Anjo?

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Ele estava na minha frente. Caído no chão. Com aquele braço que parecia brilhar secretamente, banhado por seu sangue avermelhado. Seu corpo acanhado e seus cabelos - que eram cachos perfeitos - sujo, com o pó preto que aquela calçada soltava.

Mas de alguma maneira absurda, era o menos imprescionante.

Em suas costas lá estavam eles, reluzentes, apesar de faltar alguns pedaços. Assas perfeitas, saindo de suas costas

Seu rosto numa calmaria esplêndida, que parecia imune só mundo

Estiquei meu braço para toca-lo. Ele deu um gemido, me fazendo recuar. Me aproximei novamente vendo seus olhos piscarem. Arregalei os olhos amedrontada, ameaçando me afastar

- não - sua voz arranhada me pediu, e sua mão agarrou meu braço, me sujando com seu sangue - por favor me ajude!

Apesar de estar confusa, algo dentro de mim, me fez assentir

Sem mais nenhuma palavra, me agachei colocando seu braço envolta do seu ombro, o ajudando a levantar

Ele mancou ao meu lado, enquanto caminhávamos sobe o luar da madrugada da terça feira
- para onde você... - tossiu - onde você... Está me levando?

Parei um segundo para respirar, virando meu rosto para olhar-lo. Encarei seus olhos verdes esmeraldas, e seus cabelos cor mel. Até que reparei finalmente onde estava o levando

- para minha casa. Ou melhor para o meu porão - respirei fundo - só espero que meus pais, nem minha irmãzinha te escute

Andando mais pouco, e minha mão tocou suas costas, encontrando uma pena lá. Parei de supetão encarando seu rosto surpreso

- quem... - engoli em seco - o que é você?

Sua cabeça se abaixou, e se levantou negando com um singelo sorriso no rosto

- vamos - ele se encaminhou andando para frente. O parei

- me responde - pedi o encarando novamente

Sua cabeça negou novamente e colocou a mão gentilmente no meu ombro

- você não acreditaria. Na verdade, nem eu mesmo sei se posso... Bom, não sei se confio numa memória tão vaga como a minha - declarou vagamente

- se... - comecei incerta de minhas palavras seguintes - se não me falar... - respirei fundo - eu.. Eu... Não, não vou poder te ajudar. Pois não posso levar para minha casa um pessoa... Ou seja lá o que você for - me corrigi olhando suas "assas" - para minha casa

- eu... Eu sou... Quero dizer... Eu acho que sou... Um... Um anjo

Dei um passo inconsciente para trás, me forçando a falar

- isso me parece um pouco irreal, pra você não?

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