survival.

510 34 17
                                    

13 de dezembro.

A humanidade está em extinção. A civilização praticamente não existe. Não há internet e todas as redes de comunicação estão desligadas. Não há mais casa, tampouco escritórios. Não há quase ninguém vivo para conversar. Não há quase nada que possa lembrar que um dia a humanidade já existiu, a não ser pequenos grupos isolados de pessoas assustadas e quase sem recursos para manterem-se vivas. O Apocalipse já começou.

Agora só há um objetivo: SOBREVIVER.

A modelo de estatura mediana, cabelos longos, olhos castanhos e traços coreanos estava há horas sentada praticamente imóvel sobre a pedra que era aquecida pelos raios solares que saiam devagar enquanto ela observava o nascer do sol.

A mulher olhou para cima e foi testemunha de um cenário incomum naquele lugar. Ela viu passar pelo buraco coberto de folhas acima de sua cabeça um enorme helicóptero Huey pintado de verde musgo e uma estranha rede de carga, cheia de barris e garrafões, a maioria já vazia, pendurada em sua barriga. Se ela tivesse olhado com mais atenção, talvez visse o piloto, um sujeito pequeno, quarentão, que dirigia o aparelho com uma expressão derrotada; e os passageiros, duas mulheres de idades díspares e um homem com a barba de poucos dias.

Chaeyoung olhou para frente e observou uma figura magra e exausta da mulher que um dia fora totalmente saudável e feliz, acariciando lentamente um enorme gato de pelagem branca, que dormia calmamente em seu colo, enquanto sua dona observava com ar ausente a paisagem quase acabada do lugar que se abria diante de seus olhos, sua mente muito, muito longe dali.

Lisa, de uns 30 anos, era um pouco mais alta do que ela, tinha olhos largos e feições angulosas; sua expressão denotava cansaço profundo. Se alguém lhe perguntasse sobre sua história naquele momento, poderia ter contado que havia apenas dois anos que ela levava uma vida agitada como fotógrafa em uma pequena cidade do norte dos Estados Unidos.

Seu dia a dia, até que se desencadeasse o ataque zumbi, ou como alguns gostam de chamar, Apocalipse, e tudo fosse para o inferno, transcorria entre seu trabalho, sua família, seus amigos e o enorme buraco de dor que deixara a morte de sua ex esposa apenas três anos antes. Sua vida parecia ter entrado em uma espiral infinita de dor e rotina, mas, de repente, um dia, tudo mudou.

Tudo.

No início, foi apenas uma série de confusas notícias no jornal, o típico comentário ao qual não se presta a menor atenção. Algum grupo remoto de assaltantes tivera a brilhante ideia de invadir uma base do Exército com a intenção de conseguir armas químicas, reféns ou simplesmente armamento convencional para vender no mercado ilegal.

O que os assaltantes não sabiam era que aquela base tinha sido um centro de pesquisas biológicas, com alguns dos vírus mais perigosos do mundo dormindo calmamente dentro de seus tubos de vidro. Para ser justa, não é que fosse culpa dos assaltantes, pois aquela base era um resíduo meio esquecido e nem mesmo os serviços secretos Estadunidenses sabiam de sua existência.

Na verdade, de uma maneira ou de outra, o assalto foi um sucesso. Ou um fracasso absoluto e terrível, dependendo do ponto de vista. Porque, embora tenham conseguido tomar a base, também libertaram acidentalmente alguma coisa que nunca deveria ter sido criada. E por isso, menos de quarenta e oito horas depois do assalto, todos os guerrilheiros estavam mortos. Ou quase.

O mais grave foi que aquele pequeno ser, aquele vírus, já estava livre e, sem nada nem ninguém que o enfrentasse, espalhava-se como fogo na região. Naturalmente, no início, ninguém sabia nada disso. Na velha e confiante Europa, assim como na África e na Ásia, a vida seguia seu curso, tranquila e calmamente.

killing distance | chaelisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora