out of hell.

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Chaeyoung Point of View.

— Ben? Benjamin! Está me ouvindo? Maldito psicopata!

Xinguei baixinho. O amaldiçoado rádio do helicóptero estava quebrado de novo. Era a terceira vez que isso acontecia desde que havíamos decolado das proximidades do Texas. De repente, tive de me segurar com força no apoio lateral enquanto o helicóptero dava uma nova guinada ao cruzar um bolsão de ar quente. Ben, como eu o chamava, indiferente aos sacolejos, continuava pilotando alegremente a toda velocidade, enquanto cantarolava alegremente e de forma desafinada uma canção que martelava em meus ouvidos incansavelmente.

Apoiei Leo, o gato de Lisa, em sua cesta, observando com inveja aquela enorme bola de pêlo que, após se espreguiçar como só os felinos sabem fazer, tornou a dormir calmamente, indiferente ao terrível estrondo dos motores do helicóptero. Após cinco dias consecutivos de vôo, aquele som, mesmo filtrado pelos fones protetores, estava me deixando louca. Perguntei-me como, diabos, Leo fazia para suportar. Capacidade de adaptação dos gatos, imagino.

Voltei-me para dentro da cabine de passageiros. Jennie estava fortemente amarrada a uma das poltronas, rezando monotonamente baixinho. A garota, com seus enormes fones vermelhos na cabeça, oferecia uma imagem chocante. A expressão de angústia surgia cada vez que o helicóptero atravessava uma zona de turbulências. Estava claro que voar não era com ela, mas precisava reconhecer que aguentara toda a viagem heroicamente. Nem uma única queixa saiu de seus lábios naqueles cinco dias.

Na poltrona da frente, esticada voluptuosamente, estava Lisa. Usava shorts azul justos e camiseta manchada de graxa do rotor do helicóptero — ela insistiu em ajudar Benjamin a checar as hélices na última parada. Naquele momento, dormia profundamente e uma mecha de cabelo rebelde escorregava sobre seus olhos. Estiquei a mão e a afastei de seu rosto, procurando não acordá-la.

Suspirei. Eu tinha um problema com aquela mulher e não sabia como resolvê-lo. Ao longo daqueles cinco últimos dias, Lisa ficou permanentemente colada em mim... e eu a ela. Eu, de minha parte, não podia negar que me sentia profundamente atraída por aquela morena de pernas intermináveis, curvas voluptuosas e olhos expressivos, mas, ao mesmo tempo, tentava manter a cabeça fria.

Em primeiro lugar, não era momento nem lugar para iniciar um romance, e, por outro lado, e não menos importante, havia a diferença de idade. Ela era uma mulher de 30 anos e eu, uma jovem de 21. Eram quase dez anos de diferença.

Lisa se mexeu em sonhos enquanto murmurava algo incompreensível, despertando-me de meus pensamentos. Ela estava com uma expressão de prazer no rosto que me fez engolir em seco. Precisava de ar fresco.

Passando pelo estreito corredor que ligava a zona de carga e passageiros com a cabine, deixei-me cair no banco do copiloto, ao lado de Ben. O homem voltou-se e me dirigiu um luminoso sorriso, enquanto me passava uma garrafa térmica com café que carregava em um pequeno suporte às costas. Aceitei-a desanimada e dei um longo trago. Enormes lágrimas encheram meus olhos enquanto eu tossia incontrolavelmente, tentando respirar. Aquele café devia ter quase cinquenta por cento de vodca pura.

— Café com gotas. — Ben disse enquanto me arrancava a garrafa térmica das mãos e dava um prolongado gole sem pestanejar. Após tomar metade da garrafa de uma vez, deu um soco no próprio peito e arrotou estrondosamente. Fiz uma careta por ter presenciado tal ato e ele balançou a cabeça negativamente.  — Muito melhor para pilotar. — A seguir, passou-me de novo a garrafa, que peguei mecanicamente. — Sim! Muito, muito melhor. — Estalou a língua satisfeito e me ofereceu outro de seus maravilhosos sorrisos. — Em nossa velha Nova Zelândia toda minha esquadrilha tomava vodca pura. Mas lá fazia mais frio. — concluiu com uma gargalhada.

killing distance | chaelisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora