O dia começava a entardecer. Peter e Eloise subiam as escadas do prédio em um total silêncio desconfortante. O clima tenso e a troca de olhares tímidos reinava em absoluto naquele momento. Peter então parou por alguns segundos em frente à uma porta. Respirou fundo e disse de maneira bem suave:— É... Chegamos!
Eloise abre um sorriso largo no rosto e o pergunta em tom sarcástico:
— Achei que sua casa fosse uma caverna escura por você ter tanto medo das pessoas, tem certeza que é o lugar certo? - Peter esboça um pequeno sorriso enquanto já destrancava a porta.
— Gostei daqui, parece ser bem calmo e sereno. Olha esta vista! Dá pra ver quase o bairro todo daqui! E esse sofá, nossa que luxo cara. E pra quê uma TV deste tamanho?! - Eloise se mostrava empolgada com tudo o que via.
Peter a pediu para que ela o seguisse até seu quarto, onde estava as suas coisas e também a letra da música que ela queria tanto ouvir. Abriu a porta, tirou os sapatos rapidamente e se jogou em cima da cama como sempre faz ao chegar em casa. Eloise passou a reparar em vários livros e brinquedos em cima das estantes, fez questão em tocar em um por um, enquanto que Peter, folheava seu caderno de escritas que já se encontrava em cima da cama junto com seu violão. Eloise olhava alguns livros empilhados no gabinete ao lado da cama, quando que, repara que um deles era o seu preferido "O pequeno Príncipe" e quase que gritando de euforia, diz:
— Aaah!... Eu amo esse livro, sabia?
— Eu sei, foi por isso que eu o comprei. - Responde Peter que, se concentrava apenas na afinação do violão.
— O quê?! Como você sabe disso? - Eloise parecia confusa.
Peter parou o que estava fazendo, olhou bem nos olhos de Eloise e foi se explicando:
— Você lembra na terceira série, na aula de português da professora Vilma? Lembro que ela passou uma tarefa de levar um livro que já tínhamos lido para escola, e apresentar ele para o resto da turma. Bem, foi esse aí que você levou, e até hoje eu não esqueço o brilho que você tinha nos olhos enquanto falava sobre ele. Então foi por esse motivo que eu o comprei, pra ver o que ele tinha de tão especial. - Eloise se mostrou surpresa com o que acabara de ouvir. Olhou para Peter com tamanho espanto já perguntando-o:
— Por que você nunca me contou isso? E por que você comprou sendo que nem me conhecia direito naquela época? Se eu me lembro bem, foi eu quem colocou o apelido de Piter Pan em você quando tínhamos essa idade.
— Aaah!... Então foi você?! Esse apelido me persegue até hoje, sabia? - Respondeu Peter rindo muito da declaração que acabara de ouvir.
— E o que você achou do livro? -Pergunta Eloise.
— Eu gostei até. Meio complicado de entender o que os personagens diziam, mas gostei da forma com que eles admiravam as pequenas coisas. Aprendi muito com esse livro.
Eloise abraçou o livro com tamanho carinho, olhou entre os olhos de Peter e passa a explicar o porquê deste livro ser especial para ela:
— Eu tinha só 6 anos quando minha irmã me deu esse livro. Pouco depois ela faleceu vítima de um atropelamento por um motorista bêbado. Meu pai até hoje se culpa por ter soltado a mão dela naquele dia, e não que seja culpa dele, mas ela só tinha 8 anos e era curiosa com o mundo, gostava de explorar e mexer em tudo o que via. Então quando viu um cachorro no meio da rua, ela correu até ele para abraça-lo e... Bem, você já deve imaginar o que vem depois. Ela morreu no hospital três dias depois do acidente. Mesmo retomando a memória e acordando do coma, não conseguiu ser forte o suficiente para suportar os ferimentos.
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Ainda Penso em Você
Romance"Ainda Penso em Você" é uma história que prova que nem toda história traçada pelo destino, haverá um final feliz.