A Garota Que Queimava Poemas.
CAPÍTULO 3
Relembrando: nove meses de namoro. Sonhando. No banco de tras.SONHANDO
- Vamos passar aqui dezenove e trinta. As declamações iniciarão às
vinte horas.
- E como você vai wesley?
- Jeans e polo. E você?
- A tarde eu decido.
- Vai deixar para última hora Sophia?
- Wesley, são onze horas da manhã. Temos tempo de sobra.
- Eu sei. Mas quero que tudo de certo.
- Mas você ficar ansioso e me apresando não vai resolver. E eu ficar escolhendo roupa agora muito menos.
- Eu sei. Mas...
- Nada de mas. Leia novamente o poema.
- Está bem. Você é tão fofa. Te amo muito, muito, muito.
- Eu também te amo. Você é o melhor namorado do mundo.
- Você é a melhor namorada do mundo.
- Eu sei.
- Se você cair vou te amparar/Se você deixar de sorrir vou para você cantar/Se você se perder vou te ajudar a se achar/Sairei todas às
noites para te encontrar.
- Está lindo. Este também estará na antologia. Os escolhidos serão anunciados hoje mesmo?
- Sim. Cinco vagas para 80 participantes ficarem ansiosos todos estes meses. Sophia?
- Sim?
- Fico feliz de você está lá ao meu lado. Sei que não está sendo fácil para você. Obrigado Sophia namorada.
- Não precisa agradecer Wesley namorado, apenas ganhe. E quando for poeta famoso não vá me trocar por uma artista plástica ou uma atriz.
- Pode ficar tranqüila. Falarei para elas que tenho uma namorada linda.Wesley foi embora vinte minutos depois. Belisquei um pouco de macarrão, arroz, purê e almôndegas, almôndegas de um jeito único feito por minha mãe. Não tive dores de cabeça neste dia. Liguei o rádio, ouvi Foo Fights. Adormeci. Eu sempre gostei de sonhar durante o sono diurno. Nesta tarde a temperatura estava agradável. Comecei sonhar. Eu era menina e E estava na casa de uma tia. Ouço alguém chamando o meu nome. É a voz de minha mãe. Eu acordo.
NOVE MESES DE NAMORO
- Sophia? Filha? Faltam dez minutos para às dezessete horas. Levanta e se arruma para não atrasar nada. Sophia?
- Acordei.
- Já escolheu a roupa? Quer que eu passe ela?
- Não mãe. Eu consigo. Aliás nem precisa. Eu já olhei ela ontem. Está pendurada e não vai precisar passar.
- Está bem. Vou deixar a porta encostada.
- Tudo bem.Existem certos momentos Damo-nos damos conta da possibilidade de conviver com as coisas básicas da vida. Uma blusinha e maquiagem por exemplo. Uma blusa rosa sem estampa. O cabelo escovado dez vezes. Um batom bem leve. Uma calça jeans.
É muito importante está noite para o Wesley, eu sei. E é importante para mim. Mas mesmo com a medicação as dores não param. Oscilam, aumentam. E às vezes sinto vontade de sumir. O médico disse que a depressão é um dos sintomas da dona Gia. Eu chamo assim minha fibromialgia de tão intima que estou com ela.
A mãe do Wesley era cliente do salão de minha mãe já por três anos. Ela começou a freqüentar no mesmo período que comecei ajudar no salão. Sei lá, me identifiquei com trabalhar com cabelo. Fiz um curso em uma escola de cabeleireiro, aprendi a mexer com química. Gosto do ambiente. No início todas tinha cuidado com o que diziam, como se eu precisasse ser protegida do mundo adulto. Mas logo como meu trabalho foi ganhando aceitação até minha mãe esquecia que eu era filha. Nos tornamos amigas.
Wesley acompanhou sua mãe poucas vezes. Então um dia ela quebrou o braço e não podia dirigir. Ele ficou de motorista para ela por um bom tempo. Ele ficou esperando ela no salão. Quieto não falou nada. Voltou uma segunda vez e uma terceira vez. Em todas estas ocasiões ele ficava lendo seus livros. E um dia dia quando o movimento do salão estava fraco:- Oi. Bom dia. A sua mãe está?
- Ela está sim. Vou chamar.
- Não precisa. Eu... Ela... Cortar o cabelo. Eu quero cortar o cabelo.
- Ela não corta cabelo masculino.
- Entendi. Então... Tchau.
- Mas se você quiser eu posso cortar.
- Eu quero sim.Resultado? Nove meses de namoro.
NO BANCO DE TRÁS
- Namorada?
- Pode entrar.
- Podemos ir?
- Sim. O que foi?
- Nada. É que você está linda. Vamo? O Edu está no carro.
- Vamos sim.Wesley estava com uma camisa polo branca, Jeans escuro e um tênis preto. Beijei seus lábios. Lábios carnudos e fortes como todos os lábios de outros jovens negros. Seu cabelo afro lindamente cortado.
- Tchau mãe.
- Tchau filha. Wesley boa sorte. Não cheguem muito tarde.
- Obrigado.
- Pode deixar mãe. Estarei em casa por volta da meia noite.Edu estava dentro do golzinho quadrado branco do outro lado da rua. Abrindo o portão ao lado para entrar com o carro estava Andreza ou Vanessa. Alta, cabelos cacheados, um vestido verde até os tornozelos desenhando um corpo com curvas.
- Boa noite Edu.
- Boa noite Sophia.
- Eu vou atrás com ela Edu.
- Pode ir com ele na frente Wesley. Assim sobra mais espaço pra mim.
- Certeza?
- Tenho. Edu, e a jacy?
- Ela já foi com as outras amigas. Já devem está lá. Eu fiquei esperando o bonitão do seu namorado. E você está melhor Sophia?
- Estou um pouco melhor sim. Mas não quero falar de doenças e remédios hoje. Eu quero aproveitar a noite e ouvir o nome do meu namorado entre os cinco selecionados. Ei Wesley leia um para nós, para aquecer.
- Certo. Esse eu fiz hoje. Amei você desde a primeira vez/Desde o primeiro instante eu te quis/Dos maiores medos/Meu maior é te perder/Não tenho vergonha de dizer/É com você que me sinto feliz/O sol tem ciúmes/A lua tem inveja/Do amor que tenho por ti.
- Amor. Esse ficou lindo. Não é Edu?
- Eu falei o mesmo para ele.
- Aí amor. Esse ficou tão lindo. Você poderia depois...Luiggi Steffan.
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A Garota Que Queimava Poemas.
Storie breviCedo ou tarde tomamos consciência da grande roda gigante da vida. Sophia Verônica descobriu o quão aleatória essa grande roda pode ser. Sophia verônica, A Garota Que Queimava Poemas.