05. Estranha

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Voltamos para o campus assim que terminamos nossa curta ida a cafeteria. Olívia era uma garota agradável para se ter companhia. O nosso passeio estava sendo bom, até a hora em que eu me lembrei da falecida Isabelle Molfese.

Talvez seja difícil acreditar que um vampiro possa amar alguém. Mas o que eu sentia por Isabelle era verdadeiro, e eu sabia que o que ela sentia por mim também era. Demorou quase cem anos para que eu pudesse perdoar Vincent por ser o responsável pela morte dela. Mas eu não tinha muito o que fazer, ele acima de tudo era meu irmão, eu precisava o perdoar, mesmo sabendo que as chances dele cometer mais inúmeros erros graves eram altas. Depois da morte de Isabelle eu nunca mais cheguei a me relacionar com alguém. Obviamente cheguei a ficar com algumas mulheres durante os anos que se passaram, mas nada que tivesse sido por mais de uma noite.

Eu me pergunto se Olívia também já amou ou ama alguém. Talvez sim, e será uma pena que quando ela morra as pessoas que a amam tenham que sofrer o que eu sofri a mais de cem anos atrás. Mas o que eu poderia fazer não é mesmo? Deixá-la viva? Essa opção até pode existir, mas não está em meus planos. Eu quero continuar nesse mundo por um bom tempo, mesmo que seja egoísmo da minha parte. Mas se alguém merece levar a culpa esse alguém é minha mãe. Se não fosse por ela talvez Olívia e todos os outros sangues azuis poderia viver por mais um longo tempo. Não só os sangues azuis escolhidos pela lua para herdarem minha imortalidade, mas também todos aqueles que eu e meus irmãos matamos para nos alimentar - ou em algumas vezes apenas para nos divertimos, como Vincent ama fazer.

_Você já fez muitos amigos aqui? - perguntou-me Olívia.

_Na verdade não, apenas você - Não que ela fosse minha amiga, apenas tenho que manter as aparências.

_Então eu preciso te apresentar os meus - Ela parecia empolgada com essa ideia.

Continuou:

_Medina e Finn são incríveis - Lembrei-me da garota negra, Medina - tem também a Rachel e o George.

_Seria uma honra conhecer todos eles. Medina eu já conheço, Finn é o garoto que conversava com vocês durante a aula? Ou aquele é George?

_Finn, aquele é o Finn. - Respondeu - Ele é do Novo México.

Finn era um rapaz muito alto e musculoso, sua pele era pálida e tinha cabelos loiros que caiam pelo rosto. Ele devia chamar a atenção de muitas garotas. Me perguntei se ele também tinha a atenção de Olívia.

_Novo México? É um lugar legal.

_Ja visitou muitos lugares? - Olívia parecia curiosa.

Pensei um pouco para me lembrar dos dezenas de lugares onde já morei.

_Sim - dei uma pausa longa antes de listar todos os lugares - Brasil, Inglaterra, Irlanda, Canadá, e mais alguns outros.

_Uau, e tudo isso com apenas vinte anos? - Falou impressionada - Eu tenho quase dezoito e o mais longe que eu já estive dos Estados Unidos foi uma pequena viagem até o Canadá para visitar minha avó no Natal passado.

_Você ainda tem muito tempo para conhecer outros lugares - Se alguns meses quer dizer muito tempo, então lhe aconselho a largar a faculdade e aproveitar enquanto eu ainda permito que o ar entre em seus pulmões. Pensei

Dei um sorriso irônico quando esse pensamento veio e Olívia acabou percebendo.

_Algum problema? Por um minuto pareceu que estávamos falando sobre algo engraçado.

_Não é nada, me desculpe.

_Tudo bem! - Falou ela desconfiada.

À noite estava quase chegando e a chuva não cai mais, porém o frio ainda era muito forte. Muitos dos estudantes da Universidade nem saíram dos seus dormitórios durante a hora do jantar. Preferiram no máximo pedir uma pizza para comerem em suas camas enquanto assistiam à algum seriado na Netflix. Obviamente isso não eram todos, alguns aproveitaram o tempo livre para levar ficantes para a cama. Típico de adolescentes - não que eu não fizesse isso, é claro.

O Despertar : Lua Azul [EM HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora