II - NASCE UM SENTIMENTO?!

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Era um dia chuvoso em pleno verão, o tempo cinza e o vento frio fez com que Peter fosse com total desânimo para o primeiro dia de aula do seu último ano letivo. Aborrecido pelo mal dia que estava tendo, se quer prestava atenção na aula ou ao menos se interessava pelo o que seu professor estava ali disposto a ensinar-lhe. Apoiou-se então a cabeça em cima dos seus braços sobre a mesa, colocou seu fone de ouvido discretamente e passou a ouvir suas músicas enquanto sua mente o levava para longe daquele lugar.
Estava quase que dormindo, quando a voz alta de seu professor o assustou, levantou a cabeça, esticou seus braços e se espreguiçou para que o sono não voltasse à incomodar. Começou a fitar tudo ao seu redor, quando reparou em Eloise, que dedicada, copiava a lição dada pelo professor e estava atenta nas palavras do mesmo.

Passou então a refletir sobre a sua última conversa com Eloise e no quanto ela vinha se aproximando cada vez mais em sua vida. Seu olhar tornou-se fixo sobre ela e seus pensamentos ainda mais intensos.
Por sua vez, Eloise percebeu que Peter a fitava descaradamente e decide fazer o mesmo. Seus olhos foram de encontro aos dele, que ainda continuava a olhá-la vorazmente. Ela então abriu um pequeno sorriso, um sorriso tímido e encantador; e ao perceber que foi notado, Peter rapidamente desvia seu olhar para o chão da sala, na tentativa de disfarce, mas logo após um tempo, já percebendo que Eloise havia voltado à focar sua atenção no professor, suspirou aliviado e voltou ao seu estado de desânimo total. Porém, o sorriso que Eloise acabara de lançar sobre ele, por mais inocente que pudesse parecer, ressoava em seus pensamentos por infinitas vezes. Ele queria de novo poder admirar aquela cena, mas o medo de ser pego atento à ela foste maior que seus impulsos, e no fim, decidiu apenas voltar e se deitar sobre a mesa.

O segundo sinal toca, chega a hora da troca dos professores, enquanto o resto da turma aproveita para colocar o assunto em dia com o colega ao lado, Peter apenas se espreguiça mais uma vez e volta para a mesma posição que antes estava. Ele cantarolava uma música bem baixinho quando sentiu dois toques em seu ombro direito, era Eloise que já ía se sentando ao seu lado. Peter retira os fones de ouvido, olha para Eloise que já começa perguntando-o:

— O que você tanto olhava em mim hoje? - Peter começa a suar frio, e com um tom de nervosismo responde:

— N-Nada não, eu só... Estava distraído mesmo.

Eloise percebe o nervosismo de Peter, sorri e diz de maneira debochada:

— Se distraiu com minha beleza, né? É, eu causo esse efeito nos homens. -Peter sorri mais calmo, e a responde também em tom de deboche:

— Olha só, de onde veio tanto ego, hein? Não olho mais também! - Os dois riram fortemente.

Passaram o restante do dia em conversas que pareciam não ter fim! Nem mesmo no intervalo do colégio os dois ousaram se separar. A conversa ainda permaneceu por mensagens após a aula; e foi assim a rotina dos dois pelos dias que se passavam.

Peter vivia uma vida negação, queria suprimir ou esconder quaisquer sentimentos que pudessem florescer em seu peito, pois odiava a ideia de se apegar tanto a alguém. Por outro lado, Eloise buscava a paz, estava cansada de tropeços em seu caminho e decidiu dar um tempo à relações que não a completava. Os dois viviam dilemas da vida adolescente, o que um negava o outro queria menos ainda. Era de se esperar que depois de tanto tempo de amizade, ambos desenvolvessem um certo carinho pelo outro, um carinho mais que especial e forte como jamais sentiram. Mas, ainda pairava um pequeno receio dentro de seus pensamentos, e o medo de perder a amizade vinha à tona com toda intensidade, os impedindo de dar qualquer passo em falso. E por fim, "apenas bons amigos" era o melhor para os dois, assim pensavam...

Em uma das muitas madrugadas que Peter passava acordado, ele escrevia poesias em seu caderno. Parecia estar em uma noite inspirada, pois escrevia uma atrás de outra, pegou seu violão que ainda aprendia a tocar, decidiu unir seus poemas com música, e com apenas algumas notas que sabia, fez uma pequena canção naquela noite. Foi dormir as poucas horas de sono que lhe restava ansioso pelo dia que já amanhecia. Seu entusiasmo era porque ele queria mostrar essa canção à Eloise, pois ela era uma completa amante de música, como a que Peter acabara de fazer.

Ainda Penso em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora