Prólogo

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UM CHEIRO DESCONHECIDO pairava no ar e os animais procuravam abrigo na floresta para escaparem do mal presságio que chegou junto ao crepúsculo. A cidade estava inquieta, mas seu lamento era ignorado pelos ouvidos humanos que não eram aptos à entende-la; já os que ouviam, pouco podiam fazer para ajudá-la.

Haven Heights esteve doente nos últimos dez anos e ninguém sabia o real motivo; nem sequer conseguiam contornar a áurea cinzenta que pairava no ar impedindo que o sol os abençoasse novamente. As plantas não cresciam como deveria e os animais morriam doentes, dificultando a caça e a pesca que um dia foram essenciais para o sustento da cidade.

Fazia dez anos que ele pedia para que o dia seguinte fosse melhor. Até que um mês antes, o sol brilhou em um céu azul.

Dilan Hill voltava para seu barco em uma hora que todos já estavam recolhidos em suas casas. Passou a tarde ajudando a Sra. Flowers a carregar algumas caixas no porão e terminaram o dia tomando chá com biscoitos. Incomodado, precisou comentar sobre a estranheza do clima por saber que ela seria a única que entenderia; mas ela apenas desconversou e ofereceu mais chá.

Chegou ao porto tão absorto em seus pensamentos que quase deixou a presença estranha passar despercebida; a vibração inquietante e o cheiro de animal no cio faziam o ar zumbir. Continuou andando, com os sentidos apurados, até ver uma silhueta contemplando o mar agitado.

― Uma tempestade vem aí ― O estranho anunciou.

De fato, uma massa de nuvens pesadas se formava no céu escuro, girando lentamente como um redemoinho no vento frio, mas algo dizia que não era sobre aquilo que ele se referia. Dilan concordou com um aceno da cabeça, fazendo um movimento com o pescoço para estalar e se livrar dos pelos arrepiados em sua nuca, causados pela aura ameaçadora ao seu lado.

― O que faz aqui?

― Acabei de chegar à cidade. ― Ele virou a cabeça na direção de Dilan e o encarou com os olhos verdes penetrantes, suas mãos escondidas nos bolsos.

― Seja bem-vindo, forasteiro. ― O tom de Dilan era arisco e as sobrancelhas grossas estavam unidas.

― Não precisa se preocupar, estou de passagem. ― A brisa assanhou os cabelos do pescador, fazendo o loiro franzir o nariz e as pupilas se dilataram de uma forma agressiva.

A chave virou e a atmosfera pesou.

A vibração que os cercava se tornou uma pulsação feroz que ecoava no crânio de Dilan e o ar era tão denso que parecia se recusar a entrar em seus pulmões corretamente. O corpo estava tenso, em sinal de alerta, e ele sentiu que nunca mais conseguiria relaxar enquanto o estranho permanecesse nas redondezas.

― Saia da cidade, por favor ― Dilan pediu educadamente, mas sabendo que não seria o suficiente. ― Não queremos confusão.

― Eu também não quero. ― O forasteiro riu em deboche, uniu a palma das mãos e se curvou levemente na direção do homem. ― Se não meter o focinho no meu caminho, todos vamos sair ganhando.

― Vá embora, por favor.

― Melhor colocar alho na porta, amigo.

― Melhor colocar alho na porta, amigo

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𝑳𝒖𝒂 𝒅𝒆 𝑺𝒂𝒏𝒈𝒖𝒆【Saga Anoitecer】Onde histórias criam vida. Descubra agora