Peter (Piter) era apenas mais um cara comum. Um mero indivíduo no meio de tantos outros. Tinha a pele morena e olhos negros como a noite, cabelos crespos e bem cortados, era alto e suas feições se parecia muito com as do seu seu pai.
Sua infância foi resumida em vídeo games e desenhos na TV, pois no pequeno apartamento em que vivia não havia muitas outras crianças nos arredores para que ele pudesse brincar junto.
Mesmo com tão pouca idade, Peter já despertaria um grande amor por literatura, hábito que começou com os velhos gibis e HQ's que seu pai tinha guardado em seu velho baú de lembranças, achado por acaso por sua mãe em um dia de faxina qualquer. E a partir dali, esse hábito era reforçado em todos os domingos pela manhã, onde Peter costumava ler uma charge que sempre vinha na última folha de jornal que seu pai recebia semanalmente. Tratava-se de uma charge sobre as aventuras de "Hagar, o horrível", um bárbaro medieval que por aparência se mostrava tão temeroso quanto seu nome, mas na verdade, ele continha um jeito dócil e gentil, com certo acovardamento às vezes, mas ainda assim, era um bruto por natureza; e Peter adorava o jeito com que via aquele bruto chorar feito criança ao entrar uma pequena farpa em seu dedo, desconstruindo qualquer estereótipo que sua aparência lhe causasse. Aquelas pequenas charges, por mais simples que eram, o fazia refletir sobre as pessoas como um todo, que elas poderiam ser algo bem maior do que aquilo o que ele via. Mesmo jovem, ele já trazia consigo pensamentos avoados sobre o mundo ao seu redor.
Contudo, aos poucos foi-se transformando em um leitor dedicado, e os gibis e HQ's logo foram substituídos por livros e contos. O tornando em um grande pensador, mesmo com pouca idade.Solitário em muitos momentos, aos seus 14 anos de idade já se mostrava ser um garoto bem mais maduro do que deveria ser, e talvez por isso, sempre buscou fazer as coisas por si mesmo, pois a ausência de seus pais era constante no seu dia-a-dia e sua relação com eles também meio distante.
Seus pais sempre acharam à sua personalidade um tanto que evasiva, pois Peter, desde mais pequeno, nunca tivera dúvidas alguma para serem esclarecidas por eles. Sempre fugia daquelas conversas constrangedoras de pais para filho e também nunca comentava nada sobre o que fazia ou aprendia no seu dia-a-dia na escola. Seu pai também compartilhava um pouco dessa mesma personalidade evasiva, o que piorava ainda mais a situação. Já sua mãe, por sua vez, achava tudo aquilo um absurdo, pois queria ver seu filho brincando na rua como um garoto normal e não sozinho em casa trancado dentro do quarto. Então eram várias às vezes em que ela trazia filhos de suas amigas com a mesma idade de Peter, para que ele passasse a interagir mais com esses garotos. Porém, ele odiava dividir suas coisas, tão pouco era fã da ideia de ter estranhos em seu quarto, lugar que era idealizado como um refúgio para ele. Ou seja, uma tentativa falha de sua mãe em todas às vezes.No pequeno apartamento em que morava, que ficava bem no centro da cidade de São Paulo, sempre foi um lugar mais comercial do que residencial. Mas para os pais de Peter era um lugar ideal. Ainda mais para sua mãe que era dentista e seu consultório ficava dois ou três quarteirões dali, enquanto que seu pai era Policial Militar, e por esse mesmo motivo não passava muito tempo com sua família, esfriando ainda mais os laços que os envolviam.
Já em sua escola, Peter era um garoto comportado; eram poucas às vezes em que seu professor lhe chamou a atenção. Sua notas eram medianas por ele ser bem pouco esforçado; achava à escola pouco desafiadora para sua pessoa, então seu esforço para esse aprendizado era o mínimo necessário. Sempre se sentou no mesmo lugar durante os anos letivos que se seguiam, a segunda mesa da terceira fileira pertencia à ele e todos seus colegas de classe pareciam entender aquilo. Ninguém nunca sentava-se lá, nem mesmo nas raras vezes em que faltava.
Eram poucas às pessoas com quem ele conversava, era um ou outro ali, sendo que na maioria das vezes, conversas sobre jogos que ambos tinham em comum. Costumava passar muito tempo online em seu velho PlayStation ou computador, às vezes bem mais tempo do que deveria, e nesses casos sua mãe sempre o repreendia, pois dizia que esses jogos eletrônicos era prejudicial a sua saúde mental; ela era aquela típica mãe tradicional e supersticiosa.Por ser bem sozinho, por opção própria, Peter evitava aglomerações de pessoas à sua volta. E por isso, não costumava participar das atividades em grupo que seus professores passavam. Sempre os perguntava se podia fazer por conta própria, mas hora ou outra, era obrigado a se juntar com os demais alunos nas atividades. E eram nesses momentos em que ele procurava por Eloise, a única menina de sua classe com quem tinha uma certa afinidade, talvez por ser a única que o chamou para conversar. E, por mais que ele odiasse socializar com os demais, diferente de tudo, até que ele gostava de sua companhia. Sempre ria das bobagens que ela falava ou fazia, até se abria um pouco mais contando seus pensamentos e afins; Eloise é uma pessoa que ilumina o ambiente aonde chega, que transborda alegria por onde passa e é dona de um carisma que contagia qualquer um. Tinha a pele clara, mas com traços afros que herdaria de seu pai, cabelos negros e lisos até a cintura, olhos castanhos escuros e feições que seduzia qualquer um. Continha uma fala meiga e jeito simples, sempre estava sorrindo ou fazendo a pessoa ao seu lado sorrir. Ela era totalmente oposta a personalidade de Peter, mas os dois pareciam se dar bem juntos desde o primeiro dia em que se puseram à se conhecer.
Os dois estudaram juntos desde o jardim de infância, e talvez por serem pessoas com personalidades totalmente opostas, quase nunca se falavam ou até mesmo se olhavam. Foi assim até a sétima série, quando Eloise notou um livro debaixo da carteira de Peter, "O Pequeno Príncipe", livro que ela amava desde sua infância. Isso fez aguçar e muito à sua curiosidade, pois surgiu ali um grande interesse em saber mais sobre aquele misterioso garoto que sempre se sentou duas mesas à sua frente, mas que mal o conhecia. Tomou a decisão de querer conhecer mais a fundo esse tal garoto, e em uma ação totalmente inesperada, simplesmente puxou uma cadeira para si e colocou-a ao lado da de Peter, que de primeira impressão se assustou com tal atitude, mas depois de algumas trocas de palavras, acabaram se entendendo bem mais do poderiam se quer imaginar, e por fim, a relação entre eles começara a se abrangir desse momento em diante.
Com o passar do tempo, era de se esperar o aumento da proximidade dos dois, mas tudo isso dentro da classe, pois fora, Eloise vivia de grupos de amigos que à rodeava, enquanto que Peter preferia o anonimato. Um não conseguiria se encaixar no mundo do outro fora dali, mas aparentemente, isso não era problema algum para ambos os lados.Já beirando os 16 anos, nessa época, Peter tinha começado à deixar mais de lado a sua personalidade solitária e evasiva. Muito disso tem à ver com Eloise, que sempre incentivava-o à se desprender mais de seus maus hábitos e que passasse a conhecer mais a fundo as pessoas. Ela até mesmo tirava-o muitas vezes de seu cantos pela escola e o trazia até suas rodas de amigos, onde Peter até que socializava bem, mas ainda assim, carregava tamanha timidez com o mundo à sua volta.
Mesmo com tantos amigos que a rodeava, Eloise passou a procurar a companhia de Peter por mais vezes, e com o tempo, sua amizade com ele tomou proporções jamais imaginadas por ambos os lados. Ela sempre o tirava de seu casulo e apresentava coisas novas para aquele desajeitado sujeito, e ele sempre apresentava novas formas de ver o mundo ou ensinava algo para aquela doce menina. E como se já não bastasse o tempo juntos na escola, passavam o restante de seus dias trocando mensagens pelo celular, lugar onde Peter se sentia à vontade para contar mais sobre si. E por mais que Eloise adorava falar sobre ela mesma, sempre foi uma boa ouvinte de Peter em seus raros desabafos. E a cada dia que se seguia, ela se surpreendia por descobrir algo novo sobre aquele misterioso garoto, aumentando cada vez mais, os sentimentos que ambos os envolviam.
Assim termina o primeiro capítulo dessa história. Foi somente um pouco da apresentação dos personagens principais e como se conheceram. No qual era necessário para o entendimento dos fatos que virão à seguir. Por fim, cada capítulo será lançado semanalmente.
Aguardem...
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Ainda Penso em Você
Romance"Ainda Penso em Você" é uma história que prova que nem toda história traçada pelo destino, haverá um final feliz.