideia no momento, pensei.

          Meus irmãos, Harvey, Vincent, Eleonor e Susana a ajudavam a pegar o máximo de coisas possíveis. Eu por outro lado fiquei apenas olhando para seus rostos assustados e com medo. Eu não sabia o que fazer e estava tão assustado quanto eles, por isso achei que o melhor a se fazer fosse ficar parado em frente a porta. Vigiando para que nenhum homem-lobo entrasse. Minha mãe costumava chamar essas criaturas de lobisomens.

_Precisamos ir embora agora - Falou mamãe com desespero.

_Mas o papai ainda não voltou - Susana, a segunda mais nova, falou com os olhos cheios de lágrimas.

_Eu sei querida, mas não sabemos nem se ele está vivo, não podemos ficar mais aqui.

_Nossa mãe tem razão, não podemos ficar aqui - Harvey, o mais velho, tentava acalmar nossa irmã.

          Saímos em direção à floresta sem olhar para trás, deixando nossa casa, amigos e também agora nossa vida serem destruídas pelos lobisomens. Tudo aquilo era terrível, casas pegando fogo e pessoas morrendo. Aquilo não poderia ser pior, era um verdadeiro pesadelo. Nos embrenhamos por dentro da floresta sem saber exatamente para onde estávamos indo, mas naquele momento qualquer coisa era melhor do que ficar na aldeia.

_E se o papai não estiver morto? - Susana insistia.

_Não temos mais como saber, querida - mamãe parou de andar por um minuto e respirou fundo - mas se ele estiver vivo vai ter que dar um jeito para sobreviver sozinho, não podemos voltar agora.

_Voltar seria assinar nossa sentença de morte - Vincent falou com a voz calma. Me perguntei se ele realmente estava calmo ou se era apenas um teatro, para manter nossas irmãs mais calmas. Susana em especial.

_Estou com medo - confessei. Abracei o meu próprio corpo e comecei a esfregar os braços em uma tentativa de me livrar do terrível frio que fazia.

_Todos estamos - disse Eleonor.

          Caminhamos por dentro da floresta por pelo menos uma hora até chegarmos em uma pequena e muito velha cabana de madeira. Mamãe abriu a porta do lugar e um rangido alto ecoou pelo lugar. Aquele lugar era realmente muito antigo e estava caindo aos pedaços. Entramos um seguido do outro, lá dentro o frio já não era tão grande. Mamãe colocou um embrulho que carregava consigo no chão e se ajoelhou para poder abri-lo.

_O que é isso, mãe? - perguntou Harvey.

_Um livro de feitiços - mamãe tirou do embrulho um livro antigo de capa vermelha e o abriu em das páginas.

_Um livro de que? - Vincent falou assustado - mãe, se alguém descobrir que você tem algo como isso você será morta na fogueira.

_Ninguém jamais saberá que eu tenho um desses - falou ela olhando seriamente para Vincent. Harvey a encarava preocupado assim como todos os outros. Carregar qualquer objeto mágico era extremamente proibido e aqueles que eram pegos com algo do tipo eram condenados com a morte.

          Eu não sabia o motivo de minha mãe está carregando um livro daqueles, a quanto tempo será que ela o tinha? Isso era tão estranho.

O Despertar : Lua Azul [EM HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora